…nós sabíamos que não conseguias ficar sogadito.

O jogo mais aguardado de Hideo Kojima é o seu Project OGRE. Um open-world que supostamente aborda temáticas tabu, desenvolvido no recente FOX engine. Temas complexos, abordagens filosóficas, referências culturais, humor e situações bizarras, são elementos que não nos surpreendem quando jogamos os jogos deste senhor. Um dia receamos que Metal Gear Solid 4 fosse o fim da saga, ou da participação de Kojima. Mas nesta industria tudo muda, e de repente ganhámos um regresso de Raiden com Raising, que teima em sair da toca, com mais ou menos input do seu criador original. De repente temos indicações de que Metal Gear Solid 5 é uma realidade. E de repente olhamos para o FOX engine em toda a sua glória, a correr Metal Gear Solid: Ground Zeroes.

Foi assim que começou para muitos de nós.

Tenham calma, por favor, eu sou um homem doente e não me posso enervar. Pelos vistos Metal Gear vai continuar a proliferar novas iterações durante os próximos anos. Aquilo que nos reconforta? Hideo Kojima está aos comandos do desenvolvimento, e isso foi-nos assegurado à poucos dias na PAX 2012, durante a revelação de Ground Zeroes.

Tenho muitas reservas relativamente à continuidade de Metal Gear, tenho medo que as coisas não resultem, tenho especialmente medo de ficar desapontado. Tudo isto porque é um dos jogos que marcaram o meu desenvolvimento enquanto jogador. Jogar Metal Gear Solid pela primeira vez foi um momento indescritível, e acredito que a maior parte de vós tenha sentido o mesmo. A forma como a jogabilidade casava com a narrativa, com a cinematografia. A emergência do jogo sobre quem o jogava, a utilização da ferramenta que era o hardware como meio de interagir com o jogador, na forma como o jogo nos fazia sentir investidos sobre ele. O cruzamento do personagem de Snake connosco mesmos, os graus de liberdade que o jogo nos mostrou serem possíveis numa experiência de entretenimento electrónico. A quantidade de ideias, plenamente executadas, às vezes avassaladoras em termos de jogabilidade (como o pesadíssimo interface de itens), mas que ainda assim davam espaço suficiente ao jogador para escolher e controlar a experiência.

Gostas não gostas?

Metal Gear foi sendo refinado em termos de jogabilidade, com mais opções, mais flexibilidade, mais ideias (e ideais) e para o bem ou para o mal, mais cutscenes. Sons of Liberty foi a sequela com mais impacto, Snake Eater inovou com a sua edição Subsistence, ao alterar o ângulo de câmara de modo a oferecer um maior controlo sobre o jogo e Guns of the Patriots empacotou tudo a que os fãs tinham direito, num embrulho de laçarote vermelho, gráficos de alta definição e bigode cinzento.

E agora correndo o risco de ser excomungado, vou confessar que Metal Gear Solid 4 foi o jogo da saga que menos me cativou . É em tudo mais do que os outros, mas parece que se optou pela quantidade em lugar da qualidade. Não que não seja um jogo tecnicamente brilhante, nada disso. Mas não fez nada de significativamente diferente em relação aos antecessores, tinha menos espionagem e mais acção, com cutscenes ainda mais longas e com uma história que se aproximou perigosamente de uma novela sul americana. Ao jogar senti que existia um esforço para fazer serviço aos fãs, coisa que em MGS2 foi exactamente o contrário (Olá Raiden!).

OctoCamo?

E mesmo com os receios de que Metal Gear esteja a ser desenvolvido por encomenda da Konami, a verdade é que a capacidade de Kojima nos fazer cair o queixo é intemporal. Não gostei de ver Snake a andar de jipe, nem a chamar um helicóptero, onde está a minha Tactical Espionage Action? Mas arrepiei-me dos pés à cabeça com o FOX Engine, adorei a referência ao filme Apocalypse Now com a Cavalgada das Valquírias a “bombar” no rádio (espionagem?). Ainda com poucas certezas, é provável que o jogo se passe após Peace Walker, e a personagem dá ares a Big Boss. O jogo terá um componente de open-world, que o jogador poderá explorar com o auxilio de veículos. Esperemos que por open-world se entenda secções de jogo que o jogador pode percorrer livremente, e não apenas mapas grandes.

Tenho medo do que possa sair de Ground Zeroes, mas sei que assim que me apanhe com ele nas mãos, não o vou largar até terminar. Nem que seja para depois me queixar, feito velho rezingão.

Now with more Kojima.

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Venham a continuação do trailer com secção jogável no gametrailers.