Queridos humanos patéticos.

Não é gíria futebolística. Estes lagartos vieram do espaço cheios de vontade de confraternizar com a população terrestre e de partilhar os seus segredos do universo. Com uma sonda anal. No seu comunicado à imprensa humana, o imperador Gorg não fez menção a este tipo de sondas, mas eu desconfio das intenções de todas as criaturas que conseguem atar os atacadores e olhar para as nuvens ao mesmo tempo. A minha mãe educou-me assim, chamem-me antiquado. Eu sabia que não devia de ter jogado à bola com aquele camaleão em ’85, enquanto passava férias no Algarve com os meus pais.

Estamos nos anos 50 (acho eu, pelo menos o mundo ainda é a preto e branco) e a raça alienígena decidiu atacar as nossas estações espaciais. Pior que tudo, a Miss Sistema Solar, garota mais cobiçada da via láctea, foi raptada por Gorg e o seu exercito de repteis marotos. Apenas nós e o nosso rato poderemos fazer face a esta ameaça, com o auxilio de satélites que devem ser colocados em órbita das estações.

Existem vários tipos de aparelhagem espacial que podemos colocar na área de jogo, destacando-se o gerador de energia, que produz créditos necessários a todas as operações que fazemos ao longo do jogo; a estação científica, através da qual fazemos upgrades a todas as nossas unidades; ou uma quantidade imensa de satélites de defesa com os quais atacamos as forças invasoras de Gorg, na esperança de impedir o seu avanço implacável. Unstoppable Gorg destaca-se pela capacidade que temos de em tempo real, reposicionar as nossas unidades rodando a órbita onde se encontram. Quatro dificuldades de jogo, uma enciclopédia de elementos desbloqueáveis, Story, Challenge e Arcade modes garantem muitas horas de vício aos aficionados ou curiosos.

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Ou como fazer uma galinha gostar de Tower Defense.

A história é um lugar comum há longas décadas, a estética é do mais Série B que possam imaginar e ainda assim a apresentação é o ponto forte de Unstoppable Gorg, e a razão pela qual este tower defense me fez olhar para ele com outros olhos. É um tipo de jogo que pouco me seduz, talvez por actualmente existirem pelo menos 5 biliões de jogos do género. Posso-vos dizer que a primeira vez que meti os olhos na caixa do jogo fiquei imediatamente atraído por ele. Assim tipo feixe de luz de tracção, daqueles que os Gorg usam para raptar pessoas ou fulminar vacas mediamente passadas.

Cada galinha por si!

Fico de beicinho por filmes de ficção científica de série B, a preto e branco, e Unstoppable Gorg é em tudo consistente com a temática. E talvez essa seja a sua principal força, a consistência. Um jogo pode ser medíocre, pouco original, demasiado fácil ou difícil, com 10 minutos ou 100 horas de jogo, mas se for consistente é bem provável que o produto final seja merecedor do nosso tempo. E Unstoppable Gorg apresenta-nos o seu pequeno twist à fórmula de um modo muito atractivo, de jogabilidade afinada, com humor e consistência.

Todo o jogo é uma homenagem perfeita ao estilo de filmes que usa como premissa, desde os menus com as naves Gorg penduradas por um cordel, até aos vídeos hilariantes que acompanham cada nível, e com música deliciosa. É um jogo simples mas desafiante, com uma atenção ao detalhe que faz toda a diferença.

Se tiverem curiosidade em relação a Unstoppable Gorg ou gostarem de tower defense, não deixem de dar uma olhadela ao jogo. Está disponível nos serviços de distribuição digital da praxe, a um preço de amigo.

O nosso amor pelo catálogo “especial” da Excalibur continua a crescer, com uma versão física de Unstoppable Gorg a juntar-se ao rol de pérolas, para eu descansar o meu volante das escalas que faço durante a noite pelo European Bus Simulator. E onde tento desesperadamente semear o caos pela cidade alemã conduzindo o meu autocarro. Mas isso é uma história para vos contar daqui a mais uns tempos.