Fala-se em Crise. Em casa, no café, nas escolas, nas paragens de autocarros, no local de trabalho e em todos os sítios que se possam lembrar. Falta de emprego, falta de salários justos e outros incomportáveis, falta de investimento e financiamento. Felizmente, o que ainda não falta são jogos a circular, ao contrário das notas no mercado interno, com cada vez mais prateleiras e expositores a exibirem usados e importados nas lojas de retalho e nas feiras, principalmente. Ainda se conseguem ver alguns sobreviventes a comprarem novidades e a encomendar próximos lançamentos com comentários solenes, mas o som de dedos a remexer na secção dos usados é o que mais me estimula o tímpano.
Taque, taque. Taque, taque.
Os semi-novos e ainda recentes não iludem pelo preço que ainda apresentam.
Taque, taque. Taque, taque.
O PES 2012 com o Ronaldo estampado na capa também não pára de aparecer. A causa é fácil de descrever: PES 2013.
O traquejo dos bons vendedores já não influenciam a compra do João, nem conseguem sobrepôr-se ao som do dedilhar nas caixas. Este veio buscar um jogo à Loja, mas não se comprometeu na reserva do que mais aguardava. O Fernando leva debaixo do braço três jogos da sua colecção para – com esperança – trocar por algum com o mesmo valor dos restantes. Mas o que vê nas estantes não lhe mantêm o mesmo sorriso com que saiu de casa. Pior ainda se trocou um dos que mais lhe conferiu muitas horas de divertimento por outro com falsa perspectiva de qualidade. A promoção endrominou o seu critério, possivelmente.
Procura-se novamente. Taque, taque. Tentemos noutra secção. Taque, taque. Nada!
Espera-se pelo dia de feira, onde se encontram bons negócios por alguns feirantes. Contudo, outros tentam aproveitar-se de quem tenha pouco bom dedilhar e não se dê ao trabalho de comparar preços praticáveis. O Fernando vai com mais esperança, porque tem alguma experiência na compra e venda de jogos usados.
– Existe aquele Senhor que me oferece um preço razoável, diz.
Encontra alguns de interesse e o preço pode ser às vezes aliciante com a troca. Também encontram-se alguns que nunca se conseguiu jogar mas, ainda que simpáticos, não justificou o investimento em comparação com outros de maior interesse. É também um bom local para conseguir aqueles jogos que não baixam facilmente de preço nas lojas, mesmo que sejam maus. A um preço sempre mais baixo, novos, usados e alguns importados. Além disso, dá para debater o preço, sem ouvir dizer que não podem baixar o preço porque está tudo informatizado. Mas quanto à prática de preços em Portugal, será tema para outra instância.
Existem algumas opções e que podem ajudar muito nesta fase de crise financeira. Uma fase de estruturação desestruturada. Podem vender, trocar, oferecer e ainda podem dar ao cão para roer. Ao vender ou trocar, estão a contribuir com algumas questões importantes: Estimulam a economia (seja esta paralela) e a cultura; estimulam a motivação para a compra de jogos; Estimulam a competitividade no mercado dos usados, pois quantos mais jogos nas prateleiras, mais as vendas podem aumentar e, sucessivamente, poderá haver uma redução dos preços. Cabe a todos ter um bom senso e olhar para as oportunidades.
Ao oferecer um jogo usado, poupam dinheiro ao invés de comprar outro produto. Não que estimule a economia, mas haverá quem ganhe com isso. Para dar ao cão, que seja o Thor ou o MindJack, de preferência.
Não falta publicidade agressiva, de norte a sul do País, de plataformas onde podem vender e comprar produtos. Basta tocar no produto e transforma-se num monte de moedas, como se fosse um milagroso acontecimento. Sinais dos tempos de crise. Nestas plataformas online, também podem encontrar muitos jogos, consolas e acessórios por uma pechincha. A única desvantagem é que nos impede de tocar, não sabendo ao certo se chegará nas melhores condições. E não ouvimos o som característico do dedilhar, um som que vai aumentando dia após dia nas ruas e nos espaços aparatosos, como se uma orquestra de música experimental se tratasse.
Taque, taque. Sük, trique, Sük.
Mas os usados não são propriamente sinónimos de velhos ou semi-novos. São parte de uma história que podemos contar aos amigos e aos filhos. Vendê-los, como muitas vezes nos traz arrependimento, não constitui a melhor escolha a longo prazo. Normalmente, se os vendemos, é para conseguir ter um episódio com outros que adquirimos, mas nem sempre esse episódio vai conseguir sobrepor-se ao anterior. Há opções a tomar: Vender, trocar, pedir emprestado sem riscar o precioso DVD, guardar.
Gostaria de ver mais alternativas de compra e não as mesmas capas. Gostaria de ver melhores preços para poder jogar e dizer que não custa vender novamente, ficando a preço de aluguer. Já não existem nas ruas, por onde passava, os clubes de vídeo que alugavam aqueles jogos que serviam apenas para experimentar. Continua-se a poder fazê-lo, mas a era digital apoderou-se dessa parcela. No entanto, não consigo ouvir o som do dedilhar.
O que fazem aos vossos jogos? O que fazem aos vossos melhores jogos? E porque vejo ainda preços que me fazem saltar um riso curto? Será que estes novos tempos nos ensinam algo?
Comments (5)
Depois de ler este excelente artigo, questiono-me: o que fazer aos meus jogos? Bem, continuarem ali no armário, onde sempre estiveram e vão continuar a estar uma vez que a colecção não se vende, preserva-se, pois cada jogo tem uma história a ser contada. Mas é cada vez mais real, esta venda e compra de usados/semi-novos, algo que vejo com frequência entre o meu grupo de amigos, onde vou incutindo o gosto pelo coleccionismo e não só “jogar e vender para comprar mais”. São tempos dificeís mas pode-se abdicar de outras coisas que fazem pior à bolsa e até à saúde. Fico a aguardar um artigo sobre a prática de preços (risos) neste nosso Portugal. :)
Eu já comprei e já vendi muitos. Arrependo-me de alguns (tanto na venda como na compra), mesmo não fazendo colecção. Mas como jogava tantos, e jogo, era incomportável só comprar…
Fico contente em saber que o Pedro guarda os Jogos! :)
Talvez um dia iremos à procura das melhores colecções no País :)
“Fico a aguardar um artigo sobre a prática de preços (risos) neste nosso Portugal. :)”
Isso sim dá pano para mangas :)
Comprar jogos a preço completo, ainda para mais ao preço a que são vendidos em Portugal, já não se justifica há muito.
No entanto, no que toca a consolas e acessórios em sites portugueses de venda em segunda mão, não posso dizer que sejam uma boa alternativa. Infelizmente estamos num pais “pequeno” e é comum ver consolas de gerações anteriores a 100, 150 ou até, 200€ (!), que contrastam imenso com os 10, 30 e 50€ oferecidos por um qualquer Inglês (claro que aqui temos os custo de envio mas ainda assim nota-se a diferença, e isto vindo de um pais com um nível de vida mais alto). Sim, claro que tenho que procurar as pechinchas mas neste caso são muito raras em Portugal. Sigh… É pena.
Eu, por exemplo, quero começar a expandir a minha colecção de consolas (as mais antigas já “morreram” à muito *sniff*) mas torna-se complicado.
Talvez não esteja a procurar no sítio certo mas a verdade é que ainda não encontrei um preço que não me desse vontade de rir.
Mas gostei do artigo :)
Permite-me então que te mostre um, se não me levas a mal:
1UP Gaming Lounge ;)
Cumprimentos
[…] para verificar se o jogo é novo ou usado (contraditório a alguns usuários comuns que compram jogos em segunda mão, e outros com consolas alteradas, vulgo […]