Confesso que não sou muito tolerante a remasterizações, re-edições ou remakes. Muito menos de séries com grande peso e história como Devil May Cry. A minha postura automática é a de franzir o sobrolho, esticar os braços e abanar a cabeça de um lado para o outro. Como os lemmings fazem quando se armam em parvalhões e não deixam passar ninguém. Confesso que já fui surpreendido, mas a maior parte das vezes os meus receios foram confirmados.

Começámos a jogar antes de existirem altas definições e quantidades de poligonos que rivalizam com as contas chorudas das ilhas caimão. Existem jogos que merecem uma polidela, um aprumo aqui e ali, e talvez o resultado final até seja interessante. Outros ainda sofrem de extreme makeovers que os tornam em algo de muito diferente, e por isso também surpreendente. Como outro jogo da Capcom, Resident Evil Remake para Gamecube, que se tornou num produto genuíno, pela forma graciosa como foi remodelado, proporcionando uma experiência que vale a pena mesmo para quem já tinha jogado o original até à exaustão. As diferenças de geração e de produto final foram também notórias, com um grande salto tecnológico a originar um produto que fez mais que jus ao primeiro jogo da série.

Existem ainda outras que pouco de polimento têm. A não ser que polimento seja uma cuspidela na loiça, esfregada à pressa com o pano seboso que não vê H2O há 3 semanas. Casos como o de Silent Hill, que merecia um tratamento muito mais cuidado.

Cortado à escovinha.

 

DMC deixa-me ambíguo. Se por um lado a primeira vez que vi alguma coisa sobre o jogo (0 revamp foi anunciado há 2 anos) fiquei imediatamente em modo lemming, a verdade é que com o passar do tempo o meu interesse foi crescendo. Não gosto do nosso personagem, não gosto da nova música, não gosto do facto de já não ser feito por quem nos trouxe os originais. Não gosto especialmente da onda teenage angst que o jogo parece ter. Pelo menos os antigos foram feitos com aquele conceito de cool que muitos jogos japoneses acreditam ser actual, que no fundo é tão excêntrico e desajustado que os torna em espectáculos de roupa pirosa, violência e estranheza. Aquilo que nós no fundo apreciamos.

Mas do que tenho visto nos últimos meses, DMC está com bom aspecto e, por muito que me custe admitir, a fazer-me querer jogá-lo. Penso que ficarei desiludido se for com a expectativa de que vou jogar Devil May Cry como joguei na PS2, mas acho que vamos ser surpreendidos pela positiva. A Ninja Theory é um estúdio de qualidade e a demora é certamente sinal de aperfeiçoamento. E sejamos sinceros, a série estava infelizmente a precisar de algum sangue novo.  Espero ser surpreendido, porque esta coisa de ser velho rezingão também cansa. Ninja Theory por favor, faz-me baixar os braços e dar descanso à cabeça, que o meu pescoço está impossível.

Lets rock, baby!

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=lN16JYe3hKU&feature=youtu.be]