Roubar truques e dicas nas livrarias
Bom, roubar talvez seja um termo demasiado forte. Chamemos-lhe pedir emprestado, consultar, procurar pela sua disponibilidade. Quando era gaiato, a importância das revistas de jogos era muito maior, e um formato de que certamente todos temos saudades e guardamos boas recordações. Aguardar pela nova edição da nossa revista preferida era um ritual comum a muitos jogadores, os mais velhinhos até as mandavam vir pelo correio. Outros contentavam-se com o que havia na loja.
Revistas como Hobby Consolas, Joystick, MicroMania, Todo Sega e claro, a velha Mega Force.
Mas a confissão de hoje é relativa a uma rubrica muito especial e icónica, parte fundamental de qualquer revista de videojogos digna desse nome: a secção dos Truques e Dicas. Há 20 anos a Internet era uma realidade muito diferente e desconhecida para mim (e grande parte de nós) e assim se manteve durante largos anos. As revistas eram a única fonte de informação de que dispunha, com a excepção de escassos programas televisivos sobre videojogos. Obter truques e dicas para jogos era algo apenas possível através das revistas, ou de boca em boca com os amigos. Estas eram as principais fontes de batota, pelo menos nas consolas.
Claro que mensalmente tinha acesso aos truques e dicas da revista de eleição, Mega Force, que ainda assim se mostravam muitas vezes insuficientes. A solução? Ir a uma boa papelaria, e à socapa, passar as batotas para uma folha de papel, um acto de espionagem que me recordo de fazer algumas vezes.
Algumas revistas da especialidade ainda não eram envolvidas em plástico, principalmente as espanholas. A oportunidade perfeita para as desfolhar casualmente, sacar de uma caneta e escrevinhar à pressa os ataques especiais de Mortal Kombat, as batotas secretas de Earthworm Jim ou o truque para ter Shurikens infinitos de Shinobi III. Sentia a minha cara a inchar de rubor, pelo olhar de mil olhos imaginários fixados sobre mim, enquanto gatafunhava o papel e o escondia no bolso.
A recompensa: mais alguns dias de diversão, explorando os títulos que tanto estimava da minha colecção Megadrive. A falta de vergonha momentânea, de um delito de paixão que nunca realmente o fora, fazia de mim um rapazote mais feliz durante os momentos em que me dedicava deslumbrado aos cartuchos, que ainda guardo com nostalgia. E os respectivos truques.
Comments (5)
Por acaso há umas semanas atrás, andava eu a dar uma vista de olhos pela minha colecção Nintendo quando me deparei com alguns exemplos, como esses,escrevinhados em folhas A4, post-it’s e afins. Desde dicas para Zelda’s, golpes do Mortal Kombat e até passwords e Konami code’s para vários jogos da Konami. Belos tempos! :)
Isso merece ser guardado religiosamente Pedro.
Sem bem que as Fatalities do MK, que nem com truques iam lá. Eram humanamente (quase) impossíveis de fazer dentro daqueles segundos. Metiamos os dedos pelas mãos xD.
Continua tudo guardado onde estava, faço questão de nem sequer tirar os papéis do sítio onde inicialmente os coloquei. :) Lembro-me que no MK2, depois de ter jogado tanto, as Fatalities já saiam quase que sem olhar para o que estava a fazer. Mas é um facto, menos de 5 segundos para tanta informação era dose!
Bom, deixo a minha confissão de inabilidade a fazer fatalities para outra altura então, ahah. MK2 foi para mim a sequela da saga mais marcante, que jogo.
Também tenho para aqui papéis com os movelists completos do MKII e MKIII. O meu irmão e eu passávamos a vida ao estalo e a tentar ver quem é que conseguia fazer uma Fatality ao outro :)
Fora do jogo, claro.