Quando os Vikings atacam? Déjà vu?

Toda a gente já passou pela experiência de ter um déjà vu, aquela sensação que já passámos por isto, já vivemos aquilo e sonhámos o outro. “When Vikings Attack”, desenvolvido pela Clever Beans e XDEV, transmite-nos esse mesmo feeling. Logo no menu inicial sabemos que vamos entrar num universo animado e com cheirinho a salão de jogos. Isto não só pelo desenho da máquina arcade a entrar pelo ecrã como pela própria música, que nos leva de volta aos anos 80 e 90 e às horas e moedas gastas para obter o score mais alto. Acaba por ser esse espiríto que o jogo nos entrega com o aspecto cartoonish dos seus personagens e de toda a cidade à sua volta. De facto, o que poderia ser visto como uma ideia inteligente torna-se, contudo, num conto pacato, confuso e por vezes aborrecido de tão repetitivo que é.

O jogo, disponível para as plataformas PS3 e PS Vita, transporta-nos para uma cidade onde os seus habitantes são atacados por guerreiros vindos do Norte, os Vikings. De forma a criar uma defesa, é feito um apelo geral à população, como um anúncio de utilidade pública, de união contra os sucessivos ataques e pilhagens. E qual a melhor forma de derrotar um bando de nortenhos? Atirar-lhes para cima o que estiver à mão. Seja uma cadeira ou uma mesa de esplanada, uma maca de hospital ou um carro, tudo serve para derrotar os inimígos. E não pensem que alguém fica de fora desta batalha… seja estudante, talhante, pedreiro, atleta, polícia, bombeiro ou até reformado, qualquer cidadão se junta num grupo pronto para arrancar uma cabine telefónica do chão e lançá-la para a cabeça de um viking.

A arma infalível...

A arma infalível…

 

Dividido entre Quest Mode (com a possibilidade de co-op público ou privado), que contêm a história principal, e em Versus Mode (público ou privado também), no qual se pode combater contra outro jogador, “When Vikings Attack” é um típico brawler com direito a desafios de tempo e de pontos. Os níveis começam sempre com um grupo já definido de cidadãos que, à medida que vai havendo uma ou outra morte, vão sendo substituídos por outros tantos que correm desenfreadamente pelas ruas à procura de refúgio ou de uma oportunidade para mostrarem o que valem. A aposta é no aumento da dificuldade à medida que vamos avançando nos quinze capítulos, passando pelos mais diversos locais; e na combinação de ataques, nos quais a velocidade e o número de vikings que matamos faz toda a diferença para um bom ou mau combo. Na praia, na quinta, numa fábrica, no jardim zoológico, à hora de ponta ou até mesmo numa noite de arromba os vikings não escapam a estes habitantes decididos a colocar um ponto final à invasão. No entanto, nem os bosses mais complicados, ou a forma como a banda sonora reflecte as cores vivas de cada capítulo conseguem afastar a ideia de déjà vu. É quase como ver um jogo da selecção nacional, passamos um bom (ou mau) bocado, mas já sabemos que se vai jogar um 4x3x3 e que entre os 60 e os 70 minutos é feita uma substituição. Há quem diga que não se mexe com o sucesso, mas ao fim de dez níveis já ninguém aguenta atirar fardos de palha para cima de vikings.

Quando isto acontecer e o cansaço pousar em nós, podemos sempre ir dar um pézinho ao Versus Mode. Com três modos, bastante semelhantes entre si, e um máximo de quatro jogadores, a dança aqui é outra. Como o próprio nome indica dá a possibilidade de demonstrar os talentos de lançamento de objectos contra familiares, amigos ou até algum desconhecido que esteja interessado nestas andanças nortenhas. Existem dois modos (Last Man Standing e Vigilantes VS Vikings) onde ganha o melhor de três e que tanto coloca cidadãos contra vikings como o contrário; e um outro (Gold Rush) no qual vence quem primeiro tiver medalhado os desafios apresentados.

A vida nocturna pode ser perigosa...

A vida nocturna pode ser perigosa…

 

O melhor: algumas horas de divertimento em co-op, o aumento gradual da dificuldade, as cores, a animação e o humor presente na própria jogabilidade.

O pior: repetitivo e simplista.

Ideal para a PS Vita, actua como um bom remédio para o tédio nos transportes públicos ou enquanto se espera para ser atendido na Segurança Social ou numa loja de telecomunicações. Sendo a mecânica do jogo bastante simples acaba por transformar o que podia ser uma viagem interessante num caminho sem percalços onde já sabemos o que esperar. Embora o co-op se torne um pouco confuso com tantos grupos e tanta coisa a voar (incluindo animais), é uma boa opção para uma tarde de entretenimento familiar. Isto, claro, se a ideia geral de divertimento for matar vikings com tractores ou ambulâncias. 

(Disponível para PS3 e PS Vita)