por Miguel Tomar Nogueira a.k.a. The Dalai Gamer

Este foi o ano delicioso de 2012 em que os grandes senhores levaram uma enorme tareia dos pequenos independentes e, mesmo que não tenham caído dos seus pedestais de vendas milionárias, deram um enorme trambolhão na inovação e originalidade. Não se pense que não gosto de jogos AAA, só que ultimamente esta sigla de letras parece referir o som que eu faço quando jogo mais uma sequela sonolenta. Como sempre, não foi fácil chegar a um top 10 mas o que tem de ser tem muita força.

O 10º lugar foi para o Halo 4 pela bela dimensão visual e sonora e por devolver a sensação de exploração ao género, com o surpreendente Hotline Miami a conseguir o 9º lugar pelas excelentes mecânicas de puzzle.

Thirty Flights of Loving deu pistas sobre o futuro da narrativa dos jogos e ficou em 8º, com o 7º Nintendo Land a mostrar também novas formas de jogar que parecem estar ainda a dar os primeiros passos.

O 6º e merecido lugar foi para Far Cry 3 que levou o género de mundo aberto um pouco mais longe, mas no meu coração ficou em 5º o maravilhoso Little Inferno que juntou o calor de uma metáfora comovente a um sistema de combos genial.

O 4º lugar ficou para Dishonored por nos devolver em grande estilo os jogos de acção furtiva. Resta então saber quem são e porquê os três grandes vencedores:

The Walking Dead

3º Lugar: The Walking Dead

Andamos a falar de narrativas interactivas há muito tempo e a colocar jogos como Heavy Rain no reino dos Deuses do género. No entanto a Telltale veio provar que é tão simples como dar-nos uma história complexa, densa e extremamente humana sobre pessoas e colocá-la numa mecânica simples que não chame a atenção para a suposta interação. The Walking Dead foi um dos melhores momentos narrativos que os videojogos alguma vez atingiram e a melhor forma de fazer renascer o género da aventura.

Journey

2º Lugar: Journey

A maior experiência emocional jogável de 2012 e o primeiro jogo que me fez chorar. A ThatGameCompany andou estes últimos anos a afinar a mecânica da simplicidade jogável com sentido, até atingir a perfeição com esta deambulação a caminho da luz. A simplicidade de mecânicas bem afinadas, a viagem metafórica e o multiplayer mais genial alguma vez experimentado quase tornou este no meu jogo do ano. Quase, porque…

Papo & Yo

Melhor jogo de 2012: Papo & Yo

Passou despercebido a muitos a adaptação metafórica da infância do criador Vander Caballero a um videojogo. Papo & Yo partilha tudo do melhor narrativa e emocionalmente que The Walking Dead e Journey nos trouxeram. Mas este jogo trouxe algo mais. Aquilo que fazemos ao mundo que nos rodeia é em si mesmo a narrativa, isto é, as mecânicas de jogo são as próprias metáforas da história, como no momento em que temos literalmente que dobrar todo o mundo para ajudar o monstro em nosso pai. Foi a melhor utilização de mecânicas do ano e a narrativa mais poderosa que foi contada por um jogo. O caminho para acabar com muitos debates é por aqui e fossem todos os jogos assim, o Roger Ebert já tinha comido o chapéu há muito tempo.