A procura de uma explicação em volta dos tiroteios nos Estados Unidos da América ainda não terminou. Culpou-se Marilyn Manson e os Videojogos. Culpam-se as mensagens obscenas e a actividade violenta cerebral. Pouco se culpa a educação de cada indivíduo a partir dos primeiros passos ou pondera-se o excessivo comportamento paternal ou do meio envolvente. A NRA (National Rifle Association) tenta a todo o custo redireccionar os olhares para outro quadrante: a Indústria dos Videojogos em que mais se destaca o jogo Call of Duty, criado com tecnologia IW, uma propriedade da id Software (ZeniMax Media). Uma série tão bem sucedida que o último título do franchise, Black Ops 2, facturou mais de um bilhão de dólares nas primeiras duas semanas.
Joe Biden, Vice Presidente dos Estados Unidos, reuniu-se com alguns dos maiores representantes da Indústria dos Videojogos. O Braço direito de Obama deixou uma mensagem clara de esforço na tentativa de salvar uma criança que seja, num meio cultural que poderá ou não ser saudável.
Biden disse “Não há nenhuma medida que conheço de ser capaz de determinar se há ou não um endurecimento da nossa cultura de uma forma que não é saudável. Eu não sei a resposta a essa pergunta. Eu não tenho certeza qual o impacto que isso teria ou não teria sobre o tipo de eventos que estamos a falar” [Massacres em Sandy Hook, Columbine e outros].
Este é o vídeo das últimas palavras de Biden no encontro, com uma palmadinha nas costas a John Riccitiello, CEO da Electronic Arts:
http://www.youtube.com/watch?v=CpbkhRlaIU8
Não será a única palmadinha nas costas que Biden deverá dar, pois há opiniões que se dividem. A NRA prefere combater o problema, que fere a sociedade decrépita, com mais armas (Mais armas nas escolas). Imaginem produzir várias armas por cada escola dos Estados Unidos. Parece o aroma da tarte de maçã acabada de sair do forno. É o momento na tentativa de vender mais armas, usando a segunda emenda da constituição dos Estados Unidos (direito ao uso e porte de armas) como maior justificação.
O que representa a Indústria dos Videojogos para a NRA? Menos venda de armamento no Walmart, menos venda para treino de soldados. As Empresas que apostam em tecnologia no desenvolvimento de jogos auferem simuladores que substituem armas reais e outros. Podem ler, por exemplo, o caso do Unreal Engine 3.
As opiniões dividem-se. Não, os interesses e opiniões dividem-se.
As seguintes personalidades estiveram presentes no encontro com Biden, além da NRA e especialistas em Saúde Mental. O convite foi feito para entender se estes teriam alguma ideia em como ajudar a prevenir mortes por acontecimentos, tão deploráveis, como o massacre de Sandy Hook.
Joe Biden não falou muito sobre Videojogos, nem muito menos em tom de acusação. Este foi o chamamento daqueles que, de uma forma ou de outra, se vêem envolvidos em matérias desconhecidas. E Joe, agora com carácter mais pessoal, soube equacionar bem a problemática em torno dos que são chamados para rever o estado de uma sociedade, seja por casos pontuais ou não.
Caso contrário, seria o mesmo dizer que os seguintes foram cúmplices no caso BPN:
Deixem-me lançar, também eu, uma questão paradoxal: Teria Harry Truman jogado Fallout 3?
Será sempre uma questão de escolha. A mente de cada um é que saberá equacionar o que é real e humano. Todos sabem que os monstros da história não jogavam Videojogos. Bem, pelo menos, em grande parte. Certo é que o estudo sobre o impacto da violência dos Videojogos na vida das pessoas vai acelerar. É necessário uma resposta. Prevejo que um estudo indique não culpar os Videojogos, mas o meio envolvente onde alguém, e pela sua capacidade mental, joga determinados Videojogos. Mas, acima de tudo, saber que não são os Videojogos, shooters ou de terror, a dar uma explicação para o funcionamento e disfunção do cérebro Humano. E dos corações.
Comments (1)
http://www.escapistmagazine.com/videos/view/jimquisition/6692-Desensitized-to-Violence
Aconselho a quem continua com dúvidas que existe uma desensibilização à violência provocada pelos jogos na cabeça de quem joga. Este video faz parte de uma rúbrica semanal do The Escapist, onde o apresentador encara uma personagem arrogante e sarcástica detentora de toda a sabedoria. E, apesar de todo o espalhafato que ele dá à personagem, ele merece palmas pela maneira controversa em como, rapidamente, dissolveu uma teoria infundada e sensionalista alimentada pelos media na sequência destes incidentes com armas que se estão a tornar mais frequentes.
ATENÇÃO: Este video tem conteúdo muito gráfico e violento.