Durante 20 dias o Rubber Chicken antecipa alguns dos jogos que vão marcar um ano que promete ser um dos melhores de sempre. Todos eles foram anunciados para 2013 e em princípio fazem parte desta geração de consolas contando com a Wii U, PC e outros dispositivos. O nosso critério de ordem foi apenas a ordem alfabética.
Beyond: Two Souls
David Cage é o próximo candidato a ocupar o lugar de Molyneux na categoria popularizada por Ricardo Araújo Pereira: Falam, falam, falam e eu não os vejo a fazer nada. Estou a exagerar, talvez, mas enquanto o senhor Cage se multiplicava desde 2010 em dezenas de conferências, entrevistas e masterclasses, nas quais criticou constantemente a fraca narrativa dos videojogos e como ele e a Quantic Dream são a solução, a Telltale Games sem fazer nenhum barulho ou fanfarra apresentou-nos The Walking Dead, um passo bem mais à frente que Heavy Rain na construção de uma experiência narrativa emocionalmente muito forte.
Confesso que quando a Sony nos apresentou as primeiras imagens de Beyond: Two Souls na E3 de 2012, as minhas preocupações começaram relativamente a este jogo. Sim, as expressões faciais são muito boas, sim a representação dos actores virtuais e a perspectiva de uma jovem ansiosa com uma companhia mística é excelente mas na realidade foram minutos e minutos a ver um filme no qual nem sequer interagimos. Espero sinceramente estar enganado e desejo que o novo jogo da Quantic Dreams seja uma das melhores experiências do ano, contudo parece-me que Cage está cada vez mais a querer fazer filmes em vez de jogos. A ver. Ou a jogar.
https://www.youtube.com/watch?v=atDYpzAHCLI
Bioshock Infinite
Por falar em experiências, narrativa e emoção, Ken Levine é um senhor que o faz da forma correcta, utilizando os cenários, a música, os antagonistas e as mecânicas para construir viagens que se imprimem para sempre na nossa memória, levando o género FPS a piscar o olho à categoria de obra de arte. Bioshock pertence inabalado ao cânone dos melhores videojogos de sempre e muitos ensaios e teses académicas já se escreveram sobre a nossa envolvência no universo de Rapture. O maior feito no entanto foi abordar um shooter para as massas de uma forma madura e inteligente e transformar isso numa aposta ganha.
Embora a capa do jogo, demasiado Call of Duty, possa ter assustado muita gente eu sinto-me descansado. Bioshock Infinite continua nas mãos da editora 2K e foi essa mesma editora que deu liberdade total e um enorme orçamento a Levine para criar o primeiro título, arriscando na sua visão muito particular e pouco previsível comercialmente. Nesta nova sequela, a água deu lugar ao céu e Infinite situa-se em Columbia, uma cidade suspensa nos céus por gigantescos balões de hélio. O ambiente mistura o universo Steampunk com um regime autoritário, os inimigos apresentados até agora são autênticos tratados de criação de personagem mas é a companhia feminina que nos acompanha nesta aventura que está a deixar todos em polvorosa. A inteligência artificial de Elizabeth parece estar no ponto e a personagem cativa na primeira vez que olhamos para os seus grandes e profundos olhos onde nos iremos, provavelmente, perder.
https://www.youtube.com/watch?v=BzIDJdNDYOs
Carmageddon: Reincarnation
A maior curiosidade em Carmageddon é saber se o estilo do jogo resistiu ao passar do tempo. Como exemplo, o humor de casa de banho de Duke Nukem 3D ou a violência extrema de Postal fizeram algum sentido a miúdos de borbulhas dos anos 90 com camisas de pescador e botas Doc Martens, que sentiam nestes jogos que algo de proibido se estava a criar. Conduzir numa corrida onde os carros tinham lâminas e levavam à sua frente pessoas e vacas fazia todo o sentido e provocava a risota. Sim, a nossa geração era doente.
Aproveitando a vaga saudosista no Kickstarter, a Stainless Games conseguiu o financiamento entre os fãs para um novo título da série com a mesma jogabilidade mas com grafismos e mecânicas actuais. A dúvida é se o jogo vai conseguir agarrar as novas e as antigas gerações ou se será apenas uma lembrança datada e poeirenta, já sem graça. Duke Nukem Forever e Postal III mostraram que há coisas que não voltam mais. Veremos o que acontece a Reincarnation.
Castle Story
E se o Minecraft e um jogo de Tower Defense tivessem um filho? O resultado seria Castle Story. O jogo independente da Sauropod Studio deixou muitos com vontade de jogar quando mostrou os primeiros testes de jogabilidade, de tal forma que quando foram ao Kickstarter pedir 80 mil dólares para ajudar a terminar o jogo saíram de lá com 700 mil dólares. Em Minecraft, construímos estruturas de dia para nos abrigarmos dos perigos da noite. Em Castle Story os perigos podem chegar a qualquer momento e podem vir do vizinho do lado.
Com uma construção baseada em voxels que vai permitir mundos gigantes, as criaturas fofas do jogo entretêm-se a construir o castelo mais resistente para aguentar o ataque dos inimigos, mesmo que uma bomba bem colocada possa destruir horas e horas de paciência. Um bom teste aos nervos de uma pessoa.
Castlevania: Lords of Shadow 2
Mais um que assustou as Madames. É já habitual. O fãs e os jogadores criticam que não há evolução, que não há novidade e depois quando se muda ou se arrisca parecem carpideiras oficiais. Aconteceu recentemente com Dante, há uns meses com Lara e em 2010 com Gabriel. Mas quem controlou Belmont na terceira pessoa na primeira demo que foi lançada percebeu que a série fazia todo o sentido em 3D e o jogo acompanhado pela supervisão de Kojima acabou por se tornar um dos melhores do ano.
Daí que não haja nenhuma indicação que em Lords of Shadow 2 a Konami possa errar. Basta corrigir alguns pequenos problemas de navegação do primeiro título, melhorar todos os elementos e temos um novo clássico para juntar à gigantesca lista de produtos inspirados na personagem de Bram Stoker de 1897. Se o Dracula fosse uma personagem real, estava podre de ricos em direitos de autor.
https://www.youtube.com/watch?v=p5HQrJyARYQ
Comments (2)
O “problema” que eu tenho com estes castlevania novos não é de todo a sua jogabilidade, mas sim serem reboots completos da série, deitando fora todo o conteúdo criado ao longo de uns 20 anos more or less…
De resto, o problema do Duke Nukem Forever na minha opinião nem é o toilet humor, mas sim a jogabilidade, que deitou fora muita coisa que fez Duke 3D no jogo “querido” por todos os fãs. A interactividade e o humor continuaram lá. O resto é que pronto…
Eu confesso que 30 anos depois de andar a jogar já gosto que façam reboots e reinventem tudo de novo :)