No passado dia 20 de Janeiro, um fotógrafo da Agence France-Presse capturou imagens de um soldado francês, na recente intervenção militar francesa no Mali. Em Niono, um grupo de soldados guardava veículos militares. Aquando da aterragem de um helicóptero, a poeira instalada levou a que os soldados protegessem a face, revelando um terrível segredo. Um dos soldados usava um lenço com uma caveira, semelhante ao do personagem Ghost, da série Call of Duty, que como sabemos é responsável pela destruição da moral e dos bons costumes.

A polémica instalou-se levando inclusive a comunicados oficiais a condenar a imagem, como não sendo representativa da acção francesa no Mali, e esforços no sentido de identificar o soldado em questão. Numa notícia do jornal Metro francês pode ler-se: “a foto de um soldado francês que se crê num videojogo”.

foto: Issouf Sanogo/AFP

foto: Issouf Sanogo/AFP

Será que podem usar lenços de marca?

Será que podem usar lenços de marca?

O repórter fotográfico Issouf Sanogo diz-se surpreendido com a reacção dos media, indicando que os soldados não mudaram a sua atitude após a publicação da foto, e que os militares se encontram em condições bastante difíceis e que fazem o que podem para se distraírem um pouco. Não sabe quem é o soldado e duvida sequer encontrá-lo novamente.

Claro que o facto da caveira ser uma imagem usada em indumentária e simbolismo militar (e não só) desde sempre não entra na equação, quando o objectivo é gerar polémica e atenção nos media. Basta procurarem na web e inúmeras imagem de lenços, máscaras e balaclavas semelhantes podem ser vistas, com datas anteriores ao aparecimento da personagem Ghost, cuja imagem é claramente inspirada na realidade e não o contrário. O uso de símbolos e sinais com o intuito de intimidar o inimigo é comum na história da humanidade, desde as pinturas ritualistas, à colecção de armas nucleares.

É no mínimo hipócrita a polémica em volta de uma máscara de aspecto assustador usada por um militar. Que imagem pretendem salvaguardar? É um soldado, com uma espingarda de assalto na mão e um treino militar que o preparou para tirar a vida a outro ser humano se necessário. O “controlo de danos” parece ser evidente, perante a reacção dos media (surpresa.) e a indignação na twittersphere.

A reacção desmedida dos media e críticos diz-nos também que o nome Call of Duty é sobejamente conhecido, e que provavelmente tem mais adeptos do que pensávamos, gente que gosta de jogar às guerras de brincar. Estamos acostumados à utilização dos videojogos como bode expiatório, mas este caso toma contornos ridículos. O soldado na foto, que não sabemos sequer se é fã de videojogos, certamente que preferia estar na sua casa junto da família. Porque no Mali a guerra não é faz de conta.

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Fonte: AFP
Via: NY Daily News, Kotaku