O Mario dava um bigode ao Federer!
Mario é um atleta. Já o vimos em tantos desportos diferentes que permanece uma pequena dúvida: porque não emagreces pequeno canalizador?
E se já o vimos ao longo de 28 anos a suar pixéis de esforço atlético, trazendo a cada título uma (ou várias) pontas de inovação verdadeiramente relevantes, o que é que se passa com esta versão, produzida pela já experiente Camelot Software Planning, no que compete a jogos de desporto do canalizador mais famoso de sempre?
Ao primeiro contacto, Mario Tennis Open apresenta-nos um cenário colorido e uma dúzia de personagens bem conhecidos à nossa disposição, assim como a possibilidade de jogarmos com o nosso Mii. Lá vamos para uma partida de exibição/tutorial e para além das habituais descrições dos distintos tipos de shots, é-nos presenteada a novidade (a grande e única novidade, diria eu, de todo o jogo): uma visão na terceira pessoa (ou Noob-mode como lhe chamo). Com uma pequena inclinação da consola é-nos possível alternar entre a visão quasi-picada habitual neste tipo de jogos e uma visão na terceira pessoa.
A experiência neste novo modo de jogo rapidamente se esgota e acabamos por querer rapidamente mudar para o ponto de vista tradicional. Por sucessivas vezes tive de pausar o jogo para desligar o giroscópio da 3DS. Sim, porque estar a jogar numa portátil em que qualquer ligeiro movimento do nosso corpo implica a mudança de ponto de vista do campo durante um volley entre nós e o nosso adversário, far-nos-á, de certeza, perder alguns pontos. O sistema não salva as alterações efectuadas no menu de pausa: para isso é preciso efectuar essas mesmas alterações no menu principal. Way to go Camelot! E por falar em pausa: qual é que foi a ideia de não podermos pausar o jogo quando queremos e só o podermos fazer durante o serviço?
Noob mode engaged!
Mas o porquê da minha reticência com o modo de terceira pessoa? Porque ao ser activado, este modo faz o controlo automático de movimentação do personagem e do direccionamento da bola, cabendo ao jogador apenas a tarefa de utilizar o shot certo para contra-atacar o shot do adversário. Mas até aí o jogo simplifica, porque não precisamos de olhar para o ecrã superior (onde a acção se desenrola): no touch screen, em cima de cada uma das áreas dos 6 shots, surge um ícone de uma bola de ténis onde o jogador só tem de perceber o melhor timing de ataque à bola, e de inclinar lateralmente a consola, se assim o quiser, para dar uma ligeira direcção à bola. Acredito que este modo possa quebrar a jogabilidade de multijogador: como podemos sobrepujar o nosso adversário, se este poderá estar a ser guiado pela Inteligência Artificial para o local onde a bola deve ser rebatida?
O jogo permite 6 tipos de shots diferentes: um normal, um lob, um slice, um amorti, um flat e um topspin. Todos, à excepção do normal têm um contra-ataque definido por outro shot e, para mim, é aqui que reside a verdadeira mestria deste jogo: o facto de termos numa fracção de segundo de perceber qual o shot indicado para o conseguirmos contra-atacar. Sempre que um jogador devolve a bola de forma atabalhoada, aparecerá uma chance shot area no campo adversário. Tendo 5 cores diferentes, só precisamos de nos colocar em cima da área colorida, e carregar o shot correspondente, para ganhar um power-up no ataque que desencadeará um efeito especial se rebatida pelo adversário (cujo efeito, mais uma vez, na lógica de contra-ataque, pode ser minimizado pelo shot contrário).
O problema é que o tipo de cor de chance area (e consequentemente o tipo de shot requerido para o power-up) é aleatória, o que significa que nem sempre o shot sugerido por essa área é o mais indicado para a situação, o que pode prejudicar o jogador mais inexperiente (ou mesmo qualquer outro) Por exemplo, uma chance area de amorti surge quando o nosso adversário já se encontra junto à rede. Outro problema, que se prende com ambos os modos de visão, é que se estivermos próximos da rede, e uma chance area surgir atrás de nós, só temos a indicação se olharmos para o mini-map. E acentuo a palavra mini. E eu joguei numa 3DS XL. Portanto podem preparar-se para perder 95% das chance areas que surgirem atrás do vosso personagem.
Do ponto de vista de single player, o jogo presenteia-nos com 3 singelos modos: tournament, exhibition e challenges. Em tournament podemos optar por singles ou doubles, com o sistema de desbloqueio sucessivo de cups, tão típica dos jogos de desporto da Nintendo. É positivo o sistema de dicas ir adicionando sugestões avançadas à medida que avançamos pelos campeonatos. Por outro lado, e apesar de não termos dificuldades configuráveis, achei os 2 modos de torneio excessivamente fáceis, passando-os quase na íntegra no primeiro contacto com o jogo. E eu não sou o Pete Sampras do Mario Tennis Open: é que apenas em Ace Difficulty em Exhibition (o único modo que permite customização de dificuldade), o jogo é verdadeiramente desafiante.
Por outro lado, à excepção das diferenças de textura dos campos, fica alguma tristeza por, ao contrário de outros jogos, a diversidade de campos não implicar alterações ao próprio jogo. Era de esperar que essa diferenciação trouxesse consigo não só alterações de comportamento da bola, mas também alguns handicaps ao qual já estamos ambientados.
Os challenges, que são 4, são verdadeiramente desafiantes, apesar de serem mini-jogos de ténis dentro do Mario Tennis Open. Para além de necessitarem já de um domínio elevado do jogo para serem ultrapassados, no final, ao terminarmos as sucessivas dificuldades (que são exponencialmente bem mais difíceis que o modo torneio) somos presenteados com uma personagem desbloqueável, sendo esta a única forma de conseguir novos personagens, para além da utilização de QR codes regionais (para desbloquear diversos Yoshis). Os challenges são divertidos, difíceis e recompensadores quando terminados. E estão tão bem imaginados que num deles chegamos a jogar ao clássico Super Mario Bros com a nossa bola de ténis!
Do ponto de vista de customização de personagens é onde este jogo perde por completo: apenas é possível “vestirmos” o nosso Mii com novos itens que vamos comprando com moedas. A diferenciação de estatísticas entre itens foi criado de forma débil e pouco imaginativa com uma representação em pie charts que pouco nos esclarece. Uma falta altamente notada é a ausência de Special Moves dos personagens da Nintendo: sendo que estes se limitam a ter diferenciações básicas de agilidade e poder, mas pouco mais.
Apesar de só ter tido uma oportunidade de jogar online, aproveito para apontar uma crítica neste modo: as classificações da tabela classificativa online) estão bloqueadas por região, o que mata à partida qualquer tipo de criação de comunidade online do jogo. A falta de jogadores levou-me a estar até 2 horas à espera de um match que nunca surgiu (a bateria da consola acabou e terminei a busca por um oponente), e quando consegui matches o jogo parecia demasiado rígido, nada comparado com a o ambiente frenético e ágil de um jogo single player, havendo até um pequeno lag de resposta entre os comandos e os movimentos.
Quando se cruzarem com outros jogadores com Street Pass ligado (o que não me aconteceu uma única vez), terão a oportunidade de jogar contra uma versão IA simulada do estilo de jogo do detentor da consola com o qual se ligaram.
O melhor: óptimo uso do 3D da consola, com cenários que são um mimo para os olhos; O jogo é fácil de iniciar e divertido de dominar; Um bom jogo de ténis, com os nossos personagens favoritos da série Mario; Mecânicas inovadoras.
O pior: O jogo soa apressado com a falta de dinamismo e influências dos cenários na jogabilidade e alguma identidade própria aos personagens da Nintendo, que não só não podem ter customização de estatísticas, como não possuem qualquer tipo de Signature ou Special move.
Um bom jogo de ténis, divertido e desafiante em alguns aspectos. Tem a falta do brilhantismo de outros jogos produzidos pela Camelot para jogos desportivos do Mario. Bom para multiplayer local, com as infinitas horas de diversão habituais no género. Não é um jogo viciante o suficiente que justifique o grinding sucessivo de moedas para comprar todos os itens da loja, acabando o mesmo por esgotar-se muito rapidamente. Portanto juntem uns amigos com 3DS e divirtam-se em local multiplayer, ou esperem, algumas dezenas de minutos, para conseguirem um match online.
(Mario Tennis Open é um exclusivo Nintendo 3DS)