A portátil da Nintendo está na moda

(Para a análise do New Style Boutique convidámos a Andreia Baptista do blogue Laranjas e Leopardos que percebe muito mais de moda que qualquer um de nós. Este texto é da sua inteira autoria.)

Que rapariga não desejaria ter um closet a serio, à americana, cheio de roupa dos mais variados tipos – e sapatos a perder de vista – onde se poderia entreter horas a fio a experimentar roupa e acessórios, até encontrar o coordenado perfeito? Que indivíduo do sexo feminino (e até alguns do masculino) não gostaria de entrar numa loja Zara, e sair de lá com as mãos a abarrotar de sacos? Sejamos realistas: eu não conheço nenhum. Mas entre os desejos e a realidade vai uma distância enorme, pelo menos para a carteira do comum dos mortais (suspiro!). Se esta conversa vos faz salivar, e desejar dias sem “crise”, não desesperem, caras amigas (e amigos): a Nintendo veio em nosso auxílio!

O New Style Boutique não é só um jogo – e na realidade, eu não lhe chamaria jogo, porque disso ele tem pouco. É mais uma “experiência virtual de moda”, em que podemos gerir uma loja (o stock, a decoração, até a música ambiente estão a nosso cargo), ganhar dinheiro (que gastamos em mais stock e mais decoração), angariar uma colecção fantástica de roupa, e competir em diversos concursos de styling, onde pomos à prova o nosso fashion sense. Pelo caminho passamos de empregadas em part-time a gerentes (num ápice!), atendemos clientes, sugerimos peças de roupa e até conjuntos completos, criamos montras e vamos acumulando “felicidade”, que enche um vaso de cristal e, no final do dia, ao transbordar, nos dá “prendas” (eu sei, um bocadinho piroso, mas o target do jogo são miúdas de 12 anos, o que é que esperavam?). Na realidade, esta é a forma que o jogo tem de ir desbloqueando novas opções: um cabeleireiro (onde podemos pintar madeixas roxas sem os grandes arrependimentos da vida real), uma loja de make-up, um café, um estúdio de fotografia…

Criar um coordenado completo a partir da mala? No problem!

Criar um coordenado completo a partir da mala? No problem!

 

Como já devem ter percebido, a mecânica do New Style Boutique é relativamente simples. Qualquer pessoa consegue, em poucos minutos, começar a jogar – e a divertir-se – mesmo que nunca tenha pegado numa 3DS (que era o meu caso). Os diálogos são um bocadinho repetitivos, por vezes desnecessariamente longos, mas é fundamental que os apanhem para conseguirem avançar do jogo, uma vez que são eles que nos dão indicações sobre o que os clientes desejam. E se acertarmos: $$$$$$ em caixa! Existem várias funções engraçadas de explorar, como o jornal de moda, ou as idas nocturnas aos concursos de moda. Os passeios no café ou no parque, em busca de elogios ao que trazemos vestido, também são ideias giras, mas fazem-nos perder tempo fora da loja, e isso significa que vendemos menos (logo, menos dinheiro em caixa). No entanto, uma das partes que mais me irritou no jogo, e que não parece ter muito nexo, é a função “agenda pessoal” da nossa personagem que, para além de organizar o “dia de trabalho” por partes – manhã, tarde, noite, late night –  por vezes nos agenda “encontros” com clientes ou personagens, em locais específicos, e não é claro porquê ou para quê! Se estivermos vestidas de acordo com a ocasião, pelo menos, recebemos elogios – e “felicidade” para o pote!

Ganham um concurso e o vosso vaso de felicidade transborda...

Ganham um concurso e o vosso vaso de felicidade transborda…

 

Apesar de ter um design pensado para que qualquer cidadão da civilização ocidental se identifique, o certo é que as influências nipónicas não deixam de estar bem marcadas nos personagens do New Style Boutique, nos trejeitos (inclinam a cabeça para nos cumprimentar e se despedir), no estilo de “Lolitas” góticas ou açucaradas, o que não é necessariamente mau… Para as meninas que estão agora a começar a entrar na adolescência, o jogo permite-lhes experimentar de forma virtual os diferentes looks que gostam, partilhar com as amigas e, se o seu guarda-roupa permitir, passar as experiências bem sucedidas à prática (poupando-as de situações embaraçosas na escola). Para além disso, vão treinando o fashion sense, coisa que nunca é cedo demais para se ter.

Para uma mulher adulta, que passe “algum” tempo a ver montras (estou a ser simpática), o New Style Boutique é uma forma gira de descontrair. Para além disso, permite-nos visualizar (em 3D) quase todos os tipos de visual que possam imaginar, seja hippie, glamouroso, ou até uma doll japonesa, versão gótica incluída(!), e pôr à prova o nosso talento enquanto stylists. Porque todas temos um pouco de Rachel Zoe cá dentro!

Qual dos meus 200 pares de sapatos irei usar hoje?

Qual dos meus 200 pares de sapatos irei usar hoje?

 

O Melhor: A diversidade de peças de roupa, acessórios, sapatos, que podemos combinar de todas as formas possíveis – a marca diz que são mais de 12.000, e eu acredito; a simplicidade do jogo, em que nos embrenhamos passados 5 minutos; a organização do sistema de arquivo, que nos permite encontrar facilmente as peças que procuramos; a semelhança com a realidade, do ponto de vista do stylist: temos de saber ouvir o cliente, e avaliar bem a sua personalidade, para ir de encontro ao que ele pretende.

O Pior: Os diálogos excessivamente longos e, por vezes, desnecessários; as “tarefas” pouco interessantes e – algumas – sem objetivo evidente ; os “dias” curtos, que nos obrigam a minimizar as vendas quando há tarefas agendadas, abdicando de boa parte da “felicidade” que se pode acumular (e do prémio respetivo).

 

(New Style Boutique é um exclusivo Nintendo 3DS)