Sem medo.
A influência da saga Alien sobre a ficção científica, o terror ou simplesmente a acção bélica e sangrenta sobre criaturas do espaço, tem sido uma constante desde que o primeiro filme estreou, há cerca de 33 anos.
Mas foram os dois primeiros capítulos que continuaram a ecoar sobre o cinema de terror e consequentemente sobre os videojogos. Alien, com um maior enfoque sobre o terror de psicológico e Aliens, que continua a ser o modelo a seguir quando alguém pretende fazer um jogo de suspense e tiroteio. Os seus personagens, one-liners e ritmo narrativo são influência clara não só no género action horror, como nos jogos de aventura espacial. Essa influência é assumida em Aliens: Colonial Marines. Não só segue um grupo dos malfadados petiscos de Xenomorph, como a acção se desenrola a bordo da famosa USS Sulaco e mais concretamente no planeta LV-426, do filme Aliens.
É clara a intenção da Gearbox em situar o jogo no território mais familiar e reconhecível da saga Alien. Nesse aspecto, Aliens: Colonial Marines garante o êxtase de qualquer aficionado, com os acontecimentos do segundo filme a servirem de pano de fundo de toda a história, de um grupo de Marines enviado à Sulaco com o objectivo de encontrar Ripley e os seus companheiros. A sua missão é gorada pela presença dos Xenomorphs e, infelizmente, de forças militares a mando da corporação Weyland-Yutani.
E digo infelizmente porque em pelo menos metade do jogo, somos obrigados a combater contra o “soldado genérico” e o “soldado blindado”, de forma aborrecida e não especialmente bem conseguida. Num jogo em que as estrelas deveriam ser as criaturas sanguinárias do título, Aliens: Colonial Marines falha redondamente nesses dois departamentos: os xenomorphos são pouco mais do que o “monstro genérico”, e o terror e sanguinolência simplesmente não existem. Pior que isto, é na construção da experiência de tensão e ansiedade que esperaríamos do título, que a Gearbox mais desilude.
O famoso detector de movimento está presente como a mecânica melhor conseguida, implementada de forma bastante inteligente e com todos os ingredientes para que servisse a sua função, de criar no jogador um estado de tensão e explosão de medo face a face com os monstros à espreita na escuridão. Não é possível disparar e usar o detector ao mesmo tempo, levando a que tenhamos de sacrificar o gatilho se quisermos estar atentos às movimentações no ambiente. O problema é que Aliens nunca consegue levar essa tensão a bom porto, muito por culpa do design dos níveis e da forma como os Xenomorphs nos atacam. O seu método predatório preferencial é o de saltarem à nossa frente, à espera da rajada que os faz desaparecer como por magia.
Desaparecer não é uma metáfora, mas um dos exemplos de como Aliens também desilude no departamento técnico. É um jogo de visuais extremamente datados, animações atabalhoadas, efeitos visuais pobres, som inconsistente e outras falhas de polimento. É muito difícil nos abstrairmos destes problemas porque o jogo nunca consegue prender a nossa atenção e imaginação na narrativa, ou conseguir fazer-nos sentir investidos sobre o que se passa no ecrã. Existem alguns apontamentos de genialidade, alguns momentos em que vislumbramos aquela experiência que desejávamos sentir ao jogar um jogo deste género. Numa delas não disparamos uma única bala e é pura tensão e antecipação. Noutra sentimo-nos perseguidos, claramente em inferioridade e somos obrigados a realmente usar o detector de movimentos, quando confrontados com os Xenomorphs de Alien 3.
Let’s Rock, ou talvez não.
Os piores momentos de Aliens: Colonial Marines são as situações em nos vemos obrigados a combater contra outros soldados. Não só o combate é básico como não existe grande satisfação na mecânica dos disparos. A Pulse Rifle é cativante como sempre, com o seu som característico, e a caçadeira funciona às mil maravilhas contra os Aliens. Sentimo-nos como Hicks ( Eat This) no segundo filme ao desfazer em pedaços o Xenomorph mais afoite.
Mas tal como no resto das armas, nunca sentimos verdadeiro impacto dos disparos sobre os inimigos, por culpa dos efeitos visuais medíocres, ou os resultados são muito inconsistentes. Aliás, muitas vezes os inimigos nem sequer reagem quando as balas acertam, enquanto vemos simplesmente o retículo a piscar vermelho. As rotinas de AI não são brilhantes e os nossos companheiros têm a tendência a desaparecer de vez em quando. A certa altura vi-me a combater sozinho e depois de eliminar toda a oposição, decidir procurar por O’Neill (o eterno camarada do jogo) em vez de simplesmente avançar no jogo e fazê-lo aparecer magicamente mais à frente. O’ Neill estava muito esforçadamente a tentar descer um pequeno degrau, 500 metros mais atrás.
Grande parte da aventura é passada a abrir portas, e mais concretamente a esperar que elas abram, provavelmente porque a secção de mapa está a ser carregada. As texturas têm a tendência a demorar vários segundos a carregar, transformando-se o ambiente à frente dos nossos olhos. O jogo é bastante escuro, o que seria um artifício importante caso conseguisse construir momentos de tensão efectiva, limitando-se assim a oferecer pouca visibilidade.
Aliens: Colonial Marines é canon oficial da saga, e apesar de fazer algumas alterações à história que podem desagradar os fãs, a verdade é que os aficionados irão na generalidade gostar das referências aos filmes. Existe um sistema de coleccionáveis ao longo de todo o jogo e alguns destes elementos são muito satisfatórios de encontrar, como a caçadeira de Hicks ou a Smart Gun de Vasquez. Não vou esconder que o meu inner geek deu um gritinho de excitação ao ouvir a voz de Newt num audio log, e uma das forças do jogo está no facto de percorremos alguns dos locais do segundo filme. Ainda assim, parece-me que todo esse potencial acaba por se perder nas secções de jogabilidade pouco inspiradas e problemas de polimento.
Mais vale mal acompanhado.
Existe uma mecânica de progressão que é transversal a todo o jogo, e se faz sentido nos modos multijogador e cooperativo, a sua presença na campanha é mais uma pedra no sapato da envolvência. O ecrã de objectivos tem uma estrutura de scoreboard, existindo uma barra de experiência constante no ecrã, através da qual subimos de nível e ganhamos unlocks para desbloquear armas e attachments.
A estrutura aponta para um enfoque sobre o modo cooperativo, como se esse fosse o real objectivo da campanha. Os capítulos estão compartimentalizados, acessíveis avulso e entre níveis existe uma contabilização à lá shooter multiplayer padrão, com barras de experiência, nivelação de rank e todas aqueles artifícios que fazem sentido numa experiência multijogador, mas que em modo de campanha singular apenas servem para eliminar a envolvência narrativa. Jogar a campanha com outros jogadores pode ser fonte de algum divertimento, no entanto a dificuldade não escala com o número de jogadores, e com a ajuda dos companheiros NPC, o jogo fica demasiado fácil se não aumentarmos o desafio.
O multijogador oferece algumas variações dos modos típicos a que já nos acostumamos. Para além do Deathmatch, temos Extermination que é uma espécie de search and destroy de ovos de Xenomorph; o modo Survival em que a equipa dos Marines têm de sobreviver o máximo de tempo possível; e Escape, talvez o modo mais satisfatório, em que mais uma vez cabe aos Marines alcançar a saída enquanto caçados pela equipa dos monstros.
Os modos competitivos consegue trazer ao jogo alguma da força que esperávamos em termos de jogabilidade tensa e in-your-face, com o motion tracker a provar-se mecânica chave para este efeito. Ajuda também que os inimigos sejam controlado por jogadores e não simplesmente carne para canhão como na campanha. Aqui o jogo ganha outro folgo, com momentos de verdadeira tensão se jogarmos como Marines, ou de deleite predatório como Aliens.
Todas as mecânicas de progressão e desbloqueamento são comuns a ambas as equipas, possuindo os Aliens um conjunto de habilidades, classes e unlocks característicos. Talvez seja na progressão das classes Alien que os desbloqueamentos sejam mais funcionais, ao contrário dos Marines que se resumem a customizações estéticas e attachments de funcionalidade questionável. A progressão no modo multijogador fica a anos luz de distância dos outro títulos com foco sobre o multiplayer e competição online. Também o controlo dos Aliens deixa algo a desejar, pois apesar de ser na terceira pessoa, algumas localizações são bastante claustrofóbicas, dificultando a navegação dos bichos, em particular se tentarmos subir paredes ou andar no tecto. Ainda assim, saltar sobre um Marine perdido pelo mapa é tremendamente satisfatório.
Também no modo multijogador persistem problemas técnicos. O loading das texturas tem uma latência ainda maior do que na campanha, e sentimos spikes de lag, quebras de jogabilidade e outras imperfeições que reforçam claramente que o jogo tem falhas de polimento.
O melhor: As ligações narrativas aos filmes Alien; um par de secções de jogo estão bastante bem conseguidas; o modo competitivo Escape é muito satisfatório de jogar; motion tracker bem desenhado enquanto mecânica; ouvir a voz da pequena Newt num Audio Log; a Smart Gun da Vasquez.
O pior: tecnicamente datado, com problemas visuais, sonoros e falhas de polimento; demasiado foco em combates contra outras forças militares; na generalidade, não consegue criar um ambiente de tensão e urgência como deveria; mecânicas de progressão intrusivas no modo singleplayer; jogabilidade básica e desinspirada.
O apelo de Aliens: Colonial Marines é proporcional ao interesse que os jogadores tiverem na saga Alien. Para os aficionados poderá ser fonte de alguma satisfação nos momentos em que estabelece ligações aos outros filmes e em que percorremos localizações que conhecemos da saga que tanto gostamos. Existem momentos em o jogo brilha tenuemente, em que sentimos que estamos a jogar algo mais do que um shooter padrão, datado e desinspirado. Esses momentos não nos servem de consolo quando na maior parte do tempo estaremos em tiroteios corriqueiros contra soldados, em ambiências simplórias, corredores e mais corredores de localizações demasiado comuns. Talvez em modo cooperativo e competitivo exista alguma da emoção que procurávamos de um jogo Aliens. Ainda assim, os problemas são difíceis de ignorar num jogo que, apesar de funcional, peca claramente por defeito.
Análise da versão PlayStation 3
Comments (13)
Já estava à espera que fosse mais ou menos isto, até porque parece que a Gearbox só faz uma coisa em condições: Borderlands. Ainda assim hei-de lhe pegar daqui a uns meses pois como fã da saga tenho de o fazer.
Pedro, é um jogo destinado claramente aos fãs, apesar de desiludir.
vocês que já jogaram o jogo… isto é mesmo possível?! =|
se sim, isto é mau… muito mau!
eu que andava a pensar em arranjar este jogo… já não sei se o vou fazer… -.-‘
http://www.kotaku.com.au/2013/02/in-defence-of-that-alien-colonial-marines-gif/
Vigilante, a secção que referes no teu comentário é talvez a mais emocionante de todo o jogo. É um dos bons momentos que o jogo tem, mas que não foi explicado ao promenor na nossa análise para não estragar a experiência.
É um nível em que não disparamos uma única bala, e com jogabilidade furtiva. Apesar do aspecto dos Aliens, esse momento do jogo é fantástico. Até acredito que é exactamente esse aspecto que contribui para que sejam assustadores nesse contexto.
Mas infelizmente o jogo fica muito aquém do que deveria ser na globalidade.
[…] dúbio e toda a areia que nos foi atirada para os olhos nos meses que procederam o seu lançamento. Aliens: Colonial Marines não passou infelizmente de um engodo, de um produto de calendário de olhos feitos sobre uma […]
When I originally commented I clicked the “Notify me when new comments are added” checkbox and now each time a comment is added I get
four e-mails with the same comment. Is there any way you
can remove people from that service? Cheers!
ดี ข้อมูล โชคดีที่ ฉัน ฉันมาข้าม เว็บไซต์ของคุณ โดยอุบัติเหตุ ( Stumbleupon ) ฉัน บุ๊คมาร์ค มัน ภายหลัง !
It’s very easy to find out any topic on net as compared to books, as I found this
piece of writing at this site.
Wow, ths piece off writing is nice, my younger sjster is analyzing these things, thus I am going to inform
her. how to get 100 likes oon instagram for free
It’s nearly impossible to find knowledgeable people for this subject, but
you seem like you know what you’re talking about! Thanks
Heya i’m for the first time here. I came across this board and I find It
really useful & it helped me out a lot. I hope
to give something back and help others like you helped me.
Remarkable! Its actually amazing post, I have got much clear idea on the topic
of from this article.
Woah! I’m really enjoying the template/theme of this website.
It’s simple, yet effective. A lot of times it’s difficult
to get that “perfect balance” between user friendliness and visual appearance.
I must say you have done a very good job with this.
Also, the blog loads super fast for me on Safari.
Excellent Blog!