Era uma vez há muito tempo atrás e numa galáxia muito distante…
“Tenho uma mau pressentimento sobre isto…” – Obi-Wan Kenobi
Tenho uma teoria sobre os jogos de Star Wars que são baseados directamente na última trilogia (I, II e III): foram feitos à pressão e não fazem justiça à magnitude e peso que os filmes têm. Isto não vem como novidade tendo em conta que, salvo algumas excepções, os videojogos relacionados com filmes ficam sempre aquém do original e vice-versa. Star Wars: Episode I “The Phantom Menace” insere-se, sem sombra de dúvida, neste saco. A primeira vez que joguei este título tinha 13 anos e foi logo a seguir de ver o filme. Confesso que na altura, achei o máximo. Mas era uma criança, ignorante em Star Wars e, em parte, no mundo dos videojogos. Para mim, tudo o que estivesse directa ou indirectamente ligado aquela Galáxia distante parecia óptimo. Lembro-me de passar todos os níveis uma e outra e outra vez, de chegar ao fim e não querer que terminasse. Vivi mesmo o jogo. Passado alguns anos voltei a pegar nele, num rasgo de nostalgia. Que errado!
Criado numa parceria da Lucas Arts com a Big Ape Productions, o jogo foi lançado no ano de 1999, recebendo tanto boas como más críticas. Para perceber a falha da Lucas Arts com este título farei aqui um paralelismo com outros jogos lançados nesse ano:
Como podem verificar, algo, claramente, deve ter corrido mal durante o desenvolvimento do jogo. Damos por nós a jogar não com personagens, mas com formas geométricas a quem juntamos um sabre de luz ou uma pistola. O nosso campo de visão é tão reduzido que um droid pode estar a disparar contra nós sem sabermos onde está, isto porque o ângulo da câmara é de cima e só permite ver o que rodeia o nosso personagem. Em frente, camarada!… Não! Depois temos o voz acting, em que ouvir tanto o Obi-Wan Kenobi como o Qui-Gon Jinn é de si já uma saga de tão secantes que os diálogos são. Tenho perfeita noção que os Jedi são pessoas calmas e racionais, mas isso não significa falarem sempre num tom monocórdico. E o mesmo acontece com as restantes personagens jogáveis. Mas claro, nem tudo é negativo. Os cenários têm uma qualidade razoável para a época e a música é, obviamente, extraordinária, tal com os sons que vão acompanhando as nossas viagens. Nota-se que foram retirados directamente do filme, mas não deixam de transparecer a ideia de que temos um sabre de luz na mão ou que estamos a fugir de tiros laser.
A aventura neste videojogo leva-nos por onze níveis em quatro localizações diferentes. Quem viu o filme tem a vantagem de já saber a história, porque os pontos principais não diferem do que é contado na película, exceptuando alguns encontros com inimigos e vários puzzles que vamos resolvendo para seguirmos caminho. É um jogo afinal de contas, e foram criadas cenas específicas para entreter o utilizador. No total existem quatro personagens jogáveis: começamos com Obi-Wan Kenobi, aprendiz da Ordem dos Jedi; mudamos para Qui-Gon Jinn, mestre Jedi de Obi-Wan; e ainda conseguimos disparar umas armas na pele da Rainha Amidala e do seu fiel protector capitão Panaka. Pode ser cliché, mas a dificuldade é reduzida quando jogamos como um Jedi. Não só temos um sabre de luz, que nos permite protecção contra tiros, como podemos utilizar a Força, que ao ser accionada manda inimigos ao chão e ainda os deixa atordoados. Com as outras duas personagens só podemos usar pistolas e granadas (disponíveis também para os Jedi) o que significa não termos, praticamente, qualquer defesa contra os ataques dos diversos droids e bandidos que vamos encontrando.
Um pormenor interessante e que torna de facto o jogo mais desafiante, é a utilização de puzzles, que podem tomar várias formas. Estes obstáculos têm que ser ultrapassados pelo nosso personagem para que consigamos avançar no nível. Temos saltos em comprimento ou em altura, de pedra em pedra, ou plataforma em plataforma; exercitação das palmas das mãos com a quantidade extrema de botões em que carregamos; um programa específico para o desenvolvimento dos bíceps e tríceps e outros que tais, no qual empurrar ou puxar caixas do nosso tamanho leva à perfeição; corta-mato através da exploração de vários pântanos e encontros com espécies indígenas; e ainda uma fantástica caça ao tesouro no deserto, para nos ensinar as artes de negociação e persuasão. E é com estes desafios que o jogo ganha uma outra luz. Em vez de estarmos constantemente a fazer razias a tiros laser, temos também que puxar um pouco pelos neurónios.
Em Phantom Menace, existem vários bosses com quem nos cruzamos ao longo da nossa viagem. O primeiro encontro, no entanto, que temos com estes seres é durante a estadia no planeta deserto de Tatooine, estranhamente apenas no sexto nível do jogo. Foi algo que nunca consegui entender, até porque logo nesse planeta temos três encontros com três bosses diferentes. Posso afirmar com toda a certeza que estes inimigos são estupidamente mais difíceis que qualquer droid, robot ou metralhadora automática que nos atirem a cima. Mas, todos têm o seu truque para ser derrotados, seja estar imóvel numa escada a disparar tiros laser ou a utilizar sistematicamente a Força para os afastar do caminho. O truque é mesmo descobrir o que melhor resulta para cada boss.
Não posso dizer que a experiência de jogo é totalmente negativa pois existem momentos em que nos sentimos desafiados e entretidos. Se conseguirmos ignorar o facto de estarmos na pele de quadrados e rectângulos e se nos convencermos que somos um Jedi, um capitão ou uma Rainha podemos entrar no espírito desta viagem na outra Galáxia. A pressa para lançar The Phantom Menace foi aqui o maior inimigo desta aventura. Seria necessário polir mais os diálogos e em especial os personagens para poder ser considerado um bom jogo de Star Wars. Isso e, sem dúvida, mudar o estranho ângulo em que a câmara se encontra, de modo a permitir uma visão normal do que estamos a enfrentar. É complicado disparar para o infinito na esperança de atingir alguma coisa. No entanto, se existir uma pontinha de vontade revivalista de jogar títulos mais antigos de Star Wars, aconselho e ainda deixo algumas dicas que tanto me ajudaram quando era mais novinha.
…
Para quem jogar no PC, ao carregar na tecla backspace aparece um pequeno ecrã no jogo onde se colocarmos alguns destes códigos temos algumas surpresas:
iamobi – para jogar como Obi-Wan Kenobi
iamquigon – para jogar como Qui-Gon Jinn
iamqueen – para jogar como Rainha Amidada
iampanaka – para jogar como Capitão Panaka
heal it up – a barra de energia enche
i like to cheat – para obter todas as armas disponíveis no jogo
i really stink – para a dificuldade diminuir
i rule the world – para a dificuldade aumentar
kill me now – para cometer suicídio (quando não aguentamos mais a pressão)
“Existem vários caminhos que podemos escolher. Nem todos nós temos a sorte de encontrar aquele que a Força traçou para nós.” – Qui-Gon Jinn
Comments (6)
Ainda tou á espera de um verdadeiro jogo star wars… É pena nunca terem feito um jogao como outros nomes sonantes…uncharted..hitman…halo…etc Tinham pano pa mangas com o factor positivo de poderem inovar em termos de tec em todos os jogos da saga star wars que saissem..Nada me daria mais prazer ,sendo fã star wars, que personificar um jedi e partir tudo…
De Star Wars considero que já há muita tralha por aí mas também existem muito bons jogos:
– Star Wars Episode I Racer (até é desta altura)
– Os 2 KOTOR (Knights of The Old Republic)
– Star Wars Jedi Knight: Jedi Academy
– Star Wars: Battlefront II
O Force Unleashed prometeu muito mas não deixando de ser um bom jogo, não foi muito longe…
concordo plenamente João Pinheiro. esses são óptimos jogos! veremos como será o próximo Star Wars 1313. esse sim, tenho muita curiosidade. espero não ser um Force Unleashed. ;)
Lembro-me perfeitamente deste jogo, sobretudo porque acompanhou também o início da minha febre de Star Wars que começou, tal como tu, quando tinha 11 anos e vi o Episódio I pela primeira vez.
Embora as prequelas tenham sido o desapontamento que foram num franchise actualmente muito mal-aproveitado, sinto que não posso dizer que preferia nunca as ter visto porque, em retrospectiva, foram elas que me fizeram descobrir a trilogia original e, uns anos mais tarde, agarrar em jogos como Jedi Knight II e nunca mais os largar.
Bem haja!
A vossa febre começou com o episódio 1 quando tinham 11 anos. A minha começou com o episódio 4 quando tinha 11 anos. Estou velho… :)
ahah quem me dera q a minha febre tivesse começado com o IV. se bem q o meu favourite é o III… vou fazer uma escala p’ra vocês: III, V, VI, I, II, IV. vá, assassinem-me! xD