Freakyland

As Produtoras Grasshopper Manufacture e Digital Reality voltam com um título que  manifesta requinte pela arte. Depois de Sine Mora ser aplaudido por refinar os jogos do género e beber de influências passadas, Black Knight Sword traz também consigo momentos passados da era dos 8 e 16bit, transportando-nos um pouco para as grandes máquinas que extorquiam com regularidade as moedas do nosso bolso. As sombras chinesas/japonesas e da Indonésia enquadram-se num palco de teatro e modificam-se os panos de fundo que contam uma historial (in)temporal. Num contexto de fantasia negra, estes panos de fundo acompanham-se por caricatas, estranhas e grotescas criaturas, numa mescla inigualável de influências e visionadas também pela mente de Suda 51, CEO da Grasshopper Manufacture.

Shiu!

Shiu!

 

Liderado por uma espada, Black Knight terá de prosseguir o seu caminho contra um leque de figuras ficcionárias invulgares, estando estas ao serviço da rainha branca. O objectivo é encontrar a razão pela qual está preso num pesadelo e quem está a causar essa manobra sombria num conto que conta histórias com diferente carisma às que estamos habituados. Como jogadores, também poderemos encontrar-nos num pesadelo se não tivermos destreza para as proezas que o jogo requer e que sejam realizadas. A dificuldade não modificável está acima da média do habitual conceito de jogabilidade, e são inúmeras as repetições que possamos fazer para conseguir dar só mais um passo até ao próximo nível ou parcela deste. Felizmente, há um achievement que se consegue por morrer muitas vezes, e esse é fácil consegui-lo.

Black Knight é acompanhado por uma fada que lhe concede poderes especiais e um duplo salto. Juntos vão conseguir eliminar de perto e de longe os inimigos, accionar plataformas, aceder a partes mais altas, esquivar-se de abomináveis e seus ataques. Contudo, a mecânica do jogo é simples e pouco fluida, não garantindo uma boa experiência pela mobilidade do protagonista. Um simples swing com a espada repetidamente até ver os sangue jorrar em modo alongado, com apenas mais dois movimentos com maior poder durante o jogo inteiro, em que é quase tudo definido na horizontal e vertical mas havendo também oportunidade para agir na diagonal. Nada de 12º, 76º ou 124º. Com a destreza que é necessária pela complexidade e dificuldade, os controlos (o sistema de controlo) não é suficientemente bom para conseguir uma rápida resposta. Algo que em Sine Mora, por exemplo, estava muito melhor definido e preciso. E falando em Sine Mora, parece que utilizaram uma parte do código da anterior produção para aplicar em Black Knight Sword. Também é shooter, em parte.

Além do destaque pela arte, identifica-se como um side-scrolling de plataformas com zonas escondidas, outras difíceis de aceder e mais no final seriamente desafiantes. A sensação de movimento é garantida pelas mudanças de cenário do próprio teatro, algumas com um visual sombrio e outras refrescantes. Enquanto que se observa um escalar de dificuldade ao longo do conto de fadas, há uma maior relação de novidade pelos desafios com plataformas e obstáculos do que propriamente com novas criaturas. Ainda assim, Black Knight Sword reserva algumas surpresas alimentares saborosas que são os corações. Só não se bebe os rios de sangue que lhes sai das artérias.

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Desculpa, pensei que o teu coração era na cabeça. Mas pudera, és tão freak!

 

A progressão é maioritariamente focada em dificuldade, mas não é assente em muitos upgrades. Não há uma sensação do personagem evoluir constantemente, mas acedemos em checkpoints maioritariamente perto de uma “loja”, um monstro com muitas bocas que troca corações (não propriamente os que representam amor) por upgrades limitados e consumíveis. Troca-se por vidas, armadura quebrável, energia gastável ou maior barra, e poder especial consumptivo. Neste processo, temos 3 vidas à disposição para terminar um nível ou o próprio jogo. Perdidas as 3 vidas, voltamos ao início do nível (5 extensos no total) e pode levar a um frustração enorme porque não há loads directos. Isto é, teremos de aceder ao menu principal para voltar a prosseguir o jogo onde foi guardado (quando é lembrado guardar). Uma perca de vários minutos que quebra com o linear interesse que todos os jogos deveriam ter. E isto, podem crer, é um grande fail que podem confirmar a jogar.

Além de Story Mode, some-se o modo Arcade e Challenge. Um é o mesmo por tempo, outro é dedicado a pequenos desafios diferentes. São modos que conferem mais um tempo de diversão ou para digerir aquela hora que não saímos do sítio.

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Seis bocas juntas dá uma de Mick Jagger.

 

O melhor: A arte gráfica, invulgar e etérea; A narração.

O Pior: Sistema de combate básico e pouco manobrável, deitando abaixo muitas oportunidades de sucesso; Repetição de bosses e susceptível a desistência de jogar pela dificuldade. E o load de acesso rápido? Y U NO LOAD?!

Mortos em cima de porcos-moto, águias pugilistas, cavalos de xadrez que saltam com mola, cabeças em ventres, e tostas, é complicado avaliar o mais estranho. E além destes, haverá muitos outros a descobrir, mas não irei identificá-los pois é um dos factores que nos pede mais investimento no jogo. A parcela da mente de Suda é a melhor explorada. Se pretendem um jogo por mero divertimento é melhor mudar de canal, pois Black Knight Sword não fará a vida fácil e prologar-se-á não por longevidade, mas por dificuldade. Este é um jogo para amantes de arte e não tanto para amantes de um bom argumento ou embrenho. Impera a dificuldade e os replays terão um som parecido como aqueles tempos em que inseríamos moedas seguidas nas arcadas. Uma viagem aos clássicos old-school. Por isso, Beware!

 

Versão analisada: Xbox 360 via Xbox live. Também disponível para PS3 via PSN.