Nada é Impossível para aquele que persiste. – Alexandre o Grande

Se forem persistentes, serão bem sucedidos em A Walk in the Dark, caso contrário morrerão na praia. É também fruto da persistência, a criação deste Indie de plataformas, desenvolvido em Portugal (sem qualquer tipo de apoios) por um pequeno estudio independente chamado Flying Turtle Software.

Com um grafismo a roçar Limbo e uma mecânica muito semelhante a Super Meat Boy e VVVVVV, A Walk in the Dark remete-nos para um mundo sombrio em que um gato chamado Bast supera desafios, em busca da sua acarinhada dona Arielle, que foi raptada por uma estranha criatura da noite.

Jogamos com ambos os personagens; uns níveis com o gato Bast, outros com Arielle. Bast é ágil e rápido. Com ele damos amplos saltos, trepamos paredes, esquivamo-nos de ouriços, morceguitos e pequenos torpedos. Com Arielle somos capazes de inverter a gravidade, passando a ter a possibilidade de caminhar na parte superior do nível, saltitando de plataforma em plataforma, perspicazmente, na tentativa de nos pouparmos a um empalamento nos inúmeros espetos estrategicamente dispostos pelo cenário, para nos fazerem a vida num inferno.

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Frieza de movimentos é o que se exige.

 

Existem 100 níveis para superar. Se os primeiros níveis são canja, servindo apenas para absorvermos as mecânicas de jogo, os seguintes são autênticos desafios que nos levam a invocar os nossos super poderes humanos de persistência, paciência e perícia. A conclusão de cada nível ronda mais ou menos 1 minuto, alguns menos até, mas na realidade damos por nós a passar cerca de 30 ou mais minutos num único nível! Pessoalmente estive cerca de 1 hora em um ou outro nível, para o concluir. De frisar que sempre que morremos, voltamos ao início do nível corrente. O grau de dificuldade vai aumentando de tal forma que por vezes os obstáculos nos parecem impossíveis de transpor. Volta e meia, apetece desligar o jogo e não mais olhar para ele, mas o sabor de conquista deixa-nos com uma sobrecarga tal de entusiasmo para o nível seguinte, que desistir não é permitido. Este é um jogo onde se aprendem com os erros e em que a prática leva quase à perfeição, para que o sucesso seja garantido.

Em completa simbiose com o grafismo de A Walk in the Dark, está a sua banda sonora. É sublime e bem arquitectada, em absoluta concordância com a acção do jogo. Diria que é o elemento chave que confere identidade a Walk in the Dark.

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Upside down, Boy, you turn me. Inside out, and round and round.

 

Há que salientar a presença de um bug, que ocorre de forma regular, que causa incomodo. Ocorre tanto com Bast, como com Arielle: quando damos um salto mal calculado e os personagens em vez de caírem e morrerem de imediato, ficam como que encalhados e a levitar na beirinha das plataformas. Se é para morrer, que seja morte rápida caramba!

A Walk in the Dark está actualmente em votação no Steam Greenlight e disponível para compra directa no site do jogo.

O melhor: A banda sonora e o design dos níveis; grau de dificuldade progressivo e desafiante; preço super acessivel;

O pior: Ausência da língua de Camões nos menus; má jogabilidade se jogado com teclado (aconselhado a jogar com comando); presença de um bug que acontece repetidamente.

Flying Turtle Software: games made with passion. É assim que se identifica este pequeno estúdio independente. E foi certamente essa paixão, aliada à persistência que os fez embarcar neste epopeia Portuguesa que resultou num indie de mecânicas afinadas. Com claras inspirações nos sucessos independentes do últimos anos falta apenas a este jogo ir um pouco mais além na originalidade, na diversidade e numa personalidade mais própria. 

 

A Walk in the Dark é um exclusivo PC