Who ya gonna call? LUIGI!

Volvidos 12 anos do aclamado Luigi’s Mansion para a Gamecube, eis que nos chega Luigi’s Mansion 2, pela canadiana Next Level Games. Dizem os rumores que Luigi passou este interregno a caçar a Pomba Gira e outras incarnações de Linda Reis por território nacional, mas estas são informações não-confirmadas e às quais não queremos dar demasiada importância.

Stop! Hammer time!

Stop! Hammer time!

 

No início do jogo Luigi é retirado da pacatez do seu lar pelo Professor E. Gadd, o insano cientista e protagonista da série, cujo trabalho de investigação se debruça sobre os fantasmas de Evershade Valley – simpáticas criaturas coabitantes do Vale – e que mais uma vez necessita da ajuda do irmão cobarde do canalizador mais conhecido de sempre. A Lua Negra que respeitosamente observava o Vale, majestosa e altiva no céu, e que mantinha amigáveis os espíritos do Vale foi roubada, e cabe-nos a nós, pela mão trémula de Luigi, a tarefa de a recuperar. De forma relutante lá seguimos pé ante pé, com medo da nossa própria sombra, pelos jardins assombrados da primeira mansão.

A apresentação visual, logo desde o primeiro contacto, é impressionante. A exploração das capacidades multi-plano da 3DS com bons efeitos de luz e sombra, conseguem incutir um efeito de medo a um jogo, que sendo PEGI-7, tem um ambiente misto de humor e suspense na maioria das salas em que visitamos. A criatividade utilizada nas diversas animações – é possível encontrar fantasmas em situações diferentes à medida que exploramos as 5 diferentes mansões – garantem um espírito inovador e nunca enfadonho à exploração dos mapas. A banda-sonora que o acompanha recria bem o ambiente, conferindo-lhe um aspecto cénico que se enquadra na perfeição com o jogo.

Luigi's-Mansion-2-

Memórias da saudosa Feira Popular de Lisboa!

 

Assumindo-se como um jogo de aventura, em que o combate e a caça aos fantasmas resume-se a apenas um terço do próprio jogo, a criatividade e dificuldade dos puzzles apresentados são bem recebidos no panorama actual. Se muitas vezes é-nos simples de admitir que o mercado mais mainstream de jogos está a conduzir a uma efemeridade e até, a um emburrecimento dos jogos, a realidade é que Luigi’s Mansion 2 é verdadeiramente desafiante e concede, muitas vezes, aquela dificuldade e a necessidade de engenho mental que alguns consideram perdidos no final dos anos 90. É perfeitamente natural ter de parar alguns segundos (ou mais) a olhar para uma sala (ou salas) e tentar perceber a resolução de certo obstáculo, enquanto nos apercebemos de que os nossos músculos faciais rasgam um pequeno sorriso quando temos sucesso. Para resolver puzzles (e para combater) temos algumas armas à nossa disposição: o Poltergust 5000, o aspirador de fantasmas, que serve também para interagir com elementos no cenário e apanhar dinheiro; a lanterna de luz branca (com a qual atordoamos os fantasmas) e a lanterna de luz negra, que permite desvendar ilusões e elementos (fantasmas ou cenário) que estão escondidos. Todas estas ferramentas utilizam da melhor forma as capacidades de hardware da Nintendo 3DS, fazendo-se valer do giroscópio para apontar qualquer uma delas, e permitir ao jogador mais exigente uma busca completa de cada uma das salas.

-Luigi's-Mansion-2-

Estás a olhar p’ra quem?

 

O equilíbrio da componente de combate está perfeitamente conseguida, pois nem se torna excessivamente fácil, nem excessivamente presente no jogo, ou seja, o combate é um meio de por à prova algumas capacidades de controlo do jogador e de permitir a progressão no mapa (e em Capítulos). Se de início os combates são simples, limitando-se à utilização da luz para atordoar e o Poltergust 5000 para aspirar os inimigos, à medida que o jogo avança e uma variedade maior de inimigos surgem, temos de adoptar uma postura mais táctica e de maior reflexão de posicionamento espacial para derrotar múltiplos adversários, com distintas habilidades. Esta diversidade e necessidade de adaptação é o que impede o combate de se tornar repetitivo. A diversidade existe, não só nos fantasmas comuns, mas também nos Bosses de final de nível, dos quais obtemos os fragmentos da Lua. O antagonista é mais uma vez King Boo, o gigantesco e maquiavélico fantasma que assombra as séries dos 2 irmãos canalizadores desde a sua criação, no primeiro Luigi’s Mansion. Se o Luigi ficar sem HP, e se tiver encontrado um osso dourado na missão em que está presente, um Polterpup (um cão fantasma que é figura muito presente ao longo de todo o storyline) reanima-o, ao velho modo de “vida extra”. Caso não tenhamos esse osso, teremos de recomeçar a missão sem qualquer avanço guardado, o que dificulta e muito a nossa prestação, mas que confere um sentido de dificuldade que há muito faltava em jogos do género, visto não existirem quaisquer saves intermédios dentro de missões. Apenas quando finalizamos uma missão é que atingimos checkpoints.

Luigi's-Mansion-2_

Todos juntos. E… puxem!

 

Para além da componente single player, e a genialidade óbvia da campanha que transparece dos primeiros segundos do jogo até ao seu clímax, com desafios fortes o suficiente para apaixonar o jogador mais ou menos completionist, o risco deste título reside, sem sombra de dúvida, na componente multiplayer de seu nome Thrill Tower. Se à priori podemos achar que é difícil conseguirmos boas mecânicas de interacção multi-jogador com um jogo como este, a realidade é que os 2 modos disponíveis são extremamente bem conseguidos (um terceiro existirá, suponho, após o lançamento do jogo): o de Hunter, em que nos podemos juntar a três outros jogadores, e qual serviço de limpeza fantasmagórico, exterminar toda a presença sobrenatural em cada piso da torre o mais rápido e eficazmente possível, e em que os jogadores têm de aliar esforços para ultrapassar cada vaga de inimigos; e a outra, a de Rush, em que um grupo de até 4 jogadores tem de se unir para procurar, em contra-relógio, um alçapão que contém um baú de tesouro. Um terceiro modo, não-disponível até ao lançamento do jogo, em que os jogadores têm de encontrar Polterpups com a luz negra e capturá-los no menor espaço de tempo possível.

O melhor: a dificuldade e o desafio imposto pelos puzzles, os pequenos pormenores visuais e sonoros que abrilhantam cada cenário ao mais ínfimo detalhe, jogabilidade fluída e inventiva com mecânicas que se ajustam à resolução de obstáculos e ao combate.

O pior: algumas das missões podem soar semelhantes entre capítulos.

Luigi’s Mansion 2 fará parte de qualquer top de jogos obrigatórios de 3DS, hoje e daqui a 100 anos. É sem dúvida um dos melhores, senão o melhor título feito para a nova portátil da Nintendo. Se é anunciado 2013 como o “Ano do Luigi”, a realidade é que o brilhantismo e o desafio criados com esta nova aventura há algum tempo andam longe dos jogos do seu irmão Mario. Os inúmeros “piscares de olhos” que o jogo faz em referência a inúmeros outros objectos da memória colectiva (como a abertura à la Poltergeist), fazem-nos desejar que na equipa constituída por Venkman, Egon, Ray e Winston, houvesse espaço para mais um Ghostbuster: o pequeno e medricas Luigi.

9

Sobre as análises e sistema de classificação

Luigi’s Mansion 2 é um exclusivo Nintendo 3DS.