Predador mor: Prophet.

Num ambiente semi alienígena, de um além desconhecido que encontra a terra, Prophet reaparece após vinte anos. O mundo em ruínas onde crescem e se fundem savanas e florestas, onde as ervas crescem num chão rasgado pela guerra e alinhado com a força das estruturas metálicas, transformou-se nas mãos da organização CELL que monopolizou a energia mundial de tecnologia Ceph. Esta energia serviria inicialmente para gerar energia grátis e ilimitada ao Mundo inteiro, mas a ganância revelou-se desmedida de falta de moral com a falta de concorrência. Como qualquer mega corporação, usam as debilidades das pessoas e os devedores são atirados para campos de voluntários, ou como quem diz: “Vão limpar as matas”. Iremos finalmente confrontar Alpha Ceph, o pai de todos os Ceph, com o fato – o Nanosuit – que nos vai permitir controlar as armas mais destrutivas e ganhar um poder extremo igualado aos próprios aliens. Desta vez o poder de Prophet vai aproximar-se mais ao designado Super Soldado.

Tira de novo a foto. Fiquei corcunda.

Tira de novo a foto. Fiquei corcunda.

 

Um super Soldado não é moldado só de força ou velocidade, mas também de várias aptidões com tácticas que lhe permitem “Aceder, Adaptar e Atacar”: os três meios para experienciar Crysis 3 como um first person shooter dos mais originais. No entanto, esta originalidade parece ter desvanecido com os seus antecessores títulos. Somando ao CryEngine 3, um motor que foi em tempos um dos mais exímios, mas que parece não ter acompanhado alguns dos novos projectos que surgiram ultimamente na área dos Videojogos. O que se espera ou se esperava da Crytek é ou era a manutenção da capacidade de mostrar ao Mundo o que se faz com tecnologia de ponta. Tal cenário não é verificado com Crysis 3 mas, mesmo assim, não se afastaram plenamente em criar um dos jogos mais aguardados de 2013 e rico ao demonstrar a sua mestria fotorrealista. Mais um ano em desenvolvimento poderia ter colocado este título no patamar que merece, talvez com consolas de nova geração. Podia também servir, este tempo extra, para limar as muitas imperfeições que ferem uma notável qualidade gráfica e de jogabilidade.

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Gente, se fosse o meu jardim, não estava assim…

 

Na primeira volta em campanha normal, não consegui reter qualquer maior valor do seu antecessor. Novas armas, personalização das mesmas, upgrades do Nanosuit e uma continuação de carisma épico trouxe algo de novo à série. Mais que um sentido hollywoodesco, atinge proporções apoteóticas e de armageddon, mas sem criar grande empatia ou levando o jogador a ficar emotivo e chorar num pranto. Por isso, senti necessidade e decidi engrenar numa segunda volta como Super Soldado (hard mode). O resultado foi mais sério e digno de um Tactical Shooter, mas terminei sem que uma gota escorresse a face ou quisesse voltar, de novo, a percorrer selva urbana de Nova Iorque, Rússia ou as grandiosas instalações da CELL. Contudo, a prova foi verificada. Isto é, Crysis 3 ganha mais ao ser apreciado enquanto táctico, aproveitando as funcionalidades das armas e do Nanosuit, e conseguindo gerir ao longo do caminho as variadas formas de abordagem.

Várias podem ser as abordagens em Crysis 3, e que se podem subcatalogar por Inimigo, Trajecto e Resolução. Podemos exterminar todos ou ficar indetectáveis; podemos entrar pela porta da frente ou encontrar um caminho subterrâneo escondido; podemos usar as próprias armas ou criar acidentes. Não vão faltar soluções para vários tipos de jogadores, com acção acrescida, stealth e criatividade. Estas três soluções ganharam melhores contornos com a adição de um novo brinquedo que Prophet tem em mãos: um arco e flecha composto que, ao contrário das restantes armas, deixa o soldado invisível. Está aberta a época de caça. Espetados na parede com a velocidade da flecha, ficam nervosos e vigilantes em qualquer canto das salas e ambientes abertos, e afirmam que estão a ser caçados, quase ao ponto de chamarem a mamã. Caçados como animais, electrocutados, queimados, enganados e atraiçoados pelos silenciosos passos que se aproximam pelas costas. Com faca no pescoço ou quebrado pela força dos braços, um a um vão caindo pelo chão. Mas, caso algo corra mal, e muito pode correr mal pelo imprevisto ou por falta de estratégia ou por falta de paciência, as forças aumentam num chamamento de reforços. Será certamente o início de uma chacina e o teste às armas de fogo humanas e não humanas. Será também um teste à capacidade do nanosuit pelo forte escudo que se mantém por determinado tempo, tal como por um tempo estabelecido se mantém a invisibilidade. Nada dura para sempre, pois o consumo de energia é limitado, mas que deverá recarregar rapidamente, quando o fato não é obsoleto em determinadas fases.

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B(l)ow machine

 

O Gameplay não se alterou muito em relação ao seu antecessor mesmo com a soma de opções, armas ou pelo combate. Houve intenção de fazer chegar aos fãs maior embrenho desde o início da história de Crysis, apresentando um resumo da luta pela sobrevivência que antecedeu a este seguimento. Se nos antecessores somos atirados para uma vasta acção de tiroteio com força de semi-deuses, no terceiro título somos atirados para uma acção mais explicativa com força de deuses. Com o regresso de Psycho, que a CELL desenraizou o nanosuit do seu corpo, Prophet vai criar um laço de empatia inusitada. Psycho voltou a ser mortal, debatendo-se com a ideia da morte e não aceitando estar menos apto que o seu ex colega de serviço especial. Enquanto este se debate com o fim da singularidade e demonstrando que não perdeu os seus dotes pela privação do fato, Prophet centra-se em terminar com a raça alienígena. Os dois vão estar em contacto constante e pisar o mesmo solo em várias circunstâncias, tornando o enredo um pouco mais rico que os antecessores. Entretanto, é a melhor adição entre o resto das personagens, e não esperem uma opção co-op para testar a habilidade de Psycho.

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Toma esta arminha para ficares com alguma desvantagem. Vá lá.

 

Enquanto em campanha a solo não se verifica reinvenção, em Multiplayer consegue chegar mais longe. As próprias capacidades são utilizadas para obter uma experiência multiplayer mais imersa e divertida do que normalmente se encontra em FPS. Lidamos com outros dotados de nanosuit num ambiente caótico controlado, com mapas bem elaborados, com uma série de modos e uma panóplia de armas. Clássicos modos deadmatch, team-deadmatch e capture the flag assumem-se como outros (enaltecendo-se pelo estilo do jogo), acrescentando modos únicos tal como Hunter. Dois dotados de nanosuit contra uma equipa de operativos da CELL: Caça aos patos. Existe uma motivação maior para jogar no modo multiplayer, pois não se trata apenas de contemplar quem elimina mais adversários a partir dos leaderboards. É também derivado de astúcia, acampamento (hum), objectivos e trabalho em equipa. É divertido e Aditivo.

O melhor: Multiplayer, não querendo dizer que é o melhor até hoje desenvolvido; adição do arco e flecha; melhor narrativa que os antecessores; a beleza e a grandiosidade dos cenários.

O pior: A condução de veículos; Falta de polimento que se espera da Crytek; vários glitches aparecem no modo solo e multiplayer; Inteligência artificial não sofreu alterações, se não acompanhou esta (pouca) evolução da série.

A evolução da série esteve nas mãos da Crytek e da Electronic Arts, transformando o terceiro título relativamente pouco em relação ao antecessor. Épico, demasiado. Hollywoodesco, demasiado. É o possível armageddon, num sentido de levar ao máximo as emoções fortes. Não, não é, mesmo entendendo ser o intuito. Continua a ser um ícon da indústria, mas esperava-se reinvenção, o que não teve em absoluto. O modo multiplayer online salvou de uma crítica mais brava, permitindo fornecer uma razão plausível na aquisição do jogo. Mas, mesmo assim, o universo Sci-fi de Crysis continua a debater-se entre os melhores do género e garante tudo menos frustração pela jogabilidade. Antes pelo contrário, é fluído e continua a merecer o respeito dos fãs.

Versão analisada: Xbox 360. Também disponível para PS3 e PC.