“O manto do lado negro caíu.”
Yoda
Quando em Novembro foi anunciado que George Lucas tinha vendido a sua criação à Disney, as opiniões da maior parte dos fãs de Star Wars foram negativas e contra esta decisão. Era esperado que algo do género acontecesse. Afinal, Lucas já tinha participado a sua intenção de se reformar e, claro, seria algo inevitável. Na altura compreendi e pensei que, de facto, o futuro da Galáxia estaria bem entregue. Não só as operações foram passadas para Kathleen Kennedy, braço direito do criador na LucasFilm, como estamos a falar da Disney, que já tanta magia criou para miúdos e graúdos. Segundo também a entrevista dada por Lucas e Kennedy, disponível no canal de Star Wars no YouTube, o futuro parecia promissor, sendo o objectivo expandir ainda mais o Universo com a realização de novos filmes, mantendo Lucas com consultor. E demorou até a Disney cometer os primeiros percalços e a dar ainda mais razões aos fãs para expressar o seu descontentamento e preocupação.
Começou este ano, inicialmente com a paragem na produção do jogo Star Wars: 1313 pelo motivo de existir uma necessidade de concentração extrema na produção da nova trilogia, e posteriormente o cancelamento da série animada Star Wars: The Clone Wars. Star Wars não são só os filmes, muito pelo contrário. A quantidade de histórias que já foram contadas no universo expandido da saga em jogos, romances, banda desenhada e em séries televisivas é de chorar por mais. É isso que torna esta Galáxia tão interessante e que cativa os fãs. É saber que existe muito mais para além dos filmes, saber que existem milhares de histórias que se interligam umas com as outras levando àqueles momentos que assistimos no cinema ou partindo dos mesmos. Retirar partes e terminar histórias a meio vai apagando aos poucos a chama que queima em fúria desde 1977.
Durante o dia de ontem a Disney tropeçou outra vez. Um tropeção que custou o emprego a 150 pessoas e que deixou, mais uma vez, a comunidade de fãs do franchising numa pilha de nervos. A LucasArts, responsável pela publicação dos videojogos de Star Wars e ainda pelo desenvolvimento e produção de outros títulos, como Monkey Island ou Maniac Mansion, foi fechada e os jogos que estavam a seu cargo cancelados, nomeadamente o tal shooter mais aguardado dos últimos tempos, Star Wars: 1313. No comunicado feito à imprensa pode ler-se: “Depois de avaliarmos a nossa posição no mercado de videojogos decidimos alterar a LucasArts de produtora interna para um modelo de licenciamento, minimizando assim os riscos para a empresa enquanto se atinge um maior portfólio de qualidade nos jogos de Star Wars. Como resultado desta mudança tivemos despedimentos em toda a organização.” É certo que já há algum tempo que a LucasArts necessitava de ser limada e também não é de estranhar que a Disney não queira fazer essa aposta, tendo em conta que já tem a sua própria produtora de jogos. A questão que se coloca é esta constante necessidade de interromper o que existe na Galáxia distante para a atenção ser apenas focada num único objectivo: a nova trilogia.
Vendo a Disney como uma empresa de importância no mundo do entertenimento que é, e sabendo o excelente trabalho que tem feito com a Marvel e a Pixar, custa a acreditar que Star Wars não seja outro caso de sucesso. Com um projecto tão grande em mãos é natural querer unir esforços para que o resultado final seja de igual ou maior impacto cultural que as trilogias anteriores. No entanto, isso não significa descurar outras histórias do universo expandido que já tantas alegrias trouxeram aos fãs ou que, no caso de Star Wars: 1313, poderiam ter trazido.
“É claro que a República já não funciona. Espero que consiga trazer sanidade e compaixão de volta ao Senado.”
Queen Amidala