Sacrificar ou salvar, são imperativos que vão perdurar durante a batalha entre feiticeiros e monstros de uma época longínqua, num mundo fantasioso e negro com criaturas disformes quase numa tangente concepção de H. P. Lovecraft. Não que se deva comparar a arte e visão do famoso designer Keiji Inafune, mais conhecido como o pai de Mega Man e produtor executivo de algumas versões de Street Fighter, Lost Planet, Dead Rising, entre outros. O que liga Lovecraft a Inafune na criação de Soul Sacrifice, é o ênfase no horror de algo desconhecido e nada vulgar. Em Soul Sacrifice, como o nome indica, vão existir sacrifícios e iremos libertar ou sacrificar o monstro, a alma, a arma ou um utensílio, havendo sequência e consequência dessas escolhas. Em certas fases para sair vitorioso, é preciso pagar um preço bem alto, típico de horror lovecraftiano. As relações sinistras, as questões por responder que nos absorvem naquele conto macabro e inumano forjado de palavras remotas, simbolizam mais algumas características lovecraftianas que podemos também observar em Soul Sacrifice.

E se ainda não estiverem de acordo com esta analogia, comecemos pelo início da história. Somos um escravo pronto a ser sacrificado por um temível feiticeiro, enjaulados numa pilha de ossos, quando aparece um demónio em forma de livro falante. O seu nome é Librom. Mexe-se, fala gentilmente e com humor, tem uma boca com dentes feios, dois olhos – um pequeno e outro grande – típicos de um demónio como uma palavra “Oblivion” estampada.

Librom-soul sacrifice

 

O meu primeiro pensamento guiou-me à criação de H. P. Lovecraft: o Necronomicon, um livro muito conhecido por ser reaproveitado na série de filmes Evil Dead e Army of Darkness. Este último quebrou com o conceito da série, tornando-se um marco nesta área de fantasia e comédia negra. No excerto do filme que podem ver a seguir, aparecem três exemplares do necronomicon: o vacuum, o trincas e o verdadeiro. O trincas é aquele que deve aproximar-se mais a Librom.

 

Librom é o centro do sistema de quests, personalização e upgrades. A partir dele será desvendada a história do feiticeiro que nos mantêm cativos e das lutas épicas contra os monstros. Monstros que pronunciam uma vasta influência e de difícil enquadramento, conferindo que os Japoneses são mestres em concept de personagens. Há todo um charme macabro neste universo e nestas criaturas, e por mais gigantescas que sejam, acabam por desvendar em si um lado humano que devemos julgar sem piedade.

Neste mesmo universo, o atraente não são só as diversas monstruosidades. São também as muitas habilidades em constante mutação e o quanto nos vão permitir fazer face a essas monstruosidades. Somos feiticeiros dotados de poderes de destruição, regeneração e transformação onde a magia se funde com a natureza. Somos dotados de habilidades – os sacrifícios – impressas no braço e ainda de ofertas em troca de um poder sobre-humano, como por exemplo o acordar de uma grande besta de fogo em troca de perca defensiva. Estas são escolhas que fazemos ao sacrificar algo que é nosso. Do nosso próprio corpo. Não sacrificamos apenas os outros ou o que é de outros para aumentar o nosso poder.

Oh, és feio!

Feio!

 

O que também se demonstra atraente neste RPG de acção é o modo cooperativo até 4 jogadores, cada um com um sistema diferente de combate. Cada jogador, ao ponto de quase morrer, pode ser salvo ou sacrificado por outro jogador e é possível fazer um pedido: Save me! Save me! Save me! e repetidamente até alguém perder a paciência e sacrificar-nos. Esta opção deverá permitir ganhar bónus e servir para uma causa maior. Ao longo da jornada negra vamos acolhendo uma party com aliados e cada um destes terão características diferentes para destruir inimigos geralmente poderosos. Garantidamente poderosos.

Pelo acesso ainda limitado ao jogo que a Sony nos concedeu para escrever esta antevisão, permitiu perceber que as anómalas criaturas não serão fáceis de executar e será importante uma party consistente e variável. Infelizmente ainda não tivemos acesso ao modo multiplayer, mas teremos oportunidades para vos transmitir o que Soul Sacrifice vai ou não causar: Uma lufada de ar fresco no catálogo da PlayStation Vita. Muito difícil dizer que é uma transformação ou início desta, mas que Soul Sacrifice entra num ritmo de dança diferente para esta consola portátil, isso já é confirmado.

Este exclusivo da PSVita vai ser lançado no dia 1 de Maio, mas já podem jogar a demo a partir do próximo dia 17 de Abril, via PSN.