Quem não tem consola têm agora uma excelente oportunidade de conhecer um dos melhores independentes de 2012. Se há jogo maior que a soma das suas partes, esse jogo é FEZ: com um tempo de desenvolvimento de cerca de 5 anos, um período demasiado longo para a boa saúde de qualquer jogo; com a presença no famoso Indie Game: The Movie; com a conquista do Grande Prémio Seumas McNally no Independent Games Festival; com os comentários polémicos e personalidade própria do seu criador Phil Fish. Para um jogo aparentemente tão pequeno, FEZ gerou muito hype, muita tinta e alguma celeuma.
Tudo isto acaba por ser secundário ao que é realmente valoroso na obra da Polytron. FEZ é maior que a soma das suas partes, mas enquanto objecto artístico e videojogo mágico. É uma experiência de exploração, plataformas e puzzle extremamente densa, e por vezes até um pouco inteligível, mas que nos oferece tanto, por um punhado de euros. De fácil acesso, com as suas mecânicas clássicas de plataformas, FEZ tem na mudança de perspectiva uma mecânica nuclear, e sobre a qual o jogo se organiza, mas o alcance dos seus puzzles vai muito mais além do que o domínio das suas mecânicas base. É aqui que os jogadores se podem sentir perdidos, quando se apercebem da existência de puzzles que estão fora do racional que o jogo nos apresenta inicialmente. Alguns deste puzzles apenas podem ser resolvidos depois de acabarmos o jogo pela primeira vez. Outros requerem mesmo uma mudança da nossa perspectiva, perante a forma como interagimos com o jogo. Jogar FEZ é uma descoberta constante.
Podem adquirir o jogo directamente na Polytron, no GOG, ou Steam onde também têm a banda sonora disponível. Uma das melhores OST do ano passado, a música de FEZ é da responsabilidade de Disasterpeace (Rich Vreeland), um nome que se tem agigantado nos últimos anos como excelência na criação de chiptunes e paisagens sonoras de estética retro. Um reconhecimento que já tardava.
Se ainda não tiveram a oportunidade de jogar FEZ, avancem sem medo. E se alguma vez se sentirem avassalados pela dimensão e complexidade do mundo de Gomez, parem alguns minutos. Observem apenas o mundo, ouçam os seus sons e deliciem-se com a atenção ao pormenor que vos rodeia. Quem sabe se de repente não exclamam em voz alta, a solução daquele puzzle que não o era, mas que no fundo só podia ser.
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