Sinto sempre alguma tristeza quando a maior parte das pessoas que me falam da Wii apenas referem o divertimento de sessões de Wii Sports em família. Alguns dos melhores jogos de todos os tempos, ao nível de mecânicas inovadoras, fizeram parte do catálogo desta consola da Nintendo mas passaram ao lado de muitas pessoas que a compraram. Donkey Kong County Returns foi um desses jogos, um título de plataformas perfeito que levou a série e todo o género quase ao nirvana.

Felizmente Donkey Kong tem agora uma segunda oportunidade de chegar às jogadoras e jogadores, e desta vez numa plataforma que não têm tantas distracções similares a Wii Fit. Donkey Kong Country Returns 3D é uma adaptação do jogo para a Nintendo 3DS e, no showroom da Nintendo Ibérica, podemos confirmar que continua tão genial como antes, mesmo em versão de levar no bolso.

E depois mergulhar numa banheira de álcool.

E depois mergulhar numa banheira de álcool.

 

O jogo é praticamente idêntico ao original com apenas alguns compromissos visuais. A 3DS não consegue atingir (curiosamente) o poder de processamento da Wii original, por isso o jogo foi reduzido para 30 frames por segundo em vez dos 60 da primeira versão. No entanto isto não provoca quebra de jogabilidade, uma vez que estamos em ecrãs muito mais pequenos do que os de um televisor. O que o jogo ganha nesta consola é no efeito 3D, pois a série sempre foi conhecida por utilizar o 2.5D real ou falso para criar um sentido de profundidade entre os personagens, adereços e cenários. Com o efeito 3D estas camadas saltam ainda mais à vista e o jogo fica deslumbrante na portátil. Infelizmente, quando o Kong passa para planos de acção mais distantes a consola mostra limites de resolução e aqui convinha a Monster Games ter aproximado mais o background nestas sequências.

A jogabilidade, essa, continua perfeita e praticamente impossível de apontar algum defeito. Num momento em que os jogos de plataforma de Mario começaram a acusar a repetição, Country Returns foi uma lufada de ar fresco no género ao introduzir muitas surpresas ao longo da enorme campanha com muitas mecânicas novas entre Donkey Kong e Diddy Kong, incluindo as mecânicas com os dois combinados, e um enorme respeito e regresso a tudo o que já tinha sido bom na série. Este foi provavelmente o jogo de plataformas (2D) mais bem afinado de todos os que foram lançados para a Wii. E também um dos mais difíceis.

Gorila à lagareiro.

Gorila à lagareiro.

 

Donkey Kong Country Returns foi um jogo imperdoável e é aí também que reside muito do respeito ao passado. Com apenas dois corações para cada um dos personagens, o jogo levava até o mais hardcore dos Nintendistas à fúria, desespero ou lágrimas. Daí que nesta versão 3DS uma das maiores novidades seja o New Mode, um modo de jogo que adiciona mais um coração de vida e que faz toda a diferança, tornando o jogo mais acessível aos jogadores menos pacientes. O modo original está obviamente incluindo e basta terminar qualquer um para aceder a um oitavo mundo original com mais níveis, totalmente novos nesta versão.

Mesmo neste novo modo desbloquear tudo não vai ser fácil. As letras K-O-N-G estão lá para ser apanhadas e proporcionarem níveis de troféu. Mas também existem puzzles pieces que conduzem a dioramas 3D, e a loja gerida pelo Kong original de 1981 onde podemos adquirir mais vidas, dicas, mapas, entre outros itens.

O hálito senhores, o hálito!

O hálito senhores, o hálito!

 

O modo cooperativo está também de regresso desta vez com duas consolas a poderem comunicar entre si de forma a que cada jogador controle um dos personagens. Aquilo que não está de regresso são os controlos de movimento que aqui não fariam qualquer sentido, uma vez que no original implicavam abanar freneticamente o Wii Remote. Está de regresso também o Mirror Mode que permite jogar novamente todos os níveis de forma mais esquizofrénica, progredindo da direita para a esquerda.

Donkey Kong Country Returns 3D está igual ao jogo original da Wii. Isto, para quem conhece o primeiro, é razão suficiente para adquirir o jogo sem perguntar mais nada. Para quem nunca jogou mas tem uma 3DS, então este é um dos títulos mais obrigatórios dos próximos tempos. A genialidade, a afinação e o ponto máximo de uma série que começou nas mãos da Rare chega agora a uma consola portátil da Nintendo, mas desta vez praticamente sem concessões.  Num catálogo cada vez mais rico, esta era a personagem que faltava à 3DS e este é um óptimo aperitivo enquanto esperamos que a Nintendo nos dê um novo original.