Menos é mais? Não!

Estava reservado para o stand da Nintendo o meu melhor momento da E3 2013 e aquele que é para mim o melhor jogo do certame. Não, curiosamente não saiu das mãos de Miyamoto nem de outro “Deus” criador da Nintendo. A responsável é a PlatinumGames e o seu Bayonetta 2, um jogo tão exagerado que ameaça tornar-se uma obra-prima do género da acção na terceira pessoa.

O primeiro Bayonetta foi um daqueles jogos que rapidamente se tornou um fenómeno de culto pelo tremendo impacto do seu combate exagerado e as suas sequências mais épicas que o épico, por isso era muito improvável que a Platinum se superasse nesta sequela. No entanto, Hideki Kamiya partiu para o jogo com o objectivo de criar a derradeira experiência de acção na terceira pessoa. Pode parecer demasiada arrogância mas esta vontade vinda do criador de Devil May Cry e de Okami, alguém que já provou que consegue criar o mais frenético e o mais expressivo, é algo perfeitamente atingível.

Bayonetta2 E3 2013

 

A demonstração de cerca de 10 minutos que experimentei levou-me desde o combate em cima dum caça, a uma luta no topo de um comboio ou à fachada de um enorme edifício e, sinceramente, passou-se mais no ecrã nestes 10 minutos do que em muitas horas de alguns jogos.

Bayonetta 2 é a experiência de combate mais visceral que experimentei até hoje e o jogo provoca constantemente um feedback quase físico a cada ataque que lançamos. Murros e pontapés são apenas o arranque para um sistema de ofensivas ultra-exageradas que enchem o ecrã com cores berrantes, rastos de luz e explosões de partículas. Um pontapé pode terminar com uma bota gigante a aterrar no chão, ou um uppercut pode transforma-se numa luva que enche todo o ecrã. Mas isto, é apenas o roçar da experiência.

Bayonetta 2 assemelha-se a uma Boss Fight ininterrupta. Por detrás de nós, em redor do caça ou do comboio passa uma enorme e detalhada metrópoles que quem está a jogar não consegue observar. É que no centro do ecrã já se passa tanta coisa que é praticamente impossível absorver tudo. Centauros, dragões gigantes e um enorme robô/lagarto/titã/monstro??? são alguns dos inimigos visualmente deslumbrantes e de estilo apurado e original que vamos defrontar, torturar e aniquilar com o novo sistema Umbran Climax: um conjunto de ataques que ficam disponíveis após uma sucessão prolongada de golpes e que desencadeiam momentos de uma escala ainda maior como enormes esferas com espigões a atravessar todo o cenário de jogo, ou enormes demónios. A transição entre sequências de combate pode deixar descansados os dedos por uns instantes mas não dá repouso ao cérebro e aos olhos. Bayonetta 2 é como os momentos finais de um fogo-de-artifício.

Bayonetta2 E3 2013

 

Toda esta euforia corre na Wii U com um grafismo que deita por terra a narrativa da Electronic Arts de que o Frostbite 3 não corre na nova máquina da Nintendo. A enorme quantidade de elementos em movimento no cenário, a fluidez e rapidez com que tudo passa à nossa frente, e a definição apurada de todos os modelos tornam este jogo no maior showcase visual que a Nintendo tem para demonstrar as potencialidades gráficas da sua consola.

Também das características da Wii U e do seu GamePad se alimenta o novo Bayonetta 2, com a inclusão de um modo de combate mais casual através da utilização da stylus que torna o jogo mais acessível às jogadoras e jogadores menos hardcore. Mas não se assustem. Para quem quer o pacote completo os controlos tradicionais continuam disponíveis para assegurar que a nova Bayonetta de cabelo curto é tão eficaz na chacina como antes.

Bayonetta2 E3 2013

 

Bayonetta 2 é um jogo onde a nossa heroína salta no ar para disparar balas enquanto lhe nascem asas de borboleta nas costas, ou que ataca em frente com movimentos fulminantes que lhe fazem perder momentaneamente metade da roupa que tem vestida. É um jogo em que libertamos de dentro de nós um enorme dragão para engolir um titã que por sua vez se torna um nosso inimigo e que no final irá ser abatido por uma sua versão do dragão já com três cabeças. É um jogo com combos que geram palavras como Megaton e Gigaton. Um jogo com personagens estilizadas e exageradas como Bayonetta, Jeanne (agora de cabelos compridos) e companhia. Bayonetta é quase todos os jogos de combate dentro do mesmo e uma enorme montanha-russa hack n’ slash. Será que tanto over-the-top acabará por cansar? Não nos parece.

Quando evadimos com sucesso um ataque Bayonetta diz: “too late…” É o que achamos. 2014 ainda é uma espera longa.