O nome Zelda para mim tem um peso gigantesco. Não só é o nome do meu periquito macho, assim como é uma das minhas séries de videojogos mais acarinhadas. Sem me querer armar aos cucos que comecei a jogar a série desde o seu primeiro jogo “The Legend of Zelda”, mas foi sim, com o segundo jogo, The Adventure of Link para a NES, o primeiro que joguei, e que me deixou um fã incondicional volvidos 20 e poucos anos.

Há algo de místico e inocentemente dócil em toda a série. Por muito que a cronologia possa ser uma verdadeira dor de cabeça, existe uma proximidade fraterna que sentimos com Link (e as suas múltiplas encarnações). O Link é o nosso alter ego, é o herói de “capa e espada” que sonhamos ser como meio libertador do nosso dia-a-dia, é o salvador que nasceu para o ser mas que vive no desconhecimento afável da sua auto-percepção. Sempre que leio a masterpiece de Bill Waterson, onde Calvin projecta a sua infindável imaginação em distintas identidades, acredito que Link, de alguma forma, sempre foi uma projecção minha duma faceta aventureira que não disponho, e que acredito ser tarde para desenvolver. Cada jogo da série era uma aventura vivida não só por Link, mas em extremo, pela minha própria persona alternativa que vestia a sua pele.

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“A Link to the Past” é considerada por muitos (por mim inclusivamente) como a magnum opus da série, e sem dúvida, aquela que cimentou a série como uma das que mais paixões revolve pelo mundo. O sentido de paralaxe é um sentimento presente em quase toda a série, e que foi sendo progressivamente explorado desde este jogo da SNES. Este retorno a Hyrule e ao setting de “A Link to the Past” não é surpreendente (dada a paixão que move há 22 anos), mas é sim, um grande risco. Há um sentido de familiaridade ao jogar este novo “A Link between Worlds” para a 3DS. Apesar do que temos disponíveis ainda mostrar muito pouco do que aí vem, e de não ter sido revelado um único ponto conceptual de explicação narrativa do que estamos a jogar, o que transparece à primeira vista, é que a fluidez tecnológica e o 3D contribuem, e muito, para esta revitalização do setting. Sendo eu um grande fã de animação de sprites, tive que me render à leveza de movimentos deste novo Link e dos (poucos) inimigos com os quais me cruzei.

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No entanto, após duas visitas à Nintendo para experimentar este jogo, a inovação visível: a nova habilidade de Link de se transformar em pintura mural e percorrer paredes continua a ser uma mecânica engraçada, mas que não conseguimos ainda obter uma explicação para a sua razão de ser.

E já agora, se possível, que siga as pisadas de genialidade do seu antecessor.