Estar presente numa E3 pode ser o sonho de muitas pessoas mas garanto-vos desde já que são também alguns dos dias mais stressantes que podemos ter como escritores. Com muitas dezenas de marcações para apresentações ou antevisões, coladas e por vezes separadas por cinco minutos, com corridas ao longo dos corredores da feira para não chegar atrasado a uma entrevista, com portas que se fecham e com possibilidades que se podem perder por um minuto a mais, chega-se ao final do dia de rastos por uma gestão de um stress que não se pode manifestar enquanto ouvimos os criadores.
Foi também por isso que a minha visita à Daedalic Entertainment foi um momento de relaxamento no meio da confusão. Primeiro porque tinha 1 hora para ver três jogos, o que na E3 é uma eternidade. Segundo, porque com Goodbye Deponia, passei 20 minutos a rir com os criadores, com as influências, e com aquilo que criaram para fechar a divertida série de aventuras gráficas.
Rufus está de regresso para fechar a trilogia de Deponia e está a tentar chegar finalmente a Elysium na companhia da bela Goal mas, como sempre, consegue que todos os seus planos resultem em caos e ao perder Goal tenta cloná-la, embora o resultado dessa experiência científica não certificada produza sempre bebés. Isto coloca Rufus não com um mas com três problemas ao mesmo tempo: 1 – Produzir um clone fidedigno de Goal; 2 – Derrotar a organização maléfica Organon; 3 – Chegar a Elysium, tudo enquanto tem de tomar conta dos bebés nas ruas degradantes de Deponia. Então Rufus, “genial” como sempre, clona-se três vezes.
Quando referi o antigo Day of Tentacle à equipa todos se riram. É óbvia a inspiração deste antigo título de referência da Lucas Arts na mecânica dos três Rufus entre os quais podemos ir trocando sempre que quisermos. Quando começamos a demonstração, um dos Rufus está num lugar escuro. Percebemos que deve estar a Goal bebé connosco e sempre que tentamos acalmá-la ela chora. No interior, nada nos consegue ajudar, por isso mudamos para o segundo Rufus.
O segundo Rufus está na cidade e entra numa casa onde mora o Baby Bozo, um bebé de barba. Esta é apenas uma de um leque de personagens de suporte tão fascinantes como divertidas, como arriscadas (a Daedalic afirma que o humor de Deponia não tem medo de mostrar os dentes), em Goodbye Deponia, incluindo um homem de cuecas e t-shirt que vive numa caravana e alicia as crianças a entrar (sem sucesso). Este é um lugar de pessoas às quais não se devem confiar as chaves do carro, com um grau de lunatismo elevado. É como um filme de Kusturica mas em aventura gráfica.
Ao arranjarmos forma de servir cafeína ao Baby Bozo conseguimos que este atire a chucha para o esgoto, que irá atingir o local onde nos encontramos com a “Goalie” à qual damos a chucha. Precisamos então do terceiro Rufus que tem de invadir o quartel da Organon, distrair os guardas e ligar as luzes do esgoto. É aqui que voltamos ao Rufus número 1 para percebermos na claridade, que quem está connosco é um enorme monstro, ao qual acabámos de enfiar uma chucha no rabo.
O jogo contará com cerca de 15 a 20 horas de aventura e, como dizem os criadores, pode até ser mais longo com os jogadores menos inteligentes. A existência de três Rufus complica as mecânicas de puzzles e faz com que os três tenham de trocar objectos entre si mas também que aquilo que se faz num cenário influencie os cenários seguintes. Cenários estes onde, como sempre, tudo é ilustrado e pintado à mão, o que já começa a ser o cartão de visita da Daedalic.
Com um leque de personagens muito originais, uma nova mecânica de aventura, e um humor constante e bem afinado, Goodbye Deponia promete em Outubro fechar a série da melhor forma: a rir.
http://youtu.be/LxJudJV5aI8