Os Gato Fedorento criaram uma célebre expressão que assenta que nem uma luva a Peter Molyneux (o criador com o maior complexo de Deus a seguir a Steve Jobs): eles falam, falam, falam, e eu não os vejo a fazer nada. O certo é que Molyneux até faz, mas comparando com a hipérbole das suas afirmações, o produto final fica a anos-luz do prometido. É como dizerem a alguém que vão quebrar o recorde mundial da maratona e depois ganharem os 200 metros em saco de batata das festas de Nossa Senhora das Almas.

As promessas exageradas e devaneios Icarianos de Molyneux deram origem em 2009 a uma conta de Twitter que se viria a tornar uma das mais seguidas entre jogadoras e jogadores. @petermolydeux pretendia apenas brincar durante uns dias com a obsessão de Molyneux em criar algo que ia mudar não só os jogos mas a humanidade para sempre, mais uma vez. O último exagero teria sido com Milo, um projecto megalómano para o Kinect no qual um personagem virtual iria interagir connosco. Milo nunca chegou a ver a luz do dia, e assim mais uma das criações divinas de Peter ficou apenas no reino dos neurónios e das demonstrações tecnológicas.

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Confesso que adoro Molyneux e essa sua loucura. Como dizia o célebre anúncio da Apple, “são aqueles que são suficientemente loucos para acharem que podem mudar o mundo, os que acabam por fazê-lo”. Molyneux nem sequer está perto, mas o facto de o tentar fazer faz com que alguns lhe achem graça, como eu, e que outros já não o possam ouvir.

O ano passado, a paródia de @petermolydeux foi transformada em evento de criação de videojogos. Pegando nos conceitos geniais que iam aparecendo na conta de twitter, criadores em todo o mundo tinham um fim-de-semana para criar um jogo. A MolyJam contou com sinopses tão geniais como: “Horror de sobrevivência com Bowling”, “Um jogo em que temos que confortar as crianças a bordo de um avião, com as mecânicas dos pratos a rodar”, “Somos um urso e o nosso oxigénio provém de abraçar pessoas, mas quando abraçamos as pessoas partimos-lhe os ossos” ou “Somos um pombo que anda nos prédios a convencer os homens de negócios a não se suicidarem”.

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A MolyJam tornou-se tão viral que por todo o mundo se organizou o evento de forma quase orgânica o evento, incluindo no nosso país.

Este ano a MolyJam está de regresso e desta vez a premissa é ainda mais inteligente. Em vez de frases de @petermolydeux, os jogos devem basear-se em frases do próprio Peter Molyneux. Como diz o criador da MolyJam, “as palavras dele são suficientemente fortes, não precisamos de inventar nada”. Molydeux selecionou 60 frases, das quais destacou 22 (em homenagem ao novo estúdio 22 Cans de Peter). A MolyJam decorre entre hoje (5 de Julho) e domingo (7 de Julho) com as inscrições a terminarem hoje à meia-noite. Por isso, depois de lerem isto, toca a rumar a Lisboa e a mostrarem o que valem na MolyJam Lisboa. Aqui ficam algumas das inspirações possíveis para os vossos jogos:

 

“Tenho de ter cuidado com o que digo. Existem elementos de Relações Públicas na plateia armados com espingardas Sniper”

 

“Puxem a alavanca certa para verem a Coisa Mais Interessante do Mundo”

 

“Se gostas do teu cão então vamos mexer com a tua cabeça. Não vais conseguir adormecer à noite”

 

http://youtu.be/ovEwmVfpN1k