Na realidade, nada precisa de fazer sentido em Bioshock e quem jogou Infinite sabe porquê.

Nota: Este artigo contém spoilers que podem estragar a experiência narrativa a quem não jogou Bioshock Infinite. Se é esse o caso, parem de ler e ide jogar.

Na narrativa de Bioshock Infinite existe uma muleta engenhosa, poderíamos até chamar-lhe um MacGuffin (não confundir com MacGyver), que torna possível tudo o que se queira inventar no conto. Naquele que é uma das história mais metafóricas que os videojogos já trouxeram até nós, Booker DeWitt em tempos um soldado nas guerras americanas com os índios, participou no massacre da batalha conhecida como Wounded Knee, no South Dacota, onde o 7º regime de cavalaria chacinou cerca de 300 índios incluindo muitas mulheres e crianças.

Esta guerra que foi um evento real aparece na narrativa de Infinite para conduzir a uma queda de Booker no álcool e no jogo como forma de lidar psicologicamente com as atrocidades que cometeu no campo de batalha. Esta espiral pelo vício dentro conduz aos eventos que lhe fazem perder a mulher e a filha (provavelmente mortas).

Ah, pois é...

Ah, pois é…

 

A partir daqui Booker “purifica-se” e torna-se um feiticeiro de Oz moralista e moralizante. Constrói uma cidade nos céus longe da civilização, a qual passa a antagonizar, onde abraça a religião de uma forma fanática e ostraciza tudo o que é racialmente diferente, colocando a “culpa” naqueles que ele próprio chacinou. Usa também todos os seus recursos para financiar os irmãos Lutece, físicos de topo que passam a tentar abrir portais para outras dimensões que lhe possam trazer de regresso a sua filha.

Toda esta história não deve nunca ser entendida como linear e simplesmente expositiva, mas sim uma grande metáfora para a culpa e o abandono. Todos nela são uma peça metafórica para este jogo descritivo, incluindo Elizabeth, como é bem espelhado quase no final do jogo quando esta vai crescendo com um ódio gradual ao pai que a abandonou, e que conduz à destruição completa. Mas o que se consegue com estes instrumentos de crónica, é que os portais abrem a porta (literalmente) para universos paralelos, onde outras versões (ou todas as versões) da realidade podem acontecer. O que isto significa é que tudo passa a ser possível, incluindo o regresso a Rapture.

Xanax e umas sessões de terapia podiam ter evitado muita coisa.

Xanax e umas sessões de terapia podiam ter evitado muita coisa.

 

Bioshock Infinite: Burial at Sea – Episode 1 é a primeira parte de dois DLC que vão ser lançados para Infinite e que colocam Booker e Elizabeth em Rapture. Ainda não existem muitos detalhes para a razão de ambos estarem na cidade debaixo de água, mas sabe-se que Booker está a investigar algo como um detective contratado e que Elizabeth o acompanhará. Mas também não se deve saber muito mais que isso pois iria estragar a surpresa. Como Ken Levine afirmou numa detalhada entrevista ao Eurogamer.net e boa leitura“Nós queremos que os jogadores tenham logo a dúvida no arranque sobre o que se estará a passar. E queremos surpreendê-los”. Levine promete ainda que os Big Daddy, obrigatoriamente, estarão presentes.

Burial at Sea vai ser um Film Noir, ou neste caso um Game Noir, em duas partes e em que o mais interessante é o facto de visitarmos Rapture antes dos eventos que conduziram à sua queda, daí que vamos visitar a versão glamorosa da cidade que todos desconhecemos. Dividido em duas partes, este vai ser um DLC onde na primeira vamos controlar Booker e na segunda Elizabeth, e que vai misturar os conceitos de jogabilidade de Infinite com os do Bioshock original, por exemplo, plasmoids com vigors.

Será que nos vai atirar peixes?

Será que nos vai atirar peixes?

 

Para já está disponível o DLC Clash in the Clouds que apresenta um vasto número de desafios e coleccionáveis dentro de Bioshock Infinite ainda em Columbia. Quem comprou o Season Pass já pode ir buscar Clash in the Clouds e receberá os dois episódios de Burial at Sea quando estes forem lançados.