Podemos criticar a Nintendo por passar muito tempo a reciclar as suas propriedades e muito pouco tempo a criar novas. Podemos, e devemos. Mas justiça lhes seja feita, sempre que fazem mais um jogo de Mario, Kong, Zelda ou outros, fazem bem e evoluem as mecânicas de jogo.
Em alguns casos, essa evolução não é um simples melhoramento mas grandes saltos na indústria ao nível de mecânicas de jogo, como foi o caso de Super Mario Galaxy. Quando a Nintendo anunciou uma parceria com a SEGA para três jogos exclusivos e mostrou os primeiros detalhes de Sonic Lost World, muitos esperaram que estive a caminho um criativo “Super Sonic Galaxy”. Nada podia estar mais longe da verdade.
O meu primeiro contacto com Sonic Lost World foi na E3 em Los Angeles, mas foram 5 minutos de jogabilidade à pressa pois não havia tempo para mais. Daí que quando a Nintendo organizou já em Portugal o seu showroom pós-E3, esse foi um dos jogos aos quais mais me dediquei, jogando com tempo e calma todos os níveis disponíveis e repetindo algumas secções, apenas para confirmar o que já tinha antevisto no primeiro contacto: Sonic Lost World é mais um jogo em 3D de Sonic, como todos os outros que temos tido até agora, e mais uma oportunidade perdida de levar a propriedade mais além.
Existe uma enorme componente on-rails neste novo Sonic e nada, mas mesmo nada, nos leva a querer estarmos perante o Galaxy do Sonic. Nem as mecânicas são geniais ou inovadoras, como nem sequer estão bem afinadas. É certo que podemos correr em níveis que muitas vezes rodam a 360 graus (e por níveis queremos dizer enormes secções cilíndricas) mas o jogo não premeia essa exploração que não seja sempre em frente. Correr em redor do nível pode implicar perder muitos anéis, uma vez que os inimigos só nos aparecem no campo de visão quando já estão em cima de nós.
O ataque é também problemático. Quando o Sonic se aproxima de um inimigo este fica com um alvo automaticamente colado, e a partir daí podemos saltar para o aniquilar, continuando depois a premir o botão e a aniquilar todos os inimigos restantes em redor. Quando funciona, é divertido, se bem que demasiado automático. Mas muitas vezes não funciona e o jogo nem sempre consegue detectar o inimigo no momento certo. Podemos sempre recorrer ao ataque tradicional em spinning mas isso torna a progressão no nível um exercício de sorte e não de destreza.
Existem também zonas de exploração nas quais não entendemos como alcança-las. Paredes que podemos escalar ou correr, ou secções noutro plano às quais devemos aceder, mas que o Sonic teima em não conseguir escalar ou passar para as mesmas. É claramente um problema de controlo e mecânica desafinada que terá de ser revisto. Em caso contrário, o jogador irá limitar-se a seguir em frente a alta velocidade e não se preocupar com a exploração.
A sensação de velocidade é o melhor de Sonic Lost World, com o jogo a correr na Wii U de forma extremamente rápida e sem qualquer problema, longe no entanto do brilhantismo visual dos títulos que estão a caminho como Mario Kart ou Donkey Kong. Os níveis em 2.5D são também boas homenagens ao Sonic clássico e esses sim possuem alguma criatividade no trajecto enquanto rodam, viram e, principalmente, funcionam.
O Lore de Sonic está aqui todo presente e o jogo tenta mostrar-se ao público como uma nova forma de jogar o Sonic. Mas não é. É mais um título 3D que precisava de mais polimento, de mecânicas mais cuidadas e, principalmente, de novas ideias. A velocidade vertiginosa e o ataque de inimigos em sequência pode proporcionar alguma diversão mas essa dilui-se numa experiência demasiado repetitiva, demasiado on-rails, e com muitos problemas de mecânica. Daí a pergunta, porque é que a Nintendo não compra o Sonic de uma vez por todas. É que aí voltávamos ao passado, quando um novo jogo do ouriço era uma referência. Nas mãos da SEGA, o Sonic continua a marcar passo, em vez de correr como sabe,