André Breton, o fundador do movimento Surrealista, seguindo as suas definições estético-filosóficas de automatismos e de uma certa produção inconsciente na criação artístico-literária, utilizou os cadavre-exquis, método na qual existe um objecto criado colectivamente em que cada autor vai subsequentemente continuando uma ínfima parte visível de um texto ou pintura/desenho, adicionando a sua própria ideia à composição final.

Agora imagine-se, quase 100 anos depois do início do Movimento Surrealista, que um conjunto de autores de videojogos se propunham a encetar uma aventura quasi-surrealista de criar uma antologia de pequenos videojogos, sequenciais, construindo uma narrativa linear em Capítulos, mas que pode ser experimentada isoladamente. E se vos dissermos que cada autor teve 72 horas ou menos para continuar a ideia do autor que lhe antecedeu, conceber, programar e produzir a sua parte, e passar o cadáver esquisito ao próximo autor?

A isto chamar-se-ia Experiment 12, um trabalho colectivo de uma série de autores indie, tais como Terry Cavanagh (criador do Super Hexagon), Zaratustra (criador de Eversion), Richard Perrin (criador de Kairo), Jasper Byrne (criador de Lone Survivor), entre outros.

Experiment 12

 

A experiência deste Experiment 12 (passando a redundância) tem que ser vista sob a lupa do objecto autoral, tal é o substracto artístico de cada um dos Capítulos: não são, decerto, os mini-jogos mais acessíveis a nível  conceptual e ideográfico, sendo que o último capítulo, justamente o de Jasper Byrne, é possivelmente aquele que melhor funciona isolado do contexto do próprio cadáver-esquisito.

Experiment 12 pode ser saboreado e descarregado gratuitamente aqui, quaisquer danos ou prejuízos de interpretação narrativa são imputáveis apenas aos seus autores.