Between Me and the Night, prepara-se para ser um grande indie “português”

O que é acontece quando um Galego work-a-holic e um Português com um enorme talento artístico e uma obsessão saudável por jogos independentes se cruzam num curso anual? Between Me and The Night, aquele que mesmo na fase de protótipo já promete ser um dos melhores jogos criados no nosso país.

Quero desde já fazer aqui um importante disclaimer: O João Ortega para além de ser o tal português cheio de talento é um dos redactores do Rubber Chicken. Mas este texto não está a ser inflamado para dar destaque ao João. Este texto é sincero pois eu acompanhei o processo de criação do protótipo ao longo deste ano.

Between Me and The Night é aquilo que eu poderia descrever como uma mistura de uma aventura gráfica com a mecânica de dia e noite de Minecraft. Mas atenção, que isto é simplificar demasiado para conseguir uma descrição mais rápida. Se há algo que Between espelha ao longo de todo o protótipo é uma sensação de novidade e originalidade. O Karlos Garcia e o João Ortega não foram guiados por uma vontade de recriar este ou aquele jogo. Ambos quiseram criar algo novo e isso transparece para o jogo.

Estes dois renegados, ou “Ronin” como se descrevem no Devlog do jogo, largaram no caso do Karlos a segurança de um trabalho estável, e no caso do João a liberdade de não ter objectivos e fazer o que queria em cada dia, para se concentrarem no desejo de fazer jogos como meio de subsistência, mas mais importante como meio de viver. Não faziam isto uma vez por semana quando havia vontade. Passaram a fazer todos os dias. O resultado foi um protótipo impressionante que lhes valeu a nota máxima no curso.

No entanto, este empenho também os levou a esgotar os recursos do motor de jogo que estavam a utilizar ao ponto de colocar a integridade do computador em risco. Daí que precisavam urgentemente de “portar” o jogo para um motor mais poderoso e flexível, onde o Unity seria uma das melhores opções. Sem a experiência necessária para o fazerem acabaram por pedir ajuda ao professor de programação que não só quis ajudar como imediatamente se juntou à equipa do projecto. Estamos a falar do Tiago Loureiro, cuja empresa que criou, a VectrLab, está envolvida como developer principal no projecto Deus Ex Machina 2.  E agora eu podia largar o microfone no chão e sair.

A partir daqui o jogo vai recorrer ao Crowdfunding e, em detrimento do choradinho nacional que não há dinheiro e aqui não se faz nada, a equipa vai pedir dinheiro por esse mundo fora. Com a qualidade já mostrada pelo protótipo, é mais que certo que este jogo se vai tornar uma realidade.

O surrealismo que o jogo pretende atingir com a sua acção situada naquele limbo entre o estar acordado e o dormir é ilustrado na perfeição com a excelente direcção artística de Between Me and The Night, e que lhe empresta um aspecto visual digno dos melhores indies que povoam o Steam.  Mas o jogo promete fazer também ondas no panorama das mecânicas, ideias e estórias digitais.

Podem consultar aqui o site do jogo onde podem acompanhar também ou desenvolvimento, para além de seguir o projecto na página de Facebook.

Foi um orgulho ter estado presente na assistência ao longo do primeiro ano de trabalho deste projecto e vai ser um prazer continuar a acompanhar o desenvolvimento da obra. Preparem-se, pois como o rapaz do jogo, estes três tiveram a coragem de sonhar. Mas também de acordar e começarem a trabalhar.