340 mil pessoas. Este é o impressionante número de pessoas, sejam elas jogadoras, jogadores, imprensa, retalhistas, empregados de limpeza, seguranças ou o sem-abrigo da estação de comboios que foi ver o que se passava, que visitaram aquela que se afirmou ainda mais como a maior feira de videojogos do planeta. Para todos os que dizem que a Gamescom é secundária, os números falam por si mesmos.
Durante quatro dias, incluindo o dia das três conferências, tivemos a oportunidade de assistir ou experimentar mais de 60 jogos e esta é a seleção daqueles que achamos serem os melhores e os mais prometedores. É bem provável que faltem títulos nesta lista, mas apenas vamos selecionar entre aqueles que realmente vimos ou jogámos. Existem muitos outros para os quais as marcas não nos facilitaram apresentações, e alguns desses provavelmente entrariam para esta lista.
10. South Park: The Stick of Truth
O primeiro contacto com este jogo é estranho, pois numa fase em que todos os jogos tentam atingir o máximo apuro gráfico, com profundidades de campo reduzidas e luzes volumétricas, The Stick of Truth é do mais básico que pode existir. Mas isto é fiel à série e quando começam os combates por turnos começa também o tom politicamente incorrecto da série, incluindo ataques em que ficamos por uns segundos a soltar flatulência na palma da mão para depois lançar uma bola de fogo ao inimigo. Classy…
9. Hohokum
Hohokum não é um jogo. Hohokum é um jogo. Hohokum fica algures nesse limbo entre o que é um jogo e o que é uma experiência. No entanto, Hohokum fica connosco e não o conseguimos largar. Se alguém chegou a experimentar o “screensaver interactivo” LocoRoco Cocoreccho na PlayStation 3 tem aí uma pequena amostra do que é Hohokum. O jogo tem objectivos definidos mas nenhum deve ser alcançado de forma linear. Não há pontuações, não há final, não há pressões. A descontração de voltar a jogar só porque sim.
8. Blackguards
A Daedalic é mais conhecida pelas aventuras gráficas mas está aqui a progredir o género do RPG por turnos da mesma forma que XCOM: Enemy Unknown o fez. Com um sistema de grelhas de movimento extremamente dinâmico, com armadilhas e com muita interação com os objectos do cenário num detalhado universo de jogo 3D, é no entanto nas personagens fora do habitual que este jogo ganha originalidade: desde uma meio-elfo com um problema de drogas, ao anão com problemas de controlo de raiva, o elenco deste jogo promete alimentar uma narrativa fora do habitual e revitalizar um género que ultimamente apenas nos entrega cópia desinspirada atrás de cópia desinspirada.
7. Zoo Tycoon
Na apresentação à imprensa com que a Microsoft abriu as hostilidades no dia 20, tivemos a oportunidade de experimentar todos os jogos de lançamento da Xbox One, mas um surpreendeu-nos pela acessibilidade com que devolve a estratégia a uma consola. Zoo Tycoon devolve-nos a série mas com um dos interfaces mais bem afinados e preparados para ser jogado com um comando. A isto soma-se um parque deslumbrante recheado de conteúdo para criar automaticamente ou gerir até à exaustão conforme o nível de dificuldade com que queiramos jogar.
6. EVE: Valkyrie
Uma demonstração tecnológica que se tornou um jogo a lançar em 2014. Se existe alguém que sabe fazer combate espacial é a CCP, responsável por EVE Online. Mas Valkyrie distancia-se da complexidade dos jogos anteriores para nos entregar uma experiência digna de matar as saudades de Wing Commander ou TIE Fighter, com intensos combates multiplayer entre naves na primeira pessoa. Correção, muito mais do que na primeira pessoa. EVE: Valkyrie corre com o suporte do Oculus Rift o que quer dizer que podem olhar em redor e ver até o vosso corpo. As vertigens são garantidas assim como uma enorme sensação de estarem realmente a combater no espaço. Um dos melhores a demonstrar que o Oculus não é apenas uma moda passageira mas um dos melhores interfaces visuais de sempre.
5. LEGO: Marvel Heroes
As personagens. Tudo se pode resumir às personagens quando queremos descrever Marvel Heroes. Na Gamescom mostraram-nos a jogabilidade com dezenas delas, de centenas que vão estar disponíveis, e cada uma tem a sua jogabilidade própria, as suas mecânicas únicas, para além de um alto nível de animação de movimentos resultantes de um enorme bom gosto e cuidado no trabalho. Transformar o Fantástico num enorme alicate para cortar um cadeado é apenas um de muitos exemplos daquele que é até hoje o mais completo jogo da LEGO. Com uma Nova Iorque em mundo aberto pronta para explorar e deslumbrante na versão PS4 que estava a correr.
4. The Witcher 3: Wild Hunt
É certo que o jogo ainda se treme todo quando está a correr, e que os personagens, à excepção do protagonista Geralt, parecem bonecos da anterior geração. Mas neste projecto extremamente ambicioso de um estúdio que ainda recentemente era praticamente um “indie” é o combate e os inimigos que estão a prometer um jogo fantástico. Os ataques mágicos são imponentes tanto em mecânica como visualmente, e cada boss ou inimigo maior com o qual lutamos é uma experiência nova e inesquecível. Depois de polido, vai certamente envergonhar outra saga RPG bem conhecida e com muito maior orçamento.
3. Castlevania: Lords of Shadow 2
Muito mais que uma sequela, este é o jogo que o primeiro Lords of Shadow deveria ter sido, com uma câmara livre e controlável. O combate continua a ser a melhor parte deste hack’n’slash na terceira pessoa com enormes combos e um sistema que premeia a sua utilização e mestria. Mas é nos ambientes que está o mais promissor de Castlevania, com um Castelo cujo próprio sangue dentro das suas paredes tenta impedir a nossa progressão, e com uma cidade por revelar mas que Dave Cox nos garantiu em entrevista que terá carros, lojas e tudo o que estamos habituados no tempo presente. A reviravolta, essa não pode ser contada, mas vai tornar este jogo numa das mais inesquecível e emocionais estórias dos videojogos. Fica a promessa.
2. Stick it to the Man
Um dos jogos com a equipa mais pequena da Gamescom quase que chegou ao topo. No meio de tanto tiro, RPG, espada, borracha queimada ou ciclos de dia e noite, apareceu-nos esta genial criação da Zoink! que acabou não só por ser o jogo mais criativo que vimos como também o mais divertido que jogámos. Imaginem que vos colocam num hospício porque vocês acham que têm um braço e uma mão (pega-monstro) agarrada à cabeça. Essa mão não só vos permite deslocar em locais mais inacessíveis, como permite aceder ao pensamento dos outros personagens. Uma vez na cabeça dos outros, podemos arrancar os pensamentos como se fossem autocolantes que podem depois ser colados no cenário ou nos pensamentos de outros personagens. Uma mistura de aventura gráfica com mecânicas de puzzle, plataformas e até de stealth, a caminho da PlayStation 3 e da PS Vita.
1. Titanfall
A vingança é um prato que se come frio. Após serem afastados do topo, os “criadores” da Infinity Ward foram lamber as feridas para a sua Respawn, acabando por arrastar praticamente toda a equipa anterior, e resolveram criar aquela que é certamente a melhor experiência multiplayer até hoje, pondo nas mãos da Electronic Arts aquele que irá certamente ser um dos franchises mais milionários dos próximos tempos. A combinação entre utilização de Mechs (Titãs) ou soldados está afinada ao ponto com um sistema de “cooldown” para que não possamos sempre estar a utilizar os gigantes. Mas mesmo quando andamos a pé o gozo é enorme, com cenários que balançam o espaço de combate não entregando a vantagem a ninguém. Para além disso, saltar, disparar o jetpack, correr pela parede, voltar a saltar e assim sucessivamente, é um prazer enorme principalmente se alternado com um headshot. Respawn, you’re doing it right!
Comments (1)
[…] maior curiosidade no facto de eu ter atribuído o título de melhor jogo da Gamescom a Titalfall é a minha aversão aos jogos multiplayer, independentemente do género, devidamente explicada em […]