Stealth? Querias…
Entrar, sair e conseguir o assalto perfeito. Este é o intuito de PayDay 2 com 4 criminosos mascarados, munidos até aos dentes com armamento, mesmo que todo o arsenal deva servir apenas para contingência. Assaltos que podem rapidamente descambar pelo mínimo descuido ao ser avistado por uma câmara, pelo vidro partido, por um transeunte desconfiado que alerta a polícia por telefone ou pela falta de resposta à central do guarda caído. Conseguir manter a retaguarda e manter um silencioso assalto é um golpe praticável, mas rapidamente a confusão se pode instalar e levar os quatro assaltantes a agir com agressividade. Começam as sirenes a tocar, as balas a voar, os avisos para todos manterem a cara no chão e não tentarem ser heróis.
Começamos pelo tutorial na nossa Safe house, um cantinho construído para testarmos as nossas aptidões criminosas, com um cofre forte para guardar o dinheiro dos assaltos, rever a colecção de armamento e máscaras e um computador para aceder ao Crime.net. A partir do Crime.net, um mapa dinâmico virtual que gera missões, vamos encabeçar um assalto ou outros trabalhos que decidimos escolher. Assaltos a um banco ou a uma joalharia, cofres de outra organização mafiosa, museus de arte, destruição de um centro comercial, cozinhar metanfetamina e venha o que vier para encher o cofre e aumentar o número da conta bancária. Estas missões são classificadas por nível de risco. Quanto maior, mais probabilidade há em levar na carrinha ou no helicóptero em que escaparmos um montante considerável de dinheiro e bens de valor.
O Crime.net é online e offline, sendo no modo offline jogado com uma equipa de inteligência artificial que não vai facilitar a vida. A inteligência artificial (AI) no modo offline é tão má que nem estão aptos para tomar decisões como abrir uma porta, excepto em casos de tiroteio e que ajudam a afastar a força policial do local. Nem sequer há comandos para estes executarem alguma acção sem ser para seguir-nos quando chamados. Para começar um trabalho e possivelmente depois de uma ronda ao local para saber como começar a actuar, colocamos a máscara de forma a prosseguir com acções que não são possíveis antes de colocar a máscara, alegando serem acções suspeitas como baixar ou abrir uma porta com lockpick. Coisas simples. Após colocação da máscara, os assaltantes orientados por AI são capazes de ficar na rua principal à espera de… sei lá o quê. Não há forma de cobrirem alguma zona se algo der para o torto (e na maior parte dá para o torto), não há forma de engendrar duas acções ao mesmo tempo. “3, 2, 1, go” é um simples código que não faz parte da estratégia no trabalho em mãos e acaba por ser bastante penalizante. Só actuam se o alarme soar, mas aí já é tarde para conseguir o assalto perfeito e acaba por ser frustrante jogar em modo offline.
Por isto, resta-nos o modo online para olhar para PayDay 2 como um jogo divertido e para perceber que o modo offline não passou de um atributo falhado.
Inicialmente podemos achar que o modo de funcionamento do crime.net em modo online é caótico. O sistema dinâmico do Crime.net faz aparecer e desaparecer missões consoantes são iniciadas e contenham os 4 jogadores, mas são tantas que facilmente acedemos a uma num espaço de poucos segundos. Depois vem a capacidade dos servidores para iniciar uma missão, o que às vezes nos faz esperar mais tempo do que jogamos. No entanto, há uma solução: sair do lobby e voltar a tentar outro, que nos pode inserir a meio de uma missão onde já está a confusão instalada ou começar do início no planeamento do trabalho. Estas missões seguem um rumo com seguintes missões que podem também ser escapes ou aguentar uma carga enquanto atacados por ondas de polícias, da municipal ao FBI, SWAT ou juggernauts, por exemplo.
O que dá um maior aditivo pela continuidade e rentabilidade, mesmo em comparação com o antecessor PayDay: The Heist, é a Skill Tree. Podemos progredir e investir na skill tree consoante o nosso estilo, escolhendo entre Mastermind, Ghost, Technician e Enforcer. À medida que aumentamos de nível pelo sucesso (ou insucesso) das missões, podemos desbloquear habilidades novas e que pensamos poder fazer logo à partida que jogamos, como deixar um corpo num saco e colocá-lo no contentor do lixo, usar colete anti-balas ou usar C4 para rapidamente abrir os cofres em vez de esperar pelo trabalho da máquina que perfura o aço e demora tanto a abrir. Cada missão com sucesso fornece dinheiro que vai parar à nossa conta bancária e outro que serve para investir em armamento, utensílios, upgrades e máscaras, que podem ser ao estilo de PayDay, um alien ou as três caras da entrada de Shivering Isles (Oblivion). Estas máscaras dão a cada jogador uma entidade própria e podem ser personalizadas com os materiais que recolhemos ao longo dos trabalhos.
O arsenal que dispomos é vasto e está disponível por uma boa razão: enfrentar ondas de policia de várias posições não é tarefa fácil e às vezes nem deixam respirar. Ao jogar PayDay 2, há uma vontade primordial em conseguir um trabalho limpo ou que inicie sem alarmes para ganhar algum tempo de avanço. Não tocar o alarme é um bom começo, mas também há outras formas de travar um pouco estas ondas de ataque policial ao fazer reféns, como era possível em PayDay: The Heist. Em PayDay 2 continua a penalizar a morte destes e bastará um tabefe para morrerem. Um tanto fracos, digamos.
Os mapas são dinâmicos, pelo qual os objectos, os guardas ou os civis podem encontrar-se numa disposição aleatória. Dificilmente será o mesmo cada vez que reinicia um mapa, mas será facilmente após algumas tentativas reconhecer os pontos de interesse. Cada host de uma missão específica encontrada no Crime.net tem também a capacidade em comprar extras para ajudar a missão, como por exemplo sacos de balas, caixas de health, fotografias ou mapas específicos associados ao local. Quando a música entra num ritmo acelerado de uma batida poderosa e um baixo descer às mais baixas frequências, intensifica-se a tensão e é hora de colocar a arma em punho e não pensar se os polícias são casados e têm filhos. Vão chover balas e é bom que os reféns estejam sempre deitados no chão se não querem perder parte do espólio.
O Melhor: Imersa personalização e skill tree. Planeamento quase impossível e postura agressiva.
O Pior: Inteligência artificial no modo offline. A espera pelos servidores e a falta de organização pelos níveis de cada jogador.
PayDay 2 falha no modo offline pela inteligência artificial, mas ganha pelo modo online principalmente se os jogadores estiverem em constante comunicação. Este é um bom jogo para o género, divertido e cheio de acção frenética ou de acção stealth quando alcançado um maior entendimento em como os alarmes são accionados. Mesmo no modo offline as missões tendem a repetir-se em demasia, mas em online consegue-se um maior leque de missões e subjacentes. Muitas vezes transforma-se num trabalho árduo por estarmos com jogadores com um maior nível e pode também ridicularizar o trabalho destes pela nossa fraca aptidão que deriva um pouco do nível elevado da polícia em determinadas missões. A personalização e a skill tree prende-nos ao comando para permanecer no jogo, mas o mecanismo per se ao adquirir ferramentas e habilidades é irregular, bem como as ondas de polícias. Se o subconsciente reclama por adrenalina, ou por fazer algo que a sociedade impede, pelos negócios mais arriscados, perigosos e ao mesmo tempo tentadores, este é o vosso jogo. Mas que precisa de ser limado, precisa.
Versão analisada: PS3. Também disponível para PC e Xbox 360