Na nossa antevisão de Batman: Arkham Origins feita durante a E3 já tínhamos referido que: nota-se que a WB Montreal está a jogar pelo seguro e a entregar-nos um “Arkham City Revamped” em vez de um jogo que seja um salto tão grande como City foi para Asylum. Na Gamecom podemos confirmar isso, pois a diferença da apresentação estava numa nova área de jogo e num novo gadget, o que mostra que perto do lançamento do jogo não há nada de mais arriscado que a WB venha a anunciar.
Ser praticamente o mesmo jogo que Arkham City não é necessariamente mau, pois estamos a falar de um dos melhores jogos desta década. O que nos preocupa é que para além da maior escala anunciada e de um modo de detective mais complexo a WB não venha a conseguir a mesma mestria narrativa da Rocksteady para lidar com este universo. Isto nota-se logo nos ecrãs iniciais do menu que é simples e estático comparativamente com as fluídas animações de Asylum e de City. Sejamos justos, isto poderá ser ainda uma versão de demonstração não finalizada, mas não apostávamos muito nesse cavalo, ou neste caso nesse morcego.
O novo local é a Ponte de Gotham (uma clara inspiração na Brooklyn Bridge de Nova Iorque) e que serve de ponto de narrativa para nos apresentar Firefly, um dos assassinos a soldo contratados por Black Mask para matar Batman. Como sempre, e no universo deste anti-herói da DC Comics, matar o morcego significa sempre colocar muitas vidas em risco. Por isso Firefly colocou potentes bombas em cada extremidade da ponte e o objectivo da nossa missão era desactivar essas bombas.
O combate está igual a Arkham Origins, com muito poucas variações e poucos movimentos novos. Os ataques são os mesmos, com a pequena subtileza desta vez que para além da câmara lenta no golpe final existem pequenos abrandamentos ao longo do combate e que lhe emprestam uma componente mais estilística, sem no entanto quebrar a fluidez dos ataques encadeados entre si. Existe sim um novo gadget apresentado, umas shock gloves cujas garras da luva servem como grampos eléctricos. Estas provocam choques de impacto que projectam os adversários, mas podem também ser usadas em elementos do cenário para proporcionar energia eléctrica a mecanismos e assim resolver pequenos puzzles.
A nova remote claw já tinha sido demonstrada na E3 e permite projectar inimigos uns contra os outros, assim como trazer objectos explosivos ao seu encontro, mas foram aqui na Gamescom reveladas algumas funcionalidades adicionais aos gadgets já existentes, como a criptografia passar a ter tempo decrescente aumentado a tensão; o grapple poder ser estabelecido no cenário sem que fiquemos automaticamente em cima dele, desta forma podendo ficar montado e ser usado como estratégia enquanto “limpamos” uma área. No final de cada combate recebemos também um relatório muito maior de estatísticas do que aquelas que recebíamos nos jogos anteriores.
A versão que nos foi mostrada estava a correr em PlayStation 3 e mesmo não mostrando nenhum salto gráfico especial para o que já foi feito nesta geração, estava em luta constante com a fluidez e com cortes no áudio, para além das secções da ponte destruida e retorcida que estavam em chamas proporcionarem efeitos pirotécnicos demasiado toscos para esta geração. Este é o grande receio que temos com a ausência da Rocksteady, o de que a experiência deste terceiro título esteja abaixo dos seus antecessores.
Foi nos permitido ainda experimentar um DLC de pré-encomenda onde foi possível controlar o Deathstroke e o seu bastão num desafio 100 para um, no qual defrontamos vagas sucessivas de inimigos na difícil tentativa de deitar 100 por terra.
O Batman nesta história de origens aparece de barba rasa, um novato a tentar encontrar o seu lugar como justiceiro e vingador. Parece no entanto que a WB Montreal também está a lutar para encontrar o seu lugar como sucessora de uma Rocksteady que devolveu (ou entregou pela primeira vez) aos jogos de heroís o estatuto de melhores entre os melhores. Pouco mais havia para mostrar na Gamescom do que umas luvas eléctricas e uma nova área desinspirada, a juntar às já poucas inovações que nos mostraram na E3. Este jogo mostra cada vez mais que joga pelo seguro, mas corre cada vez mais o risco de não ter grande poder de atracção para quem já jogou Arkham City.