Começar uma antevisão de Forza 5 referindo Gran Turismo não implica que se estejam a fazer comparações ou a comprar guerras de propriedades. No entanto, Gran Turismo 6 é um dos melhores jogos para ilustrar que em matéria de condução automóvel a actual geração está mais que gasta. Gran Turismo 5 e Forza 4 mediram forças lado a lado, mas a próxima batalha não vai sequer acontecer no próximo ano pois estes títulos vão estar a jogar em campos diferentes. GT6 mantém-se na idosa PlayStation 3, Forza 5 acelera para a próxima geração da Microsoft.
A demonstração que a Microsoft disponibilizou no evento de showcase da Gamescom permitiu-nos jogar algumas voltas em Laguna Seca e nós, que pensávamos que já conhecíamos aquela pista de olhos fechados, deparamo-nos com uma Laguna que nunca tínhamos visto, uma que nos quis manter os olhos abertos. Muito abertos.
O realismo de Forza 5 é incrível e visualmente impressionante. A visão para o exterior a partir do interior do carro é o mais próximo da realidade a que já assistimos numa consola. A distância de desenho é enorme e os elementos e texturas que compõem os cenários são detalhados e realistas. Mas quem proporciona a experiência inesquecível é a iluminação e a forma como esta confere realismo a todas as superfícies que atinge, seja o asfalto, a areia ou os carros adversários. Nunca foi tão incrível ficarmos de frente para o sol, porque desta vez o efeito é tão realista que temos dificuldade em ver a pista enquanto estamos encadeados. Forza 5 ruge próxima geração em cada curva.
Algo que também se nota como evolução proporcionada por mais poder de processamento é o facto de existirem muito mais variações de elevação ao longo da pista. Laguna Seca está mais desnivelada do que aquilo a que estamos habituados, isto é, o traçado possui mais geometria para as subidas e descidas, o que proporciona variações mais íngremes e mais apertadas, longas descidas mais pronunciadas, novas características estas que proporcionam um imenso prazer na condução.
Após a apresentação da E3 comentámos a sessão em que nos demonstraram a inteligência artificial dos adversários baseada em comportamentos reais de outros jogadores. Nessa antevisão, referimos as nossas reticências sobre o comportamento desse modo no caso do jogador que não pudesse estar ligado online, e assim descarregar da nuvem diariamente os dados necessários para que estes Drivatars funcionassem. As respostas foram inquietas e receosas. Dias depois percebemos porquê: a consola perdeu a obrigatoriedade de estar ligada online. A pergunta na Gamescom impunha-se, o que acontece neste momento aos Drivatar numa consola que já não está desenhada para estar sempre ligada? O responsável da Turn 10 disponível para as nossas perguntas apenas referiu que “estão a trabalhar nisso”.
Sinceramente, e ao contrário daquilo a que assistimos na E3, o comportamento dos carros de Forza 5 estava muito similar ao de Forza 4. Só nos foi possível jogar uma corrida, daí que não conseguíamos perceber se na corrida seguinte o comportamento mudava, mas a ausência de agressividade mantinha-se e isto só prova que não está baseado em jogadores reais. Todos, mas todos os jogadores reais, seja qual for o jogo de condução aproveitam para bater no adversário em curvas mais apertadas, principalmente num jogo que não pune o dano. Encontro duas possibilidades para o comportamento habitual dos adversários: por um lado, a demonstração podia estar com o modo mais fácil seleccionado; ou em alternativa, a Turn 10 está a implementar novamente uma IA tradicional após o recuo da Microsoft nas políticas online.
Infelizmente esta demonstração também não contemplava o modo Forzavista que estará desta vez disponível para toda a colecção de carros do jogo, por isso não nos foi possível passear nos interiores e enormes detalhes dos belos McLaren P1, Audi R-18 e-tron e Mercedes SL 300 Gullwing que nos deram a escolher para conduzir (virtualmente). Todos eles estão maravilhosamente modelados e nesta geração os polígonos denunciados ficam arrumados na garagem de uma vez por todas.
O pior da experiência de Forza 5 foi a experiência de vibração com o novo comando. Ao contrário do único motor de vibração do comando da Xbox 360, o comando da Xbox One possui vários destes motores localizados em áreas diferentes do novo controlador. Os vibradores presentes nos gatilhos onde está o acelerador e o travão não causam nenhuma envolvência, antes pelo contrário, constituem uma distração desnecessária e até irritante que nos afasta da experiência de jogo. Provavelmente, teremos a opção de desligar as funções de vibração.
Forza 5 é a primeira grande entrada dos carros na nova geração. Aquilo que outras marcas como a Electronic Arts e a Sony estão a preparar nas suas simulações automóveis está na fronteira entre o que ainda é possível na geração anterior. Forza, no entanto, não deixa qualquer dúvida que não seria possível noutra máquina que não a Xbox One ou equivalentes, com um realismo deslumbrante e o melhor que já se viu numa consola. Ficam as dúvidas sobre o estado do sistema Drivatar, agora que terminou a obrigatoriedade de estar ligado online, algo que o sistema precisava para funcionar. O comportamento dos adversários pareceu-nos idêntico ao habitual e não ao comportamento mais aleatório e inteligente que nos mostraram na E3. No entanto, como conjunto, Forza 5 é já uma das melhores razões que vão existir para justificar a compra de uma nova Xbox.