Esta é a minha conclusão após ler a entrevista que Josh Mosqueira e Kevin Martens concederam ao Eurogamer britânico. Sempre que confrontados com as perguntas sobre as diferenças entre a versão de PC e nova versão de consolas, ambos reafirmaram sempre que a versão tradicional é a melhor forma de experienciar o jogo. Algo que grande parte, senão a maioria discorda completamente, uma vez que a versão de consola retirou alguns dos elementos mais problemáticos.

“(…) a troca é um importante aspecto de Diablo (…) e existem jogadores que atribuem valor de dinheiro real aos seus itens. Foi importante para nós providenciar um ambiente seguro onde o pudessem fazer”.

Esta afirmação surgiu em defesa da Action House que se irá manter na nova expansão Reaper of Souls mas que é um dos maiores pontos de discórdia entre as jogadoras e os jogadores. Uma vez que conseguir os itens mais poderosos é tarefa rara ou quase impossível em Diablo III, os jogadores vêm-se obrigados a recorrer aos leilões. Ora, como em qualquer economia de mercado, os tubarões e os engravatados vão rapidamente surgir, principalmente se os elementos passam também a ser trocados com dinheiro real. Aquilo que era suposto ser um hack’ n’ slash transforma-se assim na bolsa de valores e na versão da Blizzard de Wall Street: um local onde os magnatas nem precisam de jogar para enriquecer, e onde é o “pequenino” que vai ao jogo sujar as mãos e trabalhar.

Eu percebo que o NASDAQ ou o PSI-20 possam ser excitantes, mas eu só queria jogar o meu velho amigo Diablo.

Eu percebo que o NASDAQ ou o PSI-20 possam ser excitantes, mas eu só queria jogar o meu velho amigo Diablo.

 

Na versão de consolas, Diablo III acabou com a Action House e isso devolveu ao jogo uma componente que já tínhamos experimentado em Diablo II há mais de 10 anos: a diversão. Tudo o que necessitamos pode ser ganho através do sistema de loot.

A Blizzard afirmou na sua conferência da Gamescom que Reaper of Souls vai equilibrar os drops por forma a que jogar volte a ser a forma mais divertida de conseguir armas, armaduras e outros elementos, mas não devíamos acreditar muito nisso. Se a Auction House se vai manter então o jogo tem de estar configurado para que a sua economia funcione, e isso só acontece quando as raridades só podem ser maioritariamente conseguidas por esta via.

A outra pergunta que arrancou uma resposta surreal dos criadores da Blizzard foi porque razão podemos jogar Diablo III nas consolas sem estarmos ligados online, e continuamos a não poder fazê-lo no PC?

“Porque muitas pessoas não ligam as suas consolas à internet”, “Porque no PC as pessoas sentem-se parte de uma comunidade Diablo e Blizzard maior”, “Porque existe um maior ambiente social”. “Porque temos planos para tornar o online em algo que vai valer a pena”.

Ou seja, porque lhes apetece. Com os milhões de jogadores ligados online nas consolas é inacreditável que estas sejam as justificações da Blizzard. A maior parte dos jogadores americanos, como exemplo, só compra dois jogos por ano: Call of Duty e Madden. Praticamente todos estes jogadores têm as consolas online para poder jogar com os amigos. Ora, Diablo III estende-se a outro tipo de jogador, àquele que é conhecedor e que joga muito mais géneros e títulos. Querem-nos fazer então acreditar que esses têm dificuldades se quiserem juntar três amigos numa partida cooperativa online? Em 2013.

Diablo III proporciona aos jogadores de consolas mais ricos que conseguem adquirir a tecnologia mais avançada algo raro e fantástico: um modo cooperativo com 4 jogadores.

Diablo III proporciona aos jogadores de consolas mais ricos que conseguem adquirir a tecnologia mais avançada algo raro e fantástico: um modo cooperativo com 4 jogadores.

 

Deixem-me que vos conte uma história sobre Diablo III. Quando este apareceu, eu estava desejoso de o jogar. No entanto, dois dias após o lançamento fui passar uma temporada de 3 semanas de férias ao Algarve. Comigo seguiu o portátil onde o jogo estava instalado e escusado será dizer que nem cheguei a correr o jogo uma única vez pois obrigava-me a sugar o meu pacote de comunicações em banda larga.

Diablo III nas consolas está a proporcionar a melhor experiência de todas não só por novos elementos de jogabilidade introduzidos mas também porque acabou com dois dos maiores problemas da versão de PC: a Auction House e a necessidade de estar ligado online. Isto mostrou que a Blizzard não quer ceder ao que os fãs lhe pedem e comporta-se como uma empresa que morde na mão de quem lhe dá de comer. É preciso ter atenção, pois se há algo que já assistimos em muitas das lutas de Diablo ou de WoW, é que os gigantes também caem.