O sentimento genuíno da partilha fez parte da vida de todos os gamers dos anos 90. É inegável o facto de o preço dos jogos nessa época (muito próximos dos dias de hoje, mas em termos de inflacção a corresponderem a uma grande percentagem do salário médio português) nos obrigava a todos a trocar jogos com os vizinhos ou colegas de escola. Era também o tempo em que fazíamos de tudo para que não nos oferecessem jogos que alguém no nosso círculo de amigos já possuía: a necessidade de aumentar o (reduzido) leque de jogos a que tínhamos acesso assim o pedia. Mas a proliferação dos jogos digitais, o bicho-papão dos DRMs e os preços altamente vantajosos de plataformas como o Steam, foram abatendo a pouco e pouco o hábito do empréstimo de videojogos. As prateleiras cheias de caixas de jogos de PC, cartuchos avulsos, manuais de instruções diversos, deram lentamente lugar a bibliotecas digitais pousadas em nuvens e acessíveis ao mero clique do rato.
Depois dos polémicos avanços e recuos da Microsoft sobre a questão do empréstimo de videojogos, eis que, de forma inesperada a Valve vem apresentar um novo serviço da sua plataforma Steam: o Steam Family Sharing. Com este serviço será possível emprestarmos a nossa biblioteca de jogos a até 10 pessoas, ou, se virmos que algum amigo tem um jogo que gostaríamos de jogar, utilizar o belo e mui português “cravanço”. Disponível para empréstimo estarão todos os DLCs que o proprietário possuir e a limitação de que não é possível escolher quais os jogos emprestados: a biblioteca é disponibilizada por inteiro. Perante a impossibilidade do mesmo jogo ser jogado por dois utilizadores distintos ao mesmo tempo, o amigo/familiar receberá uma notificação para comprar ou para desligar o jogo, se o seu proprietário o quiser jogar no momento.
Podem inscrever-se na beta neste grupo do Steam. E se tiverem uma biblioteca de Steam bem recheada preparem-se para ser “namorados” pelo vosso grupo de amigos: o Family Sharing vai ser o vosso pedestal.