Existem variadíssimas razões para se perceber os vários porquês do sucesso da Wii. Uma consola que não só quis tirar os jogadores do sofá como os quis reunir em torno de uma consola, sabendo aproveitar o nicho familiar, nicho esse pouco explorado pelas restantes marcas, e trazer os videojogos para a esfera do convívio pessoal e físico. Talvez por isso é que uma das grandes dúvidas de quem segue o catálogo da Nintendo Wii U seja “mas qual será O grande party game da consola”? Depois das análises de Rabbids Land, Game & Wario e Spin the Bottle: Bumpie’s Party, e a percepção que fomos tendo de qual deveria ser o jogo de lançamento da Wii U, faltava porém, mergulhar a fundo em Wii Party U.

Wii Party U assume-se rapidamente como um jogo apontado para jogadores menos ambientados aos videojogos, trazendo uma simplicidade que se coaduna com festas ou reuniões familiares. Simples e vibrante, sem nunca retirar a leveza que um jogo de festa deverá ter. A par do seu antecessor vemos o regresso dos Miis como personagens jogáveis em 4 modos de jogo separados por cerca de 80 (!!!) minijogos. Verdade seja dita em antemão que uma parte considerável destes minijogos é desinspirada e muito pouco inovadora, mas que, se jogados dentro do contexto, poderão conferir uma pequena aura de diversão.

Os 4 modos distintos de jogar Wii Party U parecem reflectir disposições diferentes dos jogadores para com o próprio jogo, adaptando o tempo disponível em função da experiência de jogo que se deseja obter. House Party é na sua essência a verdadeira forma de se jogar Wii Party U. De herança conceptual dos jogos de tabuleiro, de Mario Party e Wii Party, House Party coloca-nos a competir com os nossos amigos num cenário tornado jogo de tabuleiro, onde os nossos avanços e recuos são definidos por uma série (curiosa) de diferentes formas de lançar dados. Apesar de ser um modo relativamente demorado é aquele que funciona verdadeiramente em grupo, trazendo o equilíbrio (quase) ideal entre convívio e competição. E claro, que a progressão no tabuleiro tem outro elemento decisor para além dos dados: os minijogos, que decidem a ordem de jogada, opondo todos os jogadores uns contra os outros, ou todos contra o primeiro colocado.

Jerónimoooooooooooooooooooo!

Jerónimoooooooooooooooooooo!

 

O que é possível sentir no modo House Party é que é possivelmente aquele no qual os minijogos mais disfarçam a sua falta de inspiração e corrente enfado com que nos brindam, ficando ligeiramente atenuados pela rapidez com que são jogados (cerca de 20-30 segundos na sua maioria) e pela competição inerente a sermos os primeiros a chegar ao quadrado final do tabuleiro. Mas ao contrário do seu antecessor, são também adicionados pequenos modos deste House Party, não se limitando apenas ao conceito de jogo de tabuleiro. Num dos modos dentro deste modo (“Modoception?”) o objectivo é jogar uma espécie de Poker com Miis com camisolas numeradas, em que a ordem de escolha dos mesmos é definida pelos resultados em minijogos. Nenhum destes novos twists trazem a mesma diversão ao modo House Party como a boa e velha vertente de jogo de tabuleiro, mas servem para trazer uma abordagem diferente ao próprio jogo. De ressalvar porém, que o Wii U Game Pad é completamente renegado para segundo plano neste modo, servindo quase única e exclusivamente para lançar os dados, sendo todos os minijogos efectuados com Remotes, o que revela alguma estranheza esta decisão dos criadores, ao colocarem o Pad a ter tão pouca relevância no elemento principal do próprio jogo.

TV Party por outro lado utiliza sempre o Wii U Game Pad, em jogos que vão desde usá-lo como fonte de onde os jogadores têm de recolher água e levá-la até à TV, até servir de suporte de desenho numa espécie de Pictionary. Quase todos os jogos que compõem este TV Party resultam para jogos de grupo com menos tempo para dedicar à consola: não só porque existem isoladamente sem qualquer estrutura tipo jogo de tabuleiro, como têm eles mesmos  uma duração de entre 5 a 10 minutos. É claro que alguns momentos de inspirada utilização das potencialidades do Game Pad são contrabalançadas com jogos como o Feed my Mii, que consiste tão-somente em ter os jogadores a berrar em simultâneo ao portador do Pad os seus pedidos tal como se estivessem num restaurante de Fast Food. É daqueles jogos que ao terminar deixam um grupo em silêncio a indagar-se sobre aqueles 5 minutos perdidos que não voltarão atrás.

1ª Grande Guerra do Polegar

1ª Grande Guerra do Polegar

 

Mas aquele que é a verdadeira demonstração das potencialidades da Wii U Game Pad é o modo GamePad Party. Neste modo opõem-se dois jogadores, frente a frente, com o Pad a separá-los em jogos extremamente divertidos que vão desde matraquilhos até um jogo de micro-baseball. O que fica verdadeiramente provado neste modo é que é possível, mesmo com ideias simples, de explorar óptimas ideias de utilização do Pad, criando novas mecânicas que nos façam repensar a forma de interagir com uma consola doméstica. E as horas de diversão que este modo aparentemente simples, e com muito menos fogo-de-artifício que os restantes modos apresenta, acabam por ser a razão principal deste jogo ser um exemplo real das potencialidades da Wii U. Sem qualquer sombra de dúvida o melhor elemento do jogo e que consegue, através de uma ilusória simplicidade, aumentar, e muito, a qualidade geral do jogo.

O jogo da Glória do Mii!

O jogo da Glória… do Mii!

 

O último modo, Minigames, não é mais do que a possibilidade de jogarmos isoladamente as dezenas de minijogos que Wii Party U nos apresenta. Mas facilmente percebemos que este modo deverá ser evitado a todo o custo: a insipidez dos minijogos quando jogados em separado e isolados do contexto do jogo de tabuleiro acaba por ser um elemento desmotivador e que quebra rapidamente a diversão em qualquer grupo.

Um elemento que decerto fará impulsionar as vendas deste Wii Party U é o facto de que por 49,99€ podemos obter o jogo e um Remote, o que, a par do que aconteceu com Wii Sports Resort (para a Wii) e a sua oferta de um Wii Remote Plus, decretará este como um dos jogos mais vendidos desta plataforma. E claro, aliado à simplicidade de mecânicas que permite uma grande abrangência de jogabilidade, tanto a jogadores mais experientes como a alguns mais casuais, o que permitirá um bom equilíbrio em qualquer festa.

 

O melhor: a utilização do Game Pad, em especial no modo GamePad Party; a grande diversidade de minijogos mantém o modo House Party quase sempre inovador; a simplicidade de mecânicas nos minijogos.

O pior: a insipidez dos minijogos quando jogados em separado; a necessidade de se ter 4 Remotes para usufruir ao máximo do próprio jogo.

Wii Party U é sem dúvida o melhor party game actual da Wii U. Não estando no mesmo patamar de genialidade de alguns jogos do género da velha (?!) Wii como Guilty Party ou Mario Party 9, mas soube aproveitar as novas características da plataforma. Trazendo horas de diversão com mecânicas e visuais simples, permitirá a jogadores com diferentes níveis de experiência em videojogos de usufruir ao máximo de um jogo de festa que não deseja ser mais do que isso, mas que cumpre com eficácia.

(Wii Party U é um exclusivo Wii U)