É para o quarto andar se faz favor!
Grande parte do público português parte do pressuposto que nunca se faz nada em Portugal. Não se publica BD, não se escrevem livros (que não sejam a metro feitos pelos escritores habituais), não se publicam filmes e muito menos, não se criam videojogos. A realidade é que, e como comprovado pelo recente livro de Nelson Zagalo, sempre se fez bastante, e cada vez se fazem mais videojogos no nosso País. Sendo verdade que não temos mercado para AAAs, mas já temos uma grande produção naquele que é um dos mercados mais emergentes: o das apps.
A Battlesheep, empresa criada em 2008 por Nélio Codices e Pedro Candelária, já conta com alguns jogos no seu portfolio, e a recente mudança de caminho entre a produção de jogos Flash para browser para o mercado dos smartphones foi marcado pelo lançamento deste ano do jogo Bounty Monkey.
Zombie Apocalift, o segundo jogo da Battlesheep lançado para iOS e Android, coloca-nos num cenário improvável: um apocalipse zombie e um elevador. Se é verdade que existe uma verdadeira inundação de zombies (não no sentido canibalesco do termo) no mercado, a realidade é que percebemos neste jogo aparentemente simples, a tendência da Battlesheep de inovar os hábitos conceptuais de alguns géneros (depois de termos visto vacas a voar sobre a Lua, e macacos piratas a saltar de corda em corda) temos neste Zombie Apocalift um total desrespeito pelas regras de segurança. “Em caso de Fim de Mundo, por favor utilize as escadas” sempre nos disse o bom-senso. Mas neste jogo não só temos de lutar contra mortos-vivos que desejam ardentemente comer-nos as entranhas e a mioleira, como temos de lutar contra a claustrofobia de um elevador rodeado de estranhos que tentam, assim como nós, sobreviver.
Mas apesar de ser uma app preparem-se, porque este é um jogo difícil, muito difícil mesmo. Diria inclusivamente que é quase impossível de ser ultrapassado sem a utilização de power ups, e não existe perícia digital ou agilidade de ave de rapina que vos permita manter os 3 personagens vivos durante toda a progressão dos níveis, mas as moedas que conseguimos obter permitem-nos comprar estes itens.
É que apesar da simplicidade da jogabilidade, em que estamos num elevador com um personagem à esquerda, outra à direita e outro a apontar para cima, vamos recebendo vagas de zombies em simultâneo em qualquer destas 3 frentes e temos de os conseguir derrotar sem que eles matem os nossos personagens. Apenas com afinadas decisões de instantes e destreza quase sobre-humanas é que vamos conseguindo avançar na dificuldade crescente de cada nível de Zombie Apocalift.
Uma das características deste Apocalift são os pequenos apontamentos de humor que nos vai brindando à medida que vamos avançando no jogo. Desde a velhota (a minha personagem favorita do jogo) que repele zombies com pancadas de um andarilho, até ao Hellvis, temos uma série de personagens improváveis que vão abrilhantando este jogo, incluíndo inimigos, dos quais a Mrs. Romero é um bom (e grande) exemplo.
O único grande senão, mas que assenta sobre o modelo de mercado ao qual o jogo está inserido, são as micro-transações. É claro que é mais imediato pagar com dinheiro real estes power ups do que “farmar” as moedas necessárias para os obter. Os referidos power ups são das poucas formas de conseguir ultrapassar os níveis, e acredito que como eu, muitos jogadores preferem pagar um pouco mais por um jogo que conte apenas com a sua perícia do que o modelo pay to win. Sendo o jogo gratuito para Android e com o reduzido preço de 0,79€ para iOS, questiono-me se seria viável o preço ser ligeiramente superior, relegando as in-app purchases para questões cosméticas?
O melhor: os apontamentos de humor; a dificuldade; o visual.
O pior: a dificuldade (porque pode afastar jogadores mais casuais); as in-app purchases.
Comments (3)
Parece engraçado e desconhecia completamente. Vou vascular já no meu Android Store.
concordo que não parece nada mal :)
já agora… sobre a parte da BD aqui fica uma sugestão com muita qualidade:
As Aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy, falta-me o volume 3 que saiu recentemente!
https://www.facebook.com/dog.pizzaboy
Obrigado Rui, conhecemos os autores e somos fãs desde o primeiro volume! Realmente um marco da BD nacional!