Uma invisível neblina matinal gelada, daquelas que se infiltra no interior dos ossos fazendo-os doer, tenta demover os jovens caçadores que exploram a densa vegetação dos jardins da Regaleira, onde um novo mistério acaba de ser desvendado. A juntar aos muitos segredos e enigmas que habitam neste lugar mágico em Sintra, as crianças descobriram agora que este é também um local onde os Invizimals se escondem.
– Está ali um, em cima – avisa uma das crianças. Alex, vestido com as cores da Aliança (a célebre camisola laranja e o blusão azul sem mangas) corre a tentar avistar o ser fugidio – Depressa, apontem as PS Vitas – grita Alex. As crianças apontam as suas máquinas e depressa estão a capturar criaturas. Ao longo de mais de 100 anos que este lugar onde o céu e o inferno se tocam tem sido percorrido por muitos milhares de turistas, e todos ignoraram a presença destes seres. Espantados, assistem às capturas e batalhas que as crianças fazem ao longo do espaço.
Esta ficção pertence a uma manhã organizada pela PlayStation Portugal para o lançamento dos novos jogos de Invizimals. O local escolhido não poderia ser mais apropriado. A Quinta da Regaleira, cuja construção terminou em 1910, foi edificada como um lugar onde as grandes mitologias universais estariam representadas. É um lugar que construiu cenários repletos de representações e metáforas, desde o jardim do Éden bíblico até às profundezas do inferno de Dante. Desde sempre tem sido um local envolvido no misticismo e daí ser o espaço perfeito para lançar um jogo que envolve “magia”.
Invizimals é porventura dos poucos jogos aos quais um evento deste género faz sentido. O jogo é em si próprio uma peça única e mágica, uma vez que aproveita as câmaras da consola para “ver” símbolos e a partir daí gerar uma realidade aumentada no ecrã que coloca as criaturas no mundo real. Embora a realidade aumentada já seja uma presença frequente nos ecrãs dos smartphones, a realidade “real” é que esta é uma tecnologia que ainda não se massificou comercialmente, e é maioritariamente utilizada por “early adopters” ou curiosos. No entanto, com Invizimals, esta tecnologia já chegou à maior parte das crianças portuguesas que jogam através da PSP. Portugal é aliás um case study na Europa por ser um dos países onde o fenómeno tem mais força comercial.
As muitas crianças que tiveram presentes neste evento puderam assim passear pelos fantásticos espaços da Quinta da Regaleira enquanto brincavam ao faz-de-conta de Caçadores de Invizimals. Alex (o actor Alexandre Ferreira) preparava-os para a aventura, dando a todas e todos as mãos para formar uma aliança, e guiando-nos pelos primeiros passos da aventura. Vestidos com impermeáveis brancos e munidos com várias PS Vita, lá seguiam pelos jardins, cavernas, grutas e pelo incrível poço iniciático apanhando criaturas e executando algumas batalhas. Na verdade, este jogo poderia ter sido executado numa qualquer sala de jantar, ou quarto de brincar, mas é de aplaudir o facto da Sony ter levado as crianças a conhecer um espaço tão maravilhoso, onde ficamos isolados do contacto com os prédios, os carros e a poluição, e onde o ar que se respira é tão fresco como misterioso.
Num dos momentos mais curiosos da aventura, as crianças tentaram capturar Cyclops, uma criatura que tem de ser capturada no maior dos silêncios. Invizimals: A Aliança, conseguiu colocar 20 crianças totalmente em silêncio, concentradas na acção, e quando duas delas se atreveram a interromper o silêncio receberam prontamente de uma miúda mais assertiva, um audível: – Oh pá, calem-se! – provocando o riso contido nos pais presentes.
No final todos levaram jogos Invizimals para casa, tanto do novo O Reino Perdido para a PlayStation 3, como do jogo A Aliança para a PS Vita. No entanto, aquilo que eu espero que tenham levado é a noção que o acto de jogar não tem de ser um acto feito em solidão no quarto ou na mesa de jantar do restaurante. Também se pode jogar num enorme jardim recheado de surpresas para descobrir. Pode ser este o maior contributo que a realidade aumentada trará para as futuras gerações infantis.