Quando há cerca de um ano e meio apareceu o primeiro teaser trailer de Reset, a internet ajoelhou. O tom triste daquele mech sozinho num cenário pós-apocalíptico, não mostrava nada de jogabilidade mas conseguiu deixar-nos ansiosos por saber mais e por poder entrar naquele mundo de jogo.

Reset é um jogo cooperativo para um jogador. Eu sei, pode parecer confuso mas é até bastante simples. O nome do jogo provém da mecânica que é usada para resolver os cerca de 33 puzzles do jogo. Em qualquer momento, em qualquer local que nos encontremos, podemos marcar aí a nossa posição e depois prosseguir com outras acções. Mais tarde, podemos voltar ao nosso ponto marcado e ter uma cópia de nós mesmos a fazer aquilo que agora está no passado. Isto é, podemos fazer reset, começar de novo, mas sem apagar o que já aconteceu. Digamos que é um reset com um bug, algo que certamente irá estar relacionado também com a história do jogo.

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Como isto funciona é elementar. Imaginemos que temos uma distância inultrapassável entre duas plataformas. Marcamos o ponto de reset numa delas, depois descemos e podemos arrastar um objecto grande até uma das plataformas e de seguida até à outra. Quando fazemos reset vemos o nosso “outro eu” a executar estas acções e podemos apanhar boleia no objecto que ele arrasta. Isto, obviamente, tende a complicar-se ao longo de cada puzzle.

Se esta mecânica já por si é razão suficiente para querer ver este jogo acontecer é algo mais que o jogo traz que o faz imprescindível a ser financiado através de crowdfunding. Reset tem um tom, um tempo e uma calma muito próprias. O momento no novo trailer em que o robô olha para imagens de arte, simbologia e da humanidade, levanta o véu sobre um universo de jogo onde tudo desapareceu e só ele resta. Existe sempre um risco que financiamento externo faça os criadores perderem a liberdade criativa para manter esta ausência de acção. É que numa equipa composta apenas por duas pessoas, o que em si é um facto impressionante pelo que já conseguiram, é mais difícil aguentar a pressão do desenvolvimento.

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Está prometida uma ilha ficcionada nas Galápagos com 16 quilómetros quadrados para explorar, um motor gráfico avançado que já começa a mostrar o que vale nos primeiros vídeos, e uma boa narrativa sci-fi noir. O facto de a equipa já ter recebido o seu dev kit do Oculus Rift e estar a fazer experiências com ele é outro bom sinal.

É certo que o crowdfunding sofre actualmente tanto de desconfiança como de cansaço mas é importante que nunca nos esqueçamos o que está por detrás destas acções: ajudar criadores a entregarem-nos visões de jogo diferente do habitual. E com exemplos como o de Star Citizen a aproximar-se rapidamente dos 35 milhões de dólares em financiamento da comunidade é caso para dizer que as notícias do fim do crowfunding eram como as novidades de Mark Twain quando afirmou que “as noticias da minha morte são claramente exageradas”.