Às vezes pensamos que a indústria dos Videojogos em Portugal é quase nula, uma indústria que desde a década de 80 não teve o apoio merecido dos governos e com documentação parlamentar que provam esse desinteresse. Mas em Portugal, faz-se, tenta-se, aguarda-se pelo momento certo com perseverança e por mais que se possa pensar “Podia ter feito mais”, não se deixa de fazer, não se deixa de tentar, e por consequência: não se deve deixar de apoiar. Sabe-se que os melhores partem para produtoras de outros países: da Crytek à Bethesda; ou são as produtoras e editoras de outros países que colocam os pés e mãos à obra em Portugal. Isso reflecte algo que é inegável: os Portugueses sabem fazer e fazem com qualidade, mas nem sempre é suficiente para invertermos o curso de uma sociedade desapoiada.
São muitos pedidos que nos chegam ao Rubber Chicken para experimentar jogos, escrever análises, falar um pouco do que seja para divulgar o que é nacional. Mas por mais interessante e por mais que queiramos, não há tempo para tudo, ou entramos na tal espiral do “podia ter feito mais”. No entanto, podemos não ser super-heróis, mas podemos ser um elemento que faz com que algo maior aconteça. Todas e todos nós.
O caso que vos trago fez-me relembrar Sealark do jovem Joshua Cross, um jogo que teve um forte apoio no Kickstarter e que ultrapassou em muito as expectativas em relação ao financiamento.
Hoje, o Rubber Chicken ficou a conhecer outro jogo sobre peixes, desta vez desenvolvido por Portugueses e com o projecto noutra plataforma de crowdfunding: o indiegogo.
A Reinventing the wheel, de João Alves de Sousa e Pedro Mendes, são os criadores de “Free that Fish”, um puzzle 2D para móveis que consiste em libertar um peixe a partir de vários aquários que rodam. Parece simples? Parece, e também por isso parece ser tão cativante. Tem simplicidade misturada com um aspecto cartoon caricato, não que invente a roda, mas poderá ser uma boa companhia para quem prefere os jogos casuais.
E porquê a relação entre Sealark e Free that Fish? Os peixes. A ideia de fazer um jogo com ou sobre peixes. E os dois, na apresentação do crowdfunding, irradiarem motivação em fazer melhor, maior, e com qualidade. Podem espreitar o projecto e, quem sabe, fazer deste jogo uma autêntica referência portuguesa.
Não precisam ser heróis. Podemos não salvar o mundo, mas podemos salvar um peixe.