Tudo é possível quando se pensa no impossível.
Os marcadores de cores sempre foram uma excelente companhia quando era criança. Os desenhos com linhas imperfeitas ultrapassavam as margens, mas isso não era importante. O que interessava era fazer daquele desenho algo vivo, em que a imaginação e as próprias cores encarregavam-se disso. Com Max: The Curse of Brotherhoood, um exclusivo Xbox produzido pela Press Play, desenhar volta a ter um toque mágico de uma forma muito especial.
Max é um menino que tem um irmão mais novo, e este foi raptado por um monstro de um outro mundo. Max acede a esse universo de fantasia distinto com um estilo cartoon para reaver o irmão, e obtêm um utensílio que lhe confere poderes especiais: um lápis de cor capaz de modificar e criar objectos. Este utensílio, que também serve de arma, vai ajudar a guiar Max por ambientes hostis e na resolução de puzzles a partir dos objectos que se mesclam com o ambiente de um 2.5D de scroll lateral. Um jogo de plataformas com puzzles inventivos, exploração, e focado num storytelling com cinemáticas notáveis.
Podemos fazer uma comparação com jogos como Trine ou Rochard (mesmo motor de jogo) pelo estilo de jogo e pela aplicação de físicas nos puzzles. Mas Max: The Curse of Brotherhood, por mais que não seja “único”, apresenta-se com diferentes qualidades bastante engenhosas e criativas. Tem em atenção especial a manipulação dos elementos da natureza: água, fogo, terra, e combina estes elementos de tal forma que acrescenta significativamente um leque de opções para a resolução dos puzzles, mas que funcionaria talvez melhor num touchpad do que num comando.
A dificuldade é gradual à medida que acrescenta um novo poder e chega ao ponto de transformar-se no impensável. Com a adição de poderes e pelas combinações, os puzzles tornam-se mais complexos. “Será que consigo fazer isto?” Sim, consegue-se, e chega a ter grande impacto. As Mecânicas e as físicas estão muito bem afinadas, e por mais difícil que os puzzles pareçam a determinado ponto, o level design está pensado de forma inteligente para o jogador ter intuição e rápida consciência do que fazer. Isto é, poderá ser impensável determinada resolução de puzzle, mas não é ilógica ao ponto que vários jogos conseguem chegar.
Max: The Curse of Brotherhood mantém as coisas simples ao mesmo tempo que as torna mais complexas, e mistura esta simplicidade com complexidade, sempre a apoiar-se pela destreza. Além dos puzzles, adiciona encontros com monstros/bosses, minions do Sr. Mustacho (o senhor do bigode) a quem devemos também defrontar. E outros animais peculiares que encontramos pelo percurso. Max não defronta directamente estes seres, utilizando sempre o meio circundante de forma mais inteligente e tem de correr por obstáculos utilizando as suas capacidades para fugir. Quando um monstro é trinta vezes maior que Max, o melhor é fugir.
O único factor menos bom a apontar são as situações de tentativa e erro. Durante as fugas, há algumas situações que não são possíveis saber em antemão como realizar. Um pequeno delay ou uma corda não bem esticada poderá quebrar com a fluidez da perseguição. Contudo, caso se perca, os loadings são efectuados muito próximos de onde se perdeu.
De acordo com os poderes que controlam os elementos da natureza estão os ambientes. Por exemplo, ganha-se o poder de controlar os ramos numa floresta e ganha-se o poder do fogo durante um nível com fogo. Mantêm esta sólida relação, tal como mantêm um bom visual pelo framerate, mas observam-se imperfeições de longe em longe. Algo que é solucionado facilmente com um update e que deverá certamente ter.
No momento que pensamos que Max: The Curse of Brotherhood vai abater-se na repetição, é quando se transforma com níveis divergentes, novas criaturas e novos desafios. Até ao final, nesta pequena aventura bem-humorada, não há razões para ficar menos motivado a jogar. Haverá momentos e encontros mais marcantes que outros, certamente, mas não há qualquer causa maior para olharmos para momentos menos destacados com menor afinidade.
O melhor: as Mecânicas; físicas bem afinadas; a reinvenção saliente do jogo original; o level design criativo e inventivo; as cinemáticas.
O pior: os momentos de tentativa e erro.
Pode não ser único, mas reinventa-se. Max: The Curse of Brotherhood favorece-se pela robusta mecânica de jogo e pelas físicas bem afinadas, com puzzles intuitivos e que chegam na mesma a ser um pouco complexos. O level design é fabuloso, permitindo que o jogador comece e acabe esta aventura sem uma maior sensação de repetição, com adição de elementos e dificuldade gradual. Ainda que tenha pequenas imperfeições aqui e ali, diluem-se no meio do excelente trabalho que a Press Play produziu.
Max: The Curse of Brotherhood é um exclusivo Xbox One. Proximamente para Xbox 360