Agora que atingimos o meu primeiro aniversário na Capoeira – e que vai coincidir com o mês de abertura de candidaturas para redactor do Rubber Chicken –  permito-me o arrojo de tentar explicar com um artigo as já muitas perguntas colocadas por diversas pessoas, em especial a mais importante:

Afinal o que é isto de ser Redactor do Rubber Chicken?

(Excerto de texto retirado do documentário “The great Rubber Hen House” de 2013, de Sir David Attenborough”):

(…) O Redactor do Rubber Chicken é um galináceo que facilmente se confunde com o Editor do Rubber Chicken (gummis mega gallum edictoris). Nenhuma das duas espécies tem um porte que as diferencie ou crista que as distinga, mas é a postura aviária anarco-sindicalista do Editor que causa esta confusão. Apenas na Capoeira – o seu habitat natural – é que a distinção é notável: com uma postura paternalista, é o Editor que traz às crias (Redactores) as minhocas para analisarem e metabolizarem, e são também eles que verificam os ovos que a sua prol põe, antes de os enviar para o Mercado Municipal. Este sentimento de igualdade dentro da Capoeira só insta o bom ambiente e o sentimento pedagógico da autonomia do Redactor em voar pelas suas próprias asas e elevar o mais alto possível a sua alma mater: o Rubber Chicken. Mesmo com a impossibilidade biológica de ver um galináceo a voar, o que conta é a intenção pedagógica (…).

A candidatura ao Rubber Chicken que fiz em Dezembro de 2012 não era mais do que a materialização de duas paixões distintas: por um lado os videojogos, e por outro, a escrita. Já escrevia análises de videojogos (e de outros meios) por minha conta em risco e tirava imenso prazer em fazê-lo, mas o facto de estar a escrever num espaço só meu isentava-me de uma parte muito importante no processo de escrita regular: a responsabilidade. Porque ao estar a escrever sozinho, num espaço só meu, também só a mim devia respostas do porquê da regularidade das minhas publicações ser tão escassa. A fluidez com que a frase “ah…faço amanhã” surgia, colocando a escrita de análises para segundo e terceiro planos de outras actividades que mais me aprazem, e menos trabalho me davam. Mas já enquanto leitor do Rubber Chicken percebi que aquela poderia ser a minha casa, que me obrigaria a manter uma regularidade de escrita e pelos artigos e conteúdos que lá fui lendo, que me fizesse tentar igualar a qualidade do que lá era produzido.

E como tudo o resto são histórias, o mais simples para que os candidatos à Capoeira possam perceber da forma mais simples  o que esperar do trabalho de redactor e receber umas dicas para uma candidatura mais eficaz:

1 – Perceber a política editorial e a importância de não sermos a análise apressada mas sim a crítica mais respeitada. Mas para isso há que fazer a reflexão mais ponderada e a mais honesta.

2 – O porquê de jogarmos até ao fim e em todos os modos? Por respeito pelos seus criadores, pelo videojogo e para termos a opinião mais fundamentada. Ninguém faria uma análise a um filme sem o ver até aos créditos finais nem a um livro sem o ler na íntegra. Um videojogo merece o mesmo respeito intelectual do que qualquer outro meio cultural, e apenas desta forma garantimos que a nossa reflexão é a mais completa e honesta possível. Porque jogar apenas um par de horas só permite uma compreensão superficial do videojogo.

3 – Jogamos de tudo. Desde o indie mais obscuro ao multimilionário AAA. E se pensam que por serem redactores que existe uma espécie de selecção da qualidade do que recebem para analisar, não poderiam estar mais enganados. Analisamos jogos que se demonstraram terríveis, jogos que não nos arrefeceram nem aqueceram e jogos fenomenais. Não existe uma triagem de jogos definida pela hierarquia Editor-Redactor. Aliás, fazendo o paralelismo canibalesco: é frequente que os Editores, ao trazerem frango assado para dar de jantar aos pequenos galináceos, que coloquem as suas preferências para segundo plano como qualquer Pai e Mãe-Galinhas fariam. Por muito que tivessem gosto de comer a carne mais húmida das pernas de frango, cedem-nas de bom grado aos filhotes.

4 – Recebemos jogos à borla. Sendo (à primeira vista) a parte mais aliciante de fazer análises, é também aquela cujo revés é mais facilmente esquecido. Se recebemos um jogo estamos a acordar com os nossos parceiros que dedicaremos o tempo que o videojogo merece a ser jogado, e a posteriori, na redacção de uma análise. É o mínimo que nos é exigido. Jogamos os jogos gratuitamente e ficamos com eles na nossa posse, muitas vezes jogamo-los antes de saírem no mercado, mas o expectável da nossa parte é que cumpramos a nossa parte do acordo: redigir uma análise. Dessa forma mantemos o voto de confiança que os nossos parceiros (sejam editoras, distribuidoras, ou mesmo os próprios criadores) depositam em nós. Escrevermos uma análise (ou qualquer outro tipo de texto, seja uma antevisão ou um artigo de opinião) é a nossa forma de cumprir a nossa existência. Porque apesar de saber bem poupar uns  trocos independentemente do valor pecuniário do jogo que recebemos, há-que convir que ninguém dá nada a ninguém só porque sim.

5 – Leiam o Rubber Chicken. Se estão a pensar em candidatar-se à posição de redactor, deverão perceber o que nos distingue estilitica e conceptualmente nos media de videojogos. E mais do que tudo sentir que podem fazer parte da Capoeira e que a vossa forma de reflectir sobre os videojogos e a vossa identidade e qualidade de escrita se coadunam com a do Rubber.

6 – Deixem os preconceitos à porta. Todos temos preferências pessoais, e temos de saber lidar com isso. É de senso comum que não somos tabulas rasas quando nos candidatamos ao Rubber Chicken. Mas temos de perceber que não existem jogos, nem séries, nem géneros preferidos. Temos de ter a mesma postura de isenção e de exigência perante qualquer jogo. E ao termos essa postura respondemos à política de verdadeira independência que é apanágio do Rubber Chicken e que nos tem distinguido.

Portanto se compreendem estas dicas/sugestões que vos deixo, respondam ao nosso concurso. Podem ver respondida qualquer dúvida vossa através dos nossos meios.

BOK BOK! (o cumprimento oficial dos membros do Rubber Chicken, seguido da Dança das Galinhas, duas piruetas, um plié, e uma bicada no chão)

Redactor Rubber