3 dias, 3 reflexões sobre a Nintendo

Sabemos historicamente que em diversos momentos foi a Nintendo que pautou as inovações e alguns avanços no mercado dos videojogos. Mas com todo o burburinho criado entre Sony e Microsoft, em que ambas querem demonstrar que possuem a consola mais avançada e de maior poderio tecnológico, a Nintendo decidiu remeter-se a outra esfera, longe do palco principal onde as outras duas companhias promovem uma das mais acesas e interessantes (do ponto de vista de estratégias de mercado) guerras dos últimos anos. E essa esfera ocupada pela Nintendo é em si mesma uma batalha solitária, lutada por si contra si mesma, distinta do plano frontal ocupado pela PS4 e pela Xbox One. E compreende-se esta retirada da batalha: desde o lançamento da Gamecube que a companhia não lança uma consola que seja a, ou uma das máquinas mais potentes do mercado, mas situou-se no seu próprio nicho, ao perceber que a corrida estava a médio prazo perdida, e que a aposta deveria ser naquilo que a tornou o que é hoje: os seus IPs, inovações de jogabilidade, e o divertimento.

E se a beligerância entre Sony e Microsoft é manifestada em todas as frentes, a atenção dada ao mercado indie é uma das armas de arremesso entre as duas trincheiras: em que cada uma chama para si o título de “Plataforma que ama de forma mais profunda e avassaladora o mercado independente”, e que as marcas se digladiam pela possibilidade de levar os indies a jantar no dia de S. Valentim. Nesta luta entre os 2 rapazes populares da escola pelo coração da hipster mais desejada do liceu, a Nintendo é uma espécie de geek desajeitado que se retira silenciosamente da corrida, por sentir que está a competir numa liga que não é a sua, ou porque simplesmente não é a sua agenda. A PS3 e a Xbox acabaram por ser as duas plataformas da geração anterior cuja aposta recaiu sobre as produções indie, sendo que nesta batalha específica da sanguinária guerra entre as duas a Sony levou a melhor. Alguns dos seus indies (à data) exclusivos acabaram por ser dos melhores jogos dos seus anos de lançamento, competindo frente-a-frente com AAA por diversos prémios, e arrecadando alguns deles.

Mas quando vamos analisando conceptual e tecnicamente grande parte das produções que se fazem no mercado independente, é igualmente perceptível a influência que a Nintendo e os seus IPs têm em muitas destas criações, seja por serem muitas vezes os jogos que acompanharam a vida e o crescimento dos seus criadores, seja pelo espírito de inovação com o qual estão habitualmente imbuídos. Mas apesar do franco reconhecimento e das distinções que indies como Fez, Papo & Yo e Journey foram recebendo, a Nintendo vai tendo alguns jogos exclusivos mais “pequenos”: alguns indies, outros de produção interna, que vão compondo uma belíssima colecção de títulos, em especial para a 3DS. Por motivos estratégicos é difícil que a companhia, que vive em grande parte da força de lançamento dos seus IPs, disponibilize parte da sua força de marketing e divulgação para estes títulos. Nesta última reflexão sobre a Nintendo urgia falar sobre a força e a qualidade que muitos dos títulos que preenchem a loja digital têm, e que acabam por passar sob o radar de grande parte dos media e dos jogadores. Mas num espírito de partilha tão típico aqui da Galinha, decidimos compilar os jogos que fomos encontrando em buscas Laracroftianas pela eShop, e que fomos adquirindo até formar uma colecção que demonstra a grande qualidade de muitos destes títulos, que podem ser adquiridos entre os 5 e os 10€, e que correspondem a um belíssimo equilíbrio de qualidade/preço, em exlusivo para a 3DS.

Harmoknight

Criado pela Game Freak, Harmoknight é um jogo rítmico de plataformas e é possivelmente o mais caro desta lista. Ainda assim, é um jogo que agradará pela sua diversidade, espírito inventivo e pelo visual bem-conseguido.

Pushmo

Fallblox

O jogo original e a sua sequela e que surgem como uns dos jogos de puzzles mais interessantes na eShop. A sua simplicidade acaba por enaltecer as mecânicas simples mas eficazes.

Mighty Switch Force 1 & 2

Um puzzle platformer num setting que relembra o mundo de Mega Man. Um dos meus títulos favoritos e que exibem um alto nível de game e puzzle design. Interpretamos o papel de uma agente da polícia ciborgue que tem como objectivo capturar uma série de foragidas, utilizando mecânicas de alternância de objectos entre o primeiro e o segundo planos do jogo.

Dillon’s Rolling Western e Dillon’s Rolling Western: the Last Ranger

Com um ambiente de western com criaturas antropomórficas que nos remetem para o ambiente do filme Rango, temos este jogo que cruza sequências de acção com tower defense, em que encarnamos um primo afastado do Sonic: Dillon, um armadilho super-veloz que é o xerife da pequena povoação invadida por gigantes de pedra.

As compilações Guild da Level-5

Numa postura mais experimental, a Level-5 tem concebido uma série de pequenos jogos com autores famosos e que têm sido lançados em exclusivo para a 3DS, sob o nome de Guild 01, e Guild 02. Das duas compilações já lançadas destacamos:

Crimson Shroud

Um dos jogos que mimetiza de forma mais directa o funcionamento de um tabletop RPG, em que estamos literalmente a jogar uma sessão de jogo, e que as decisões e resultados são obtidos através do lançamento de dados.

Liberation Maiden

A Presidente do Japão é uma jovem de liceu que pilota um mecha e que tem de proteger o seu País da invasão de um inimigo externo. Se a descrição não é suficiente para criar alguma curiosidade, há que referir que não só é um shooter de alta qualidade e que peca por ter apenas 2 a 3 horas de jogabilidade: ficamos mesmo com a vontade de jogar mais.

Bugs vs. Tanks

Criado por Keiji Inafune, bugs vs. Tanks é um jogo em que controlamos pequenos tanques de guerra que encolheram para poderem combater eficazmente um exército de insectos. E foi criado pelo Inafune. Aquele que criou o Mega Man. Está tudo dito?

Starship Damrey

Um survival horror sci fi na primeira pessoa em que existe uma total ausência de explicações e dicas. A sobrevivência levada ao extremo e um dos jogos mais distintos da 3DS.

Attack of the Friday Monsters – A Tokyo Tale

Explorando um conceito tão querido aos nipónicos (e a mim pessoalmente) o dos sentai, em especial os ataques de monstros gigantes que Tóquio recebeu ficcionalmente neste tipo de séries (como o do Gojira), este life simulator permite-nos observar esta vivência e o perigo iminente da destruição da cidade através dos olhos de um rapaz.