Uma das perguntas que nos fazem frequentemente é se queremos primeiro as boas ou as más notícias. Cada qual terá a sua preferência nesta ironia dramática mas geralmente recebe duas respostas diferentes, uma para o lado do mal e outra para o lado do bem, Skywalker style. No caso de ser a Rocksteady a fazer-nos essa pergunta a resposta é no entanto a mesma: Batman Arkham Knight. E Batman Arkham Knight.

O anúncio de Batman Arkham Knight é uma boa notícia porque jogar um Batman da Rocksteady tem resultado sempre numa caixa de areia onde encarnar Bruce mistura estilo, tom, ritmo e mecânicas em doses perfeitas e bem afinadas. É bom porque nunca antes ninguém conseguira transpor de forma tão perfeita para os videojogos o que é ser um herói da BD. É bom porque o jogo é um exclusivo para as plataformas de nova geração, o que resultará certamente numa cidade ainda mais complexa e detalhada.

Não sei se isto será boa ideia...

Não sei se isto será boa ideia…

 

No entanto também é mau. Mau porque antes de Batman Arkham Asylum só existiram dois jogos que verdadeiramente traduziram heróis de BD para a jogabilidade digital de forma eficaz: Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time (Arcade – 1991 / Super Nintendo – 1992) e Scott Pilgrim vs. The World (PS3 e Xbox 360 – 2010). Arkham Asylum juntou-se a esta lista tão parca e faminta de títulos que encarnam com seriedade e qualidade as páginas de papel, com as suas mecânicas acertadas na terceira pessoa que nos colocavam o controlo de Batman nas mãos. Mas foi Arkham City que conseguiu atingir aquele que é provavelmente o ponto máximo de uma personagem de BD num videojogo.

Porque é que isto é mau? Porque se a Rocksteady conseguiu fazer isto com Batman consegue certamente fazê-lo com outros heróis. É um sabor agridoce saber que a produtora vai retomar o mesmo jogo pela terceira vez quando poderia estar concentrada em propriedades novas. Só no universo da DC Comics há um enorme número de grande personagens que incluem Flash, Constantine, Swamp Thing e até Aquaman, para além de poder ser a hipótese mais viável de termos pela primeira vez um bom jogo de Super-Homem. E qual seria o potencial das propriedades da Marvel nas mãos da Rocksteady?

... é que o fato é tão apertado nas virilhas!

… é que o fato é tão apertado nas virilhas!

 

NOTA: A próxima secção contém spoilers à narrativa de Arkham City.

Regressar ao universo de Batman para fechar uma trilogia poderá agradar a muitos dos fãs da série, principalmente após o sonolento Arkham Origins que foi desenvolvido por outro estúdio. Há no entanto o risco de já não existir muito mais por onde ir. O anúncio de que vamos poder conduzir o Batmobile é um dos primeiros alertas nesse sentido. Introduzir condução vai certamente obrigar a alargar muito a cidade e isso vai certamente comprometer a experiência de planar, uma vez que devem aumentar demasiado as distâncias entre os pontos, além de ser um exemplo de o que é que faltará fazer.

Por outro lado, com a morte de Joker no final do jogo anterior, a narrativa prende-se com os mesmos vilões dos dois jogos anteriores que se juntam para derrotar Batman. A novidade anunciada que temos uma cidade controlada por gangues terroristas da qual a população fugiu não é nenhuma novidade, pois era exactamente o que acontecia em Arkham City. Estamos, provavelmente, a jogar Arkham City outra vez, e para isso já nos bastou Origins.

Isto a juntar ao facto de ir com as penas muito apertadas no carro...

Isto a juntar ao facto de ir com as penas muito apertadas no carro…

 

Se devemos depositar confiança na Rocksteady pelos títulos que já desenvolveu, é muito limitado o potencial do próximo título quando tudo parece ser uma nova roupagem da mesma história já contada. O outro grande alerta é a saída de Paul Dini da escrita e que agora dá o lugar a Martin Lancaster, responsável pela escrita nas séries de Crysis e Killzone, isto é, não augurando nada de bom.

... e acabo o dia todo assado.

… e acabo o dia todo assado.

 

Alguns estão certamente a vibrar com um novo Batman e com a possibilidade de conduzir o mítico Batmobile, outros como eu estão cépticos. Um Batman Arkham Knight é então uma boa ou uma má notícia? Só a Rocksteady o pode responder.