O jogo mais importante que eu queria não jogar

Na E3 2013 levava no meu caderno de notas os vários jogos que queria acompanhar e descobrir no expositor do Indiecade, a mostra dos jogos indie que se preparam para agitar águas no futuro. Entre eles estava That Dragon Cancer, o jogo que Amy e Ryan Green começaram a desenvolver para os ajudar a lidar com o processo do cancro do filho Joel. O menino de 4 anos, lutava contra um cancro terminal há já três anos.

Quando cheguei ao Indiecade percebi que era Ryan que estava a fazer as apresentações a cada jornalista, no seu portátil, conduzindo-o através do jogo em alpha. Não fui capaz de ir ver o jogo e falar com Ryan, numa estranha e inesperada cobardia de não conseguir lidar com a emoção de estar a falar com um pai que sabe que o filho vai morrer.

Infelizmente, mas inevitavelmente, Joel morreu hoje com apenas 5 anos. Na página de That Dragon Cancer, os pais e a equipa escreveram “Acorda, acorda meu Joel, e vê o lugar que Ele preparou para ti”.

O jogo tornou-se agora mais importante que nunca. É um jogo que lida com todo o processo de acompanhamento de uma doença temível, mas que quando invade o corpo de uma criança torna-se incompreensível de tão injusta que é. That Dragon Cancer não é apenas importante para Amy e Ryan no seu processo de dor e luto, é importante para todos os que vão lidar com a doença. Directa ou indirectamente, acabaremos por ser todos nós.

That Dragon Cancer é o jogo mais importante que está para ser lançado num futuro próximo, e aquele que eu não queria ter de jogar. Por medo de não suportar aquilo que vou sentir. Mas vou ter de jogar, é minha obrigação, e de levar a mensagem ao máximo de gente de um jogo que não tem um final feliz, mas que serve para levar alguma felicidade a quem lida com o medo.

O Rubber Chicken envia as condolências a Amy e Ryan, para a equipa de That Dragon Cancer e para todos os que eram próximos de Joel, desejando-lhes muita força neste momento.