A batedeira no baú

Apenas 5 meses após o lançamento de NES Remix, a Nintendo anunciou, e lançou a sua sequela no nosso Dia da Liberdade. Este quase imediatismo na sucessão de jogos demonstra-nos que muito possivelmente a companhia nipónica encarou o jogo original como um aperitivo à sua sequela. E utilizo o termo “jogo original” sem qualquer tipo de ironia: apesar de NES Remix não ser mais do que uma revisita (alterada em alguns casos) de alguns jogos clássicos da NES, não deixa de ter algumas abordagens perfeitamente inovadoras de alguns ambientes já bem conhecidos.

Logo o primeiro ponto que notamos de diferença entre ambos os NES Remix é que apesar da excelente qualidade de muitos dos jogos que o primeiro jogo apresentou (contando com muitos dos primeiros jogos que joguei em consola com 6-7 anos de idade, e que ainda hoje acho estarem tão frescos que são perfeitamente jogáveis) a relevância do pacote em geral era ligeiramente inferior a esta sequela. Até neste ponto se sente a noção de “aperitivo” do primeiro jogo: chamou-nos à atenção com jogos desconhecidos para muitos (em especial as novas gerações) como Excitebike, BallonFight, Ice Climber e WreckingCrew, e abriu as portas que a selecção de NES Remix 2 nos trouxe: encimado, como é óbvio, pelo magnífico SuperMarioBros 3.

 

NES remix 03

Interpretada por Tom Hanks na adaptação cinematográfica.

 

Desde o primeiro lançamento aquilo que sentimos é que esta compilação parece mais indicada às novas gerações, com uma postura didáctico- pedagógica. Não só trouxe num pacote só uma série de jogos que fizeram parte do crescimento de muitos de nós, como foram responsáveis por progressivos avanços na indústria dos videojogos. O que acaba por apresentar a novos jogadores (ou a alguns cujas consolas da Nintendo pouco lhes disseram na infância /adolescência) muitos dos jogos que os mais acérrimos seguidores da companhia e das suas produções indicam como sendo obrigatórios, mas que sofrem o risco de cair no esquecimento para o público geral.

Este NES Remix 2, a par do seu antecessor, trazem-nos esses mesmos jogos subdivididos em desafios que temos de bater no menor tempo possível: desde apanhar x cogumelos em Super Mario Bros 3, até ao cruzamento de franquias, tais como apanhar y moedas num nível subterrâneo de Super Mario Bros com o Kirby. Para quem, assim como eu, jogou (e joga) até à exaustão estes os jogos clássicos, são estes pequenos twists que trazem uma diversidade e alguma curiosidade ao jogo. Desde a utilização de fundos ou elementos de jogos que nada tem a ver com o desafio actual em que estamos, a jogos de mecânicas que consistem em exibir movimentos clássicos mascarados por desafios cronometrados, há uma certa roupagem de frescura que existe mas que pode não ser suficiente para quem já dedicou muitas centenas de horas a muitos destes jogos.

NES remix 02

Luigi vira à esquerda. Deve ser homenagem ao 25 de Abril.

 

Visto que quase todo o jogo se desenrola num espírito de competição, cada nível é demarcado com um cronómetro para que tentemos não só obter o recorde de tempo (e podermos assistir a uma repetição do nosso maravilhoso desempenho) mas também obter 3 estrelas em cada um dos desafios, o que vai progressivamente desbloqueando novos níveis.

Para além do modo NES Remix, esta sequela conta também com um ligeiro twist a um jogo clássico que dá pelo nome de Super Luigi Bros. A única (e enorme!) diferença entre este modo apresentado e Super Mario Bros é que o jogo está todo espelhado, ou seja, caminhamos desde o início da direita para esquerda. Se à primeira vista todos nós que sabemos quase par coeur cada plataforma e cada inimigo, é esta ligeira alteração do jogo estar horizontalmente invertido que mexe por completo com a percepção de um jogo que conhecemos como as palmas das nossas mãos.

Uma última prenda que a Nintendo tem para nós com este NES Remix 2 é que se adquirirmos ambos os jogos desbloqueamos um modo que homenageia o mítico Nintendo World Championship e que nos coloca um desafio contínuo de resolver 3 jogos em sequência no menor tempo possível. A melhor forma de brindar esta criação que vem directamente da Estrada da Memória.

NES remix 01

Saveception!

 

O melhor: a selecção apresentada; os twists feitos nesses mesmos jogos e em Super Luigi Bros; o modo “Championship”.

O pior: poderá não ser minimamente apelativo para quem jogou os jogos que o compõe até à exaustão.

NES Remix 2 traz-nos uma pequena amostra de grandes tesouros da consola de 8 bits da Nintendo que tanto fará as delícias de quem já há muitos anos não os joga, como será uma agradável surpresa para quem os vai jogar pela primeira vez. Muito especialmente SuperMarioBros 3 que serve de cicerone ao jogo, que não só é um dos meus jogos favoritos de sempre (e um dos que mais horas dediquei desde pequeno) e que mesmo passados todos estes anos continua inovador e divertido. A Nintendo reservou algumas das suas magnumopuspara esta segunda edição e percebe-se que o agrado será transversal a todo o tipo de jogadores. NES Remix 2, mais do que o seu antecessor, é a aplicação obrigatória para qualquer detentor de uma Wii U. E contém alguns twists interessantes com SuperMarioBros 3, e isso é argumento que chegue ou não é?

 NES Remix 2 é um exclusivo Wii U.