Ou não?

Não há ninguém neste planeta que ao ter jogado um jogo online não se tenha confrontado com a palavra “Lag”. Desde as ligações de 56k cujos sons de conecção eram melodias próximas de um filme de ficção-científica dos anos 70, até aos primeiros serviços de DSL em Portugal que trouxeram velocidades de navegação “estonteantes” a rondar os 512k, e que foram permitindo uma maior difusão dos videojogos online no nosso território, o lag tornou-se um amigo quase-sempre presente nas nossas vidas.

Para os que nem imaginam o que “Lag” significa (não acreditamos que seja possível, mas não conseguimos evitar uma postura didáctica), este não é mais do que um atraso, pequeno ou não, entre a nossa acção e a correspondente reacção dentro do videojogo, e pode diferenciar-se entre diversas causas, desde a latência entre o nosso computador/consola e o servidor do jogo, até lag gráfico que é causado (regra geral) pelo nosso hardware.

Mas historicamente, para quem tem hábito de jogar jogos online, o lag é uma espécie de “Pedro e o Lobo” dos videojogos. Adiantaria até que se Profofiev fosse vivo nos dias de hoje e fosse um ávido gamer, a sua composição mais famosa chamar-se-ia “O Lag e o Noob”, ao invés do nome que o popularizou. Este fenómeno deve-se ao facto de que a nossa mais primordial humanidade nos impede de reconhecer a superioridade do nosso adversário: se morremos com um tiro certeiro na testa a causa é o lag, e não, a qualidade superior do nosso oponente. É mais fácil mentirmos sobre esse grande fantasma que assola os jogos online do que admitirmos a nossa inferioridade. A única situação em que isto não se verifica é se estiverem a jogar League of Legends no servidor European West, que abrange o território nacional. Aí, o lag não só é real como é uma espécie de sorteio de Roleta Russa: nunca sabemos se seremos nós com problemas de latência ou o nosso adversário, e essa incógnita torna o jogo ainda mais fascinante. Especialmente se pensarmos no grande avanço tecnológico que é o servidor comprado pela Riot Games para albergar o jogo nesta metade da Europa: uma simples batata.

Mas e se o lag fosse visível na vida real? E se as nossas acções tivessem um atraso em relação à resposta que o mundo que nos circunda, os nossos membros e as pessoas com quem interagimos fosse grande? Conseguiríamos executar as tarefas mais simples? A pensar nisto foi apresentado um pequeno vídeo que faz a experiência de introduzir o lag no nosso quotidiano, através do uso de uma câmara e do Oculus Rift. O resultado não só é hilariante como nos dá que pensar.

E o melhor de tudo deste divertido vídeo é percebermos que se trata de um anúncio a um ISP, que percebeu, e com toda a legitimidade, que os jogadores são elementos decisores aquando da contratualização de um serviço doméstico de internet. Haja visão! Sem lag preferencialmente.