Amazing, mas pouco.

Com os seus incontáveis arranha-céus, Manhattan foi o espaço escolhido para o Homem-Aranha deambular com uma grande sensação de liberdade. O lançamento de teias permitem a este super-herói uma navegação única que o distinguem de outros jogos, mas o core assemelha-se bastante a outros do mesmo género. InFamous, Prototype ou a série Arkham são bons exemplos para entender qual a base utilizada neste mundo aberto, repleto de pontos referenciais, missões secundárias e coleccionáveis. The Amazing Spider-Man 2 deixa influenciar-se pelas origens de há uma década que moldaram os melhores jogos de super-heróis, mas não se demonstra tecnicamente à altura de um Arkham que elevou o patamar do género. Nem à altura de outro qualquer. Contudo, o método de navegação entra em grande estilo nos momentos que se roça o tráfego pelas estradas, como um baloiço preso por teias e pela agilidade de um acrobata. Ao contrário de títulos anteriores, desta vez a teia terá de colar num edifício para balançar, mesmo que às vezes pareça colar no ar, principalmente ao atravessar Central Park. O único sítio com árvores e um lago onde se pode confirmar que o Homem-Aranha é uma das espécies de aranha que não sabe nadar.

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Arggg, The Claw! Arggg.

 

Também implementa do primeiro Amazing Spider-Man um complemento de navegação, numa tentativa de melhorar a agilidade do Homem-Aranha, que é o “Web Rush”. Este sistema permite a Spidey encontrar rapidamente o ponto onde quer ir parar, com highlight, e evita estar a falhar o seu ponto de referência com incertos lançamentos de teia que podem, por vezes, descambar. Além deste facto, melhora a exploração em interiores adicionando uma componente stealth, requerida em determinadas missões, e que proporciona uma interessante mistura na jogabilidade.

Em relação ao combate, este é menos aplaudido se o quisermos comparar com a série Arkham, embora se baseie no mesmo sistema de reflexos e contra-ataque. E porque parece que a Beenox, a produtora do jogo, quis copiar tudo dos jogos de Batman: Arkham mas esqueceu-se da importância do peso dos golpes para que pareçam reais. Utilizando apenas dois botões, um de ataque e outro de escape, as acções são automaticamente randomizadas. Não há escolha entre pontapé ou uns bons sopapos de mão aberta, não há controlo de knockout, não há uma mera escolha de golpes. O Homem-Aranha vem pré-ensinado como um grande malabarista e pseudo-comediante durante o combate e não há uma opção para utilizar as teias e com isso tapar-lhe a boca. As teias são apenas utilizadas ocasionalmente para desarmar os vilões e prendê-los no chão ou no tecto. O combate pode ser bem implementado de acordo com o estilo e dá uma sensação de leveza (demasiada leveza), mas seria mais credível ao termos mais controlo dos golpes e havendo mais movimentos especiais e combos.

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Porra, cheiras mal dos pés.

 

Outra característica do nosso herói de licra vermelha é de ser um salvador das pessoas. Estas aplaudem-no quando anda pelas ruas, ficam stressados quando fica parado frente aos carros num semáforo verde, assustam-se quando no noticiário passa uma má imagem dos seus actos. O Homem-Aranha obtém actos heróicos ao travar o vandalismo e outras malfeitorias, ganha uma boa imagem quando salva a senhora de um rapto ou desactiva uma bomba de uma zona habitável. Mas os actos de heroísmo não são estáticos, isto é, há uma tendência em ganhar “Menace” que significa a má imagem deste herói. Não que o Homem-Aranha ganhe mau karma por más acções, porque tem uma tendência em ser sempre moralmente correcto. Muito menos mataria alguém por maior vilão que fosse. Esta “Menace” acresce consoante a falta de acção de Spidey ao deixar que o crime se propague ou porque este é visto como uma ameaça aos olhos do corpo de intervenção especial da OsCorp, financiada por Kingpin.

Além de Kingpin, um dos vilões para Spider-Man defrontar, juntam-se outros que aparecem não só no filme: Electro; Kraven the Hunter; Black Cat; Green Goblin, Carnage, entre vários outros. O aparecimento destas personagens vão buscar uma percentagem da estória do filme, mas baseiam-se apenas em pequenos detalhes. Quanto à estória do jogo, é confusa, de uma sequência incompreensível, numa tentativa de colocar a maior panóplia de vilões relatados com Spider-Man que apareceram ao longo da série. Como o filme é criticado pelo excesso de vilões, podemos criticar ainda mais o videojogo pelo mesmo sucedido, além de serem personagens com pouco carisma, maçudos, e a performance dos actores não ir para lá do redundante. A pior parte é quando se defrontam, porque não apresentam grande rivalidade, e é facilmente encontrado um ponto fraco devido a terem um comportamento extremamente previsível e pouco variável. Isto também aplica-se a outros NPC que não exibem uma inteligência artificial benéfica.

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Isto chama-se dançar o Vira Minhoto.

 

Por outro lado temos uma cidade onde nada acontece sem ser numa loja de comics (e as missões). Nesta loja podemos encontrar uma arcada e treinar o combate com vários objectivos e ondas de inimigos. Entretanto, a cidade parece vazia, com transeuntes que não falam sem ser para aclamar o herói do momento, e um tráfego pouco dinâmico onde nem sequer se preocuparam em implementar automóveis diversos.

The Amazing Spider-Man 2 também peca pelo visual. As texturas nas consolas de nova geração não estão ao nível de muitos outros que já foram lançados, mesmo tratando-se de um jogo cross-gen. A parcela da cidade de Nova Iorque parece pouco inspiradora e não é demonstrada a profundidade merecida, como os NPC e o próprio Homem-Aranha não estão à altura do que a nova geração pode e deve apresentar, sobretudo quando se trata de um AAA e quando este se relaciona com um filme que tem efeitos especiais de topo.

O melhor: Os fatos alternativos; O swing com teias.

O pior: Missões repetitivas; história banal e com pouco sentido; combate medíocre.

The Amazing Spider-Man 2 tem como trunfo a mecânica “Web-swinging”, melhorada dos seus antecessores. Mas parece que sofreu com a pressão em aproveitar o Hype do filme e não tiveram mais tempo para melhorar outros importantes detalhes. O sistema de combate é medíocre e sem percepção de peso, os vilões são altamente previsíveis e não apresentam grande desafio, além de outros NPC que carecem de um inteligência artificial soberba. Os actores não são inspiracionais e a história é banalizada com uma sequência de acções sem sentido, forçando a aparição de personagens que aparecem e desaparecem só porque sim. No entanto, somos atraídos pela liberdade ao percorrer Manhattan através de grandes acrobacias, a roçar a perfeição, mas esta parcela da cidade de Nova Iorque tem em falta momentos marcantes, variação e profundidade.

Versão analisada: PlayStation 4. Também disponível para Xbox 360, PS3, Wii U, Xbox One e 3DS