O que resta depois da banca-rota?
Um utilizador do Reddit cuja empresa se mudou para o edifício que outrora albergou os escritórios da defunta THQ, postou algumas fotos na internet da pequena tour que fez pela sua sede. Há uma certa estranheza em vermos um escritório abandonado desta forma, como se os seus ocupantes tivessem saído à pressa. As fotos demonstram uma estática existencial, como se tudo tivesse parado no tempo: um escritório-fantasma de onde as almas que lá conviveram aparentam ter-se desvanecido no ar sem deixar rasto, deixando muita coisa intacta.
Desde prémios ainda expostos nas prateleiras, que devem ter servido do possível alento a grande parte dos funcionários nos últimos tempos da companhia, passando por kits de desenvolvimento e por muitos jogos do portfolio da THQ que ainda estão em demonstração em vitrinas, o ambiente alarmista e assustador de vermos o escritório quase intocado e coberto de pó faz-nos pensar em muitas outras situações. Aquelas que nos vão chegando, igualmente trágicas, de todas as famílias que foram despejadas por não conseguirem pagar as suas rendas e que vão deixando alguns dos seus pertences para trás. Ou pior, uma saída de emergência perante um desastre ou um acidente iminente que obrigou homens e mulheres a debandarem do edifício pela preservação das suas vidas.
Mas não foi nada disso que aconteceu à THQ, mas antes o pesado e irreparável martelo da banca-rota. Ao longo de meses vários funcionários foram despedidos até culminar em Dezembro de 2012 com a declaração de falência da companhia e a eventual venda de muitos dos seus projectos e IPs a outras empresas. Para trás ficaram as memórias de uma empresa que criou jogos que ficarão para sempre na memória colectiva da nossa sociedade, e que deixou para trás o seu escritório como uma relíquia de uma civilização antiga, à espera de ser encontrada. E deixam-nos a todos um arrepio na espinha, ao vermos os passos pesados da crise económica tão instalado. Uma sombra tão negra que parece cristalizar o tempo.
Todas as fotos são da autoria de Soulessgingr.